Evangelho segundo São Marcos 8,1-10.
Naqueles dias, juntou-se novamente uma grande multidão e, como não tinham que comer, Jesus chamou os discípulos e disse-lhes:
«Tenho pena desta multidão; há já três dias que estão comigo e não têm que comer.
Se os despedir sem alimento para suas casas, desfalecerão no caminho, porque alguns vieram de longe».
Responderam-Lhe os discípulos: «Como se poderia saciá-los de pão, aqui num deserto?».
Mas Jesus perguntou: «Quantos pães tendes?». Eles responderam: «Temos sete».
Então, Jesus ordenou à multidão que se sentasse no chão. Depois, tomou os sete pães e, dando graças, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem, e eles distribuíram-nos à multidão.
Tinham também alguns pequenos peixes. Jesus pronunciou sobre eles a bênção e disse que os distribuíssem também.
Comeram e ficaram saciados. Dos bocados que sobraram, encheram sete cestos.
Eram cerca de quatro mil pessoas. Então Jesus despediu-os
e, subindo para o barco com os discípulos, dirigiu-se para a região de Dalmanutá.
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São Lucas,VI,73-88
«Se os despedir sem alimento para suas casas,
desfalecerão no caminho»
Senhor Jesus, sei bem que não queres deixar em jejum estas pessoas que estão aqui comigo, mas alimentá-las com o alimento que distribuis; deste modo, fortalecidas com o teu alimento, não recearão desfalecer de fome. Sei bem que também não nos queres mandar embora em jejum. Tu o disseste: não queres que eles desfaleçam no caminho, isto é, que desfaleçam no decurso desta vida antes de chegarem ao fim do percurso, antes de chegarem ao Pai e perceberem que Tu provéns do Pai.
O Senhor tem piedade, para que ninguém desfaleça no caminho. Assim como faz chover sobre os justos e os injustos (Mt 5,45), também alimenta os justos e os injustos. Não foi graças à força do alimento que o santo profeta Elias, quase a desfalecer, conseguiu caminhar durante quarenta dias (1Rs 19,8)? Foi um anjo que lhe deu esse alimento; a vós, é o próprio Cristo que vos alimenta. Se conservardes o alimento assim recebido, não caminhareis quarenta dias e quarenta noites, mas quarenta anos, desde a vossa saída dos confins do Egito até à vossa chegada à terra da abundância, à terra onde correm o leite e o mel (Ex 3,8).
Cristo partilha os víveres e quer dá-los a todos. Não os recusa a ninguém: oferece-os a todos. Mas se, quando Ele parte os pães e os dá aos discípulos, não estenderdes a mão para receber o vosso alimento, desfalecereis no caminho. Este pão que Jesus parte é o mistério da palavra de Deus: quando é distribuído, aumenta. Apenas com algumas palavras, Jesus forneceu a todos os povos um alimento superabundante. Ele deu-nos os seus discursos como pães e, quando os saboreamos, eles multiplicam-se na nossa boca. Quando as multidões os comem, os pedaços tornam a aumentar, multiplicando-se. Tanto assim é que, no final, os restos são ainda mais abundantes do que os pães que foram partilhados.
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