fundadora do convento de Montevergine.
Canonizada em 1988.
Eustáquia Calafato (nome religioso de Esmeralda Calafato) nasceu em Messina no dia 25 de março de 1434, sendo a sexta dos seis filhos de Bernardo Calafato e de Mascalda Romano, nobres e abastados. O pai tinha uma embarcação com a qual exercia o comércio.
A pequena Esmeralda passou os primeiros anos de sua infância sem sobressaltos nem acontecimentos notáveis em sua casa paterna, confiada aos cuidados da mãe, fervorosa católica.
O principal animador e expoente do movimento de reforma da Ordem Franciscana na Itália foi São Bernardino de Siena (1444), junto ao qual, e seguindo seu exemplo, floresceu todo um conjunto de espíritos seletos, insignes por sua santidade, doutrina e atividade social.
Na Sicília o movimento observante pode datar-se a partir de 1425, quando o Beato Mateus de Agrigento, que foi seu eficaz organizador, obteve do papa Martinho V a faculdade de fundar três novos conventos para os frades que desejavam viver segundo o espírito da nova reforma. O primeiro destes conventos foi aberto em Messina, onde o Beato Mateus, pregador afamado e admirado, havia suscitado entre o povo, com sua palavra ardente, um grande entusiasmo e uma viva participação na reforma espiritual que ele propugnava.
Mascalda assistiu aos sermões daquele fervoroso franciscano, então jovem esposa de dezoito anos, e, conquistada pelas palavras do pregador, se inscreveu nas fileiras da Ordem Terceira Franciscana, consagrando-se a uma vida de oração intensa e de ásperas penitências, e dedicando parte de seu tempo e de seus bens ao próximo necessitado. Ela infundiu seus sentimentos e aspirações à pequena Esmeralda, iniciando-a desde pequenina na piedade e no exercício das virtudes cristãs, obtendo frutos que superaram as mais nobres expectativas da virtuosa mãe.
Em dezembro de 1444, quanto Esmeralda tinha onze anos, seu pai, sem consultá-la, segundo o costume daquele tempo, prometeu-a em casamento a um viúvo da mesma condição social e econômica. A morte repentina do prometido esposo em julho de 1446 desfez o possível casamento. A morte de seu prometido impulsionou suave e fortemente Esmeralda a considerar à luz do sobrenatural a vaidade das coisas terrenas e dos prazeres mundanos. E as reiteradas pressões dos familiares para que considerasse novas propostas de casamento foram firmemente recusadas, pois se decidira a consagrar-se a Deus na vida religiosa, decisão amadurecida por volta dos 14 anos.
Quando o pai faleceu de repente numa viagem comercial, em meados de 1448, os obstáculos pareciam ter se dissipado. Mas somente em finais de 1449 Esmeralda pode ingressar no mosteiro das Clarissas de Santa Maria de Basicó, em Messina, onde foi-lhe imposto o nome de Irmã Eustáquia.
A jovem noviça se distinguiu por sua piedade e virtudes. Era incrível o empenho, ímpeto e entusiasmo com que Irmã Eustáquia vivia sua vocação, dedicando-se à oração, à meditação assídua da Paixão de Cristo, à mortificação, ao serviço das doentes. Seus progressos foram tão evidentes, que atraíram a admiração, a estima e a veneração das Irmãs.
Além do aperfeiçoamento pessoal, Irmã Eustáquia desejava ardentemente que todo o mosteiro resplandecesse pela observância da Regra. Infelizmente a abadessa, Irmã Flos Milloso, havia tirado a direção espiritual do mosteiro dos franciscanos observantes e não seguia uma estrita observância.
As Irmãs mais sensíveis e fervorosas, entre as quais se destacava Irmã Eustáquia, procuraram em outro lugar o que faltava em Basicó e se propuseram a fundar um novo mosteiro segundo o genuíno espírito da pobreza franciscana e sob a direção espiritual dos Irmãos Menores da Observância.
Obtida a necessária autorização pontifícia, com os meios que lhe foram proporcionados por sua mãe e sua irmã, e a colaboração da nobre Bartolomea Ansalone, apoiada moralmente por uma monja do mosteiro de Basicó, Irmã Jacoba Pollicino, superando imensos obstáculos, suportando violentas adversidades e contradições internas e externas, em 1460, Irmã Eustáquia se transladou para um velho hospital adaptada para mosteiro. Sua irmã Mita (Margarida) e uma jovem sobrinha a seguiram.
Logo outras mulheres se juntaram ao pequeno grupo. As dificuldades materiais e morais se foram acumulando, o que fez com que as monjas tivessem que deixar o velho hospital e encontraram hospitalidade na casa de uma congregação da Ordem Terceira Franciscana, localizada no bairro Montevergine de Messina, para onde se mudaram no começo de 1464.
Com a ajuda de benfeitores, a nova residência pode ser ampliada e adaptada para mosteiro. E assim teve origem o Mosteiro de Montevergine, no qual logo inúmeras almas nobres e generosas, entre elas a mãe de Esmeralda, solicitaram o ingresso para viver uma vida pobre e evangélica.
Esmeralda tornou-se a mãe espiritual daquelas mulheres: as instruiu, educou e formou na vida franciscana, estimulando-as à meditação da Paixão de Cristo, comunicando-lhes os frutos de sua experiência ascética, infundindo em seus corações o amor às virtudes, que ela mesma praticava com admirável constância e heroísmo.
Irmã Eustáquia morreu no Mosteiro de Montevergine em 20 de janeiro de 1485, deixando uma comunidade religiosa fervorosa de cerca de 50 monjas, o perfume de suas virtudes e a fama de sua santidade.
Dias após seu sepultamento, fenômenos extraordinários se manifestaram em seu túmulo e em seu corpo, que deram origem a uma grande devoção popular por ela. Seu corpo incorrupto pode ser venerado ainda hoje.
Atendendo pedidos de personalidades eclesiásticas e civis, as monjas de Montevergine escreveram uma biografia de sua venerada mãe e fundadora, enquanto a fiel companheira de Eustáquia, Irmã Jacoba Pollicino, em duas cartas dirigidas à Irmã Cecília Coppoli, abadessa do Mosteiro de Santa Lucia de Foligno, descrevia traços comovedores e admiráveis da Santa, e confirmava ou completava quanto de mais interessante e virtuoso havia notado nela.
O povo de Deus, por outro lado, experimentava de diversos modos e em várias circunstâncias que Irmã Eustáquia tinha uma eficaz intercessão diante do Altíssimo.
Em 1782, Pio VI aprovou o culto imemorial que se tributava a ela. Em 11 de junho de 1988, João Paulo II a canonizou em Messina.
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