supliquei e veio a mim o espírito da sabedoria” (Sb 7, 7).
Estas palavras bem se aplicam à vicissitude terrena duma outra nova Beata, Maria Teresa Fasce, que viveu na constante contemplação do mistério de Cristo. A Igreja indica-a hoje como fúlgido exemplo de síntese viva entre vida contemplativa e humilde testemunho de solidariedade para com os homens, especialmente os mais pobres, humildes, abandonados e sofredores.
A Família agostiniana vive hoje uma jornada extraordinária, porque vê unidos na glória dos altares os representantes dos dois ramos da Ordem, o apostólico, com o Beato Elias do Socorro Nieves, e o contemplativo, com a Beata Maria Teresa Fasce. O exemplo deles constitui para os religiosos e as religiosas agostinianos motivo de alegria e de legítima satisfação. Possa este dia ser também ocasião providencial para um renovado empenho, na total e fiel consagração a Deus e no generoso serviço aos irmãos.
Papa João Paulo II – Homilia de beatificação – 12 de outubro de 1997
Maria Teresa Fasce nasceu em Torriglia, próximo de Gênova, na Itália, no dia 27 de dezembro de 1881. Educada na fé cristã numa família religiosíssima e rica, deixou-se bem depressa conquistar por uma perspectiva evangélica da perfeição cristã.
Ficou bastante impressionada pelo extraordinário testemunho de santidade de Santa Rita de Cássia quando se celebrava, em Gênova, na paróquia frequentada pela família Fasce, a Canonização desta grande Santa.
De caráter forte e voluntarioso, amante do recolhimento e da oração, era também dinâmica e vivaz, compreensiva e disposta a ajudar em qualquer momento que se apresentasse a oportunidade de fazer o bem.
O ideal monástico lhe chegou cedo ao coração, porém teve que rezar muito, teve de esperar e sofrer antes de poder obter o consentimento para entrar no oásis a que Deus a chamava.
O mosteiro de Santa Rita, em Cássia, recebeu-a como postulante aos vinte e cinco anos de idade, em 1906. Na noite de Natal ofereceu ao Senhor sua juventude vestindo o hábito agostiniano e, no ano seguinte, na mesma solenidade, selou sua imolação com os votos religiosos simples. Os votos solenes emitiu-os no dia 28 de maio de 1912.
A partir de 1914 as jovens noviças tiveram-na como mestra de exemplo e de palavra. De 1917 a 1920 Deus a chamou a ocupar a responsabilidade de vigária. De 1920 até a sua morte, com votação unânime, de triênio em triênio, as irmãs elegeram-na abadessa.
Testemunhos claros, vivos e esplêndidos de sua atividade como superiora foram e continuam sendo as obras que ela idealizou e soube levar a cabo, superando não poucas dificuldades, com ânimo indomável e serena sabedoria, destacando entre todas o templo de Santa Rita e a divulgação de seu culto pelo mundo inteiro.
A pequena capela que guardava o corpo da santa advogada das causas impossíveis quando ela chegou ao mosteiro era quase desconhecida. Hoje a basílica é destino de milhares de peregrinos que seguem sua vida por meio do boletim "Dalle api alle rose" (das abelhas e das rosas), que a própria madre Maria Teresa havia idealizado no distante 1923 e que por meio de Santa Rita se aproximam de Deus.
Este era precisamente o sonho da madre Teresa que, em uma carta de 1943, prenunciando o final do conflito bélico (Segunda Guerra Mundial), pressagiava:
"Esperemos que logo o Senhor nos conceda a graça de um final pacífico, e então, Cássia verá um número infinito de pessoas devedoras de favores recebidos".
Para o amparo material e espiritual foram acolhidas por seu grande coração as pequenas órfãs que, agora, em grande número, vivem na moderna "colmeia Santa Rita".
Fundado pela beata Maria Teresa Fasce em 1938, o orfanato Santa Rita acolhe meninas e moças entre 6 e 18 anos, sem pais ou em situação familiar difícil, que passam a ser chamadas carinhosamente de abelhinhas de Santa Rita.
Ao redor do mosteiro, reflexo de sua vida, surgem outras obras importantes, como o seminário agostiniano, o Hospital Santa Rita e a casa de exercícios espirituais. O amor e os sofrimentos de madre Teresa foram e são sua seiva vital.
A fragilidade de seu corpo foi para Teresa um lento, duro e longo calvário. O espírito a susteve até o último dia. Ela escreveu:
"Vou-me deste mundo com fé, esperança e amor. Espero logo vê-las lá em cima, lá onde Deus reina e onde viveremos para sempre bendizendo as provas sustentadas no desterro".
Voltou ao Pai no dia 18 de janeiro de 1947. Seus restos descansam na cripta, junto à Santa que tão intensamente amou e espera em paz a hora da glória.
Foi solenemente beatificada pelo papa João Paulo II no dia 12 de outubro de 1997.
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