domingo, 19 de março de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Permanecei em meu amor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Instrumento de união
 
Refletimos no domingo passado sobre a videira e os ramos. É uma comparação que Jesus usa para explicar o modo de união de vida com Ele e também o modo de perder esta Vida. Para ter a vida é preciso estar unido a Ele. “Deus enviou seu Filho único ao mundo, para que tenhamos Vida por meio dele” (1Jo 4,9). A união se faz pelo dom da fé, que é crer em Jesus, e pela obediência aos mandamentos (que não são pesados). O mandamento fundamental é o amor. A vida divina que circula na Trindade Santa e, entre Jesus e os seus, é o amor. São João nos dá a maior definição de Deus: “Quem não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,8). A Vida de Deus é o Amor. Nós temos esse amor pelo Espírito que nos foi dado. Tudo que se refere a Deus em nós, Jesus o faz pelo seu Espírito. O amor não isola, pois, é próprio do amor difundir-se. Amar não é só um esforço pessoal, mas acolhimento de um dinamismo. É um dinamismo de alegria: “Disse-vos isso, para que minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,11). Em Deus, a Alegria é o Espírito, presença de Deus que é Vida. 
Amor abertura 
Amor oblativo que dá a vida em favor dos amigos, aqueles que se amam só para seu bem. O Amor de Deus não é uma conquista, mas um dom, como lemos na primeira carta de S.João: “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. Nisto consiste o amor: Não fomos nós que amamos a Deus , mas foi Ele que nos amou e enviou seu Filho...” (1Jo 4,9-10). O amor de abertura do Espírito se dá na casa de Cornélio que, pagão, recebe o mesmo Espírito que recebem os apóstolos, com as mesmas manifestações. Pedro afirma: “Deus não faz distinção de pessoas, pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, de qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,35-35). O amor de Deus é aberto a toda a humanidade e a todo Universo. Quando não amamos, pecamos, isto é, cortamos a seiva desde amor, pois isso morremos. Percebemos a importância de viver na “graça de Deus”, isto é, no amor. Muda-se o relacionamento com Deus: antes de fazermos coisas boas para adquirir méritos (isso é comércio), devemos acolher a seiva do Amor e fazê-la crescer no mundo. Quem assim não faz, arrisca-se de ter entendido nada de Deus. 
O conhecimento pelo amor 
“Não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). “Os amigos são introduzidos no conhecimento misterioso, divino, de tudo o que Jesus escutou do Pai no colóquio eterno, vivido fielmente, porque o Desígnio vem até nós através do Filho” (T.Frederici). Mais que escravos, somos filhos. Entramos em num ensinamento magnífico da Igreja. Temos dois modos de conhecer a Deus: Pela inteligência estudando e aprendendo a doutrina e as verdades sobre Deus e, pelo Amor, no qual Deus nos instrui pelo amor para com Ele que é a Verdade. Temos o exemplo de tantos santos, como S. Catarina de Sena, analfabeta e explicava ao Papa a verdade, e como S. Geraldo que explicava teologia aos professores. Este é o conhecimento que tem o povo de Deus que não estudou.
Leituras: Atos 10,25-26.34-35.44-48;
 Salmo 97; 1 João 4,7-10; João 15,9-17. 
1. No domingo passado refletimos sobre a união com Cristo. A união se faz pelo dom da fé e pela obediência a seus mandamentos. O mandamento é o amor que nos dá a Vida divina que circula entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, pois Deus é amor. Pelo Espírito, o Pai nos dá o Amor. Este deve difundir-se. 
2. Assim como Deus se abriu e se manifestou e doou a vida, pois Ele nos deu seu Filhos, antes de a gente merecer. Pedro abre o evangelho aos pagãos, que antes do batismo, receberam o Espírito Santo. Quando não amamos, pecamos, i.é, cortamos o canal da seiva divina. Santidade é mais acolher do que fazer coisas. 
3. Jesus nos chama amigos, pois Se nos deu a conhecer. Entramos no conhecimento de Deus no qual nos instruir suavemente. Os amigos são introduzimos no conhecimento misterioso de Deus. Temos dois tipos de conhecimento: a inteligência da fé e o conhecimento pelo amor. Conhecemos muitos santos, que analfabetos ou quase, explicavam os mistérios de Deus (S. Catarina de Sena, S. Geraldo Majella). 
Amor não tem vergonha 
Somos chamados a permanecer no amor. Amor é doação, pois não há maior amor do que dar a vida. Dar a vida não é morrer, mas entregar-se todo dia pelos outros. O amor não é só doar, mas acolher o amor que Deus tem por nós. Sabemos que acolhemos Jesus quando fazemos o que Ele manda. Dar a vida a Deus é obedecer Jesus. Amar é acolher o diferente, como Pedro acolhe o pagão Cornélio. Nesse gesto, recebem o Espírito Santo. Deus não faz distinção de pessoas. Fomos escolhidos por Deus para dar frutos. Senão... Seremos cortados. Muitos conhecem a Deus pelo amor, sem nunca ter estudado. 
Homilia 6º Domingo da Páscoa (17.05.2009)

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