Aqui estão os dados essenciais relativos a Eusébia, que podem ser obtidos nestas fontes: Sabe-se essencialmente da Vita Rictrudis, sua mãe, que Ubaldo, monge de Santo Amando, escreveu em 907. A partir dela o autor da Vita Eusebiae tentou desenvolver os detalhes próprios de sua biografada. Há também uma métrica Vita Eusebiae do século X ou XI. De acordo com L. Van der Essen, as duas obras construídas em um plano aproximadamente semelhante devem-se a João de Santo Amando, que viveu por volta do ano 1000. No século XII, foram escritos os Miracula sanctae Eusebiae.
Rictrude e Adalberto tiveram quatro filhos, incluindo Eusébia, que teve como madrinha a rainha Nantilde, que lhe deu as terras de Verny, perto de Soissons, na França. Com a morte de seu marido, Rictrude retirou-se com suas filhas para o mosteiro de Marchiennes-sur-la-Shoes. Eusébia tinha oito anos quando acompanhou a mãe para a sua fundação de Marchiennes.
Gertrudes, sua avó, que governava a Abadia de Hamage, quis ter Eusébia junto de si. Santa Rictrudes, soube que Eusébia seria a abadessa após a morte de sua avó, então fez de tudo para ela ser bem formada antes, pois tinha apenas 12 anos. Ela foi chamada a voltar para junto de sua mãe, que fora elevada à Abadessa de Marchiennes.
Mas como Eusébia não queria deixar a Abadia de Hamage, foi preciso uma ordem régia do soberano Clóvis II para obrigá-la a ir. Foi realmente para Marchiennes, mas com toda a sua comunidade; para lá levou até mesmo o corpo de Santa Gertrudes e as outras relíquias da sua igreja.
Apesar de tudo, Eusébia conservava grande atrativo pela sua Abadia de Hamage: ia lá às escondidas durante a noite e lá rezava o Ofício Divino com a sua assistente. Mas Rictrude deu conta e dirigiu repreensões severas à filha. Rictrude, depois de ouvir os pareceres de bispos e de abades, permitiu à Eusébia regressar a Hamage com sua comunidade.
A jovem abadessa, depois de receber a bênção da mãe, voltou de fato para a sua antiga residência, restabeleceu nela a ordem e a observância religiosa, como se praticavam quando a sua avó governava. Conquistou o afeto e o respeito das companheiras pela doçura do governo, a afabilidade das maneiras e a regularidade perfeita de seu comportamento; viam-na reservar para si os ofícios mais humildes e mais custosos: tais exemplos incutiram coragem nas mais tíbias.
Embora jovem, teve o pressentimento do seu fim próximo. Avisou as irmãs e estas sentiram profundo desgosto, mas ela própria, inteiramente submetida à vontade de Deus, esperou cheia de calma e confiança pela hora última; dirigiu piedosas recomendações às suas religiosas e morreu no dia 16 de março de 680. Segundo a tradição, teria 23 anos à sua morte e fora a mais jovem abadessa de seu tempo.
Muitos milagres ocorreram em seu túmulo. A abadessa Gertrudes, que a sucedeu, mandou construir uma nova igreja, maior e mais adequada para acolher os numerosos peregrinos; São Vindiciano, bispo de Arras e Cambrai, teria feito a dedicação e os restos mortais de Eusébia teriam sido transferidos para lá em 18 de novembro, por volta de 690.
Mais tarde, esses restos foram transportados para Marchiennes, cujo abade, Tiago Doene, em 20 de setembro de 1537, reconheceu que possuía relíquias de Rictrude e Eusébia, em particular uma costela desta última. Para oferecê-las à veneração dos peregrinos, elas foram colocadas e seladas em um novo relicário. Conservadas até 1793, essas relíquias foram transferidas para o arcebispado de Paris, onde desapareceram no saque de 1830.
Eusébia figura nos martirológios da França e da Holanda, e nos da Ordem Beneditina. Sua festa, em 16 de março, é registrada na diocese de Cambrai. As principais virtudes reconhecidas em Eusébia são a prudência nas ações, a justiça e a moderação nas decisões e a força de espírito e caráter.
Etimologia: Eusébia, do grego eusebés: “piedosa”.
Fonte: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. 3ª. Edição
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