quarta-feira, 15 de março de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “O bom Pastor dá a vida”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Dou minha vida
 
No capítulo 10 do Evangelho de João lemos a maravilhosa expressão de Jesus sobre si mesmo: “Eu sou o bom pastor” (Jo. 10,11). No Antigo Testamento Deus é chamado de “Pastor de Israel” (Sl 80,1). Ele vai pastorear seu povo (Ez 34,1ss) Jesus, ao dizer Eu Sou o Bom Pastor, coloca-se em igualdade com Pai que dá vida e liberta. O povo conheceu o Deus que libertou o povo do Egito, conduziu pelo deserto e introduziu na terra prometida. É um Deus comprometido com o povo. Deus cuida de seu povo. Ser pastor é uma obra de amor, pois existe uma convivência permanente entre pastor e ovelhas. Se Jesus se põe como o Bom Pastor, é porque existem os maus pastores que exploram as ovelhas e as conduzem por maus caminhos. São mercenários que fogem no perigo. O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. Dar a vida é estar a serviço. O serviço de Jesus é dar a vida pelas ovelhas. A missão redentora de Jesus é dar a vida, protegê-la e curá-la e defendê-la dos maus pastores. As políticas sociais e religiosas, muitas vezes, são mercenárias e sacrificam as ovelhas em proveito próprio. Jesus tinha compaixão do povo, pois “eram como ovelhas perdidas sem pastor” (Mt 9,36). Envia seus discípulos “como ovelhas entre lobos” (Mt 10,16). Os mercenários são os lobos que as devoram. Jesus, o pastor ferido, é o modelo para quem serve o povo de Deus. O evangelho mostra a oposição entre Jesus, o Bom Pastor, e os mercenários que eram os pastores do povo. Tem a certeza que sua vida doada é garantia de poder retomá-la. Estes mercenários são os mesmos que, como lemos nos Atos dos Apóstolos (At 4,8-12), interrogam Pedro e João pelo bem que fizeram a um doente. 
Conheço minhas ovelhas 
Ao dizer “conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo. 10,14), Jesus usa um verbo significativo da Escritura que significa conhecimento a nível nupcial, isto é, de união profunda. É o mesmo verbo usado para conhecer a Deus. É este o conhecimento que tem com a comunidade: “A relação entre o Senhor e a comunidade é conhecimento nupcial, de total entrega. É o mesmo amor que existe entre o Pai e o Filho, no Espírito, fonte e causa do amor pelos homens”. Este conhecimento é de amor: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus” (1Jo 3,1). A filiação divina coloca-nos no mesmo relacionamento que Jesus tem com o Pai. Porque conhece, ama, e dá a vida pelas ovelhas. Por doar a vida, o Filho tem poder de retomá-la na Ressurreição. O amor vai além e busca as outras ovelhas que estão fora. Seu amor é universal e acolhe o amor de todos. 
Seremos semelhantes a Ele 
Pelo conhecimento somos divinizados pela transformação que o amor realiza em nós. Ele se faz semelhante a nós para nos fazer semelhantes a Ele. Semelhante não é só aparência. Esta é a meta do Pastor: Levar-nos a participar de sua vida. Seremos semelhantes a Ele (1Jo 3,2). Nós queremos ver a ação de Deus em nós de modo visível. Mas, só quando Ele se manifestar é que veremos. Nossa missão de evangelização é uma obra de amor, pois leva ao conhecimento do Pastor. Por ela vale a pena doar a vida. Participamos assim da missão do Pastor. Cada Eucaristia, pela convivência com o Pastor, recebemos a Palavra que nos converte e o Alimento que nos sustenta e transforma naquele que recebemos. 
Leituras: Atos 4,8-12;Salmo 117;
1João 3,1-2;João 10,11-18 
1. Pela expressão bom pastor, Jesus se coloca na igualdade com o Pai. O povo conheceu Deus como o libertador, comprometido com o povo. Ser pastor é uma obra de amor na convivência permanente com as ovelhas. Existem os maus pastores que exploram as ovelhas. O Bom Pastor dá a vida que é seu serviço. Dar a vida é protegê-la, curá-la, defendê-la. As políticas sociais e religiosas, muitas vezes são mercenárias e sacrificam as ovelhas. Jesus tem certeza que a vida doada é causa da Ressurreição. A primeira leitura mostra os maus pastores que interrogam Pedro e João pela cura de um doente. 
2. O verbo conhecer revela intimidade nupcial e é o mesmo verbo usado para conhecer Deus. É a mesma relação que há com a comunidade. É o mesmo amor existente entre Pai e Filho no Espírito. No amor Deus nos faz filhos. A filiação coloca-nos no mesmo relacionamento que Jesus tem com o Pai. Porque conhece, ama, e dá vida. Por doar a vida, tem poder de retomá-la. O amor busca também outras ovelhas. 
3. Pelo conhecimento somos divinizados pela transformação que o amor realiza em nós. Ele se faz semelhante a nós para nos fazer semelhantes a eles. Semelhante não é só aparência. Nós queremos ver de modo visível. Quando Ele se manifestar é que veremos. Nossa missão é uma obra de amor, pois leva ao conhecimento do Pastor. Em cada Eucaristia, recebemos a Palavra que converte e Alimento que nos sustenta e transforma naquele que recebemos. 
Registro de nascimento 
Naquele dia, o Pai do Céu estava mesmo com o coração mole. Imagina que deu um presentão a todos: adotou todo mundo como Filho. Essa adoção não depende do papel, pois, unidos a seu Filho, estamos em pé de igualdade. É um bom registro de nascimento. Jesus se chama de Pastor. Não sabemos bem o que seja um pastor de ovelhas, mas devia ser interessante. Nosso relacionamento com o pastor não é ser “carneiro”, mas ter uma relação íntima de conhecimento. Esse Pastor se doa e dá a vida por suas ovelhas. Doar a vida lhe dá condições de retomar esta vida, isto é, morte e ressurreição. Os pastores do povo de Deus, como Pedro e João têm um grande dom: estão unidos ao Pastor Jesus. agem em seu nome, isto é, unidos a Ele. Deus queira que demos nossa vida como o Bom Pastor. 
Homilia do 4º Domingo da Páscoa(03.05.2009)

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