domingo, 4 de dezembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Revelastes vosso mistério”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Deus se revela
 
Celebramos a festa da Santíssima Trindade. É o mistério mais profundo de nossa fé. Impossível de compreender? Não! Nem impossível de compreender, muito menos de viver. Todo mistério revelado é para nossa vida que foi manifestado. Não vamos compreender tudo, pois nossa compreensão é finita e a Trindade é infinita. Contudo, nossa compreensão não tem limites. Estaremos sempre compreendendo melhor. Saber, na linguagem bíblica não é só um discurso racional, mas uma experiência na qual o Deus se revela e nos faz conhecer quem é e o que nos oferece. E nós o acolhemos. Todo mistério cristão se funde nessa realidade: Deus quis se comunicar conosco e o fez através de seu Filho Jesus que nos deu o Espírito Santo para participarmos da vida de Deus. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). O Filho revela o Pai e nos mostra seu desejo: “Que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3,17). A revelação de Deus tem como meta a salvação. O que é Salvação? A humanidade afastou-se de Deus. Jesus veio redimir. Mais que perdoar, a missão de Jesus foi de comunicar Vida: “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3,36). A revelação de Deus não se faz só por causa do pecado, mas porque Deus quis comunicar-se conosco como Vida de nossa vida. Mais que pecado, trata-se de graça. Lembremos a revelação que Deus faz a Moisés “Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o meu nome Javé; e terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e me compadecerei de quem me compadecer” (Ex 33,19). S. João diz: “Nisto se manifestou o amor de Deus entre nós: Deus enviou seu Filho Unigênito para que vivamos por Ele” (1Jo 4,9). 
Entrar em comunhão com Deus 
A vida nasce da comunhão com Deus. Comunhão não é somente receber a Hóstia Santa. É levar adiante a vida que recebemos no Batismo e aprofundamos com os demais sacramentos e com nosso dia-a-dia. Comungar é amar e saber acolher o amor. Cantamos: “Onde há amor e caridade, Deus aí está!”. Essa expressão de amor se estende ao outro. Englobamos com esse amor a realidade terrestre, a natureza, pois ela fala de Deus. Por que gostamos tanto de S. Francisco? Porque tinha o amor universal. Crescemos nesse amor. É uma experiência pessoal. Só saberemos que amamos quando o serviço dos irmãos faz parte de nossa alegria de viver, pois vivemos para Deus servindo o outro. “Se Deus assim nos amou, devemos nos amar uns aos outros. Ninguém jamais contemplou a Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito Quem não ama o irmão, a quem vê, a Deus que não vê, não poderá amar (Jo 4,11.20) 
A vós louvor e honra 
Diante de mistério tão sublime e que nos toca tão profundamente, até o silêncio é louvor. O que podemos fazer diante da grandiosidade e da proximidade de tão grande Deus? Podemos louvar: “A Vós, louvor, honra e glória eternamente. O louvor nos liberta de nossa fragilidade e nos coloca em contato com sua maravilha. Louvando, nós nos elevamos da terra e conosco elevamos o mundo. Louvar é reconhecer o quanto necessitamos de Deus e o quanto nos comprometemos em fazer do mundo um eterno reconhecimento de sua bondade e seu amor. Nós estamos distantes de Deus, mas pelo louvor Ele penetra nossas vidas e o mundo em que vivemos.
Leituras:Êxodo 34,4b-6.8-9; 
Daniel 3,52-56;João 3,16-18 
1. O mistério da Trindade que celebramos não é impossível de compreender, muito menos de viver. Somos finitos. A Trindade é infinita. Mas estaremos sempre compreendendo mais. Saber é também uma experiência na qual Deus se revela e os faz conhecer quem Ele é e o que nos oferece. Deus se revela amando o mundo e enviando seu Filho que nos dá o Espírito, para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus quer a salvação. Ela significa mais comunicação de Deus como vida do que perdão dos pecados. 
2. A vida nasce da comunhão com Deus. Comunhão é amar e saber acolher o amor. Essa expressão de amor se estende ao outro e ao mundo, como fazia S. Francisco. Sabemos que amamos quando estamos em comunhão de serviços aos irmãos. Não ama Deus quem não ama o irmão. 
3. Diante de tão grande mistério, só resta o silêncio que é louvor. O louvor liberta-nos da fragilidade e nos coloca em contato com essa maravilha. No louvor elevamos conosco todo o universo. Louvar é amar e se comprometer com Deus. Pelo louvor ele penetra nossas vidas e o mundo em que vivemos. 
Dançando com Deus 
Se abríssimos o coração de cada pessoa e lá dentro procurássemos conhecer Deus, íamos encontrar sempre a mesma coisa, mas de modos diferentes: Em cada um estaria escrito: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer”. A consciência de ser amado em totalidade é a dança que move todo coração. Deus me amou, me ama, me amará e muito. Foi esta a experiência que fez Moisés quando entrou no coração de Deus no Sinai. Ali ouviu: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. E ousou dizer: “Caminha conosco!” É... é este o passo da dança: amor e companhia!
Homilia da Solenidade da Santíssima Trindade(18.05.08)

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