quarta-feira, 16 de novembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Por isso Deus o exaltou”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Servo sofredor
 
Lemos no profeta Isaias os “Cânticos do Servo de Javé”. São poemas que nos trazem a imagem misteriosa de um servidor de Deus, sofredor, que dá sua vida pelo povo. É uma grande missão que cumpre até à entrega total (Is 50,4-7). Esse Servo é identificado com Cristo que entra na Cidade Santa com o esplendor de um rei, como Davi. Ele é manso e pacífico como o Servo. A cena da entrada em Jerusalém é significativa no tempo da Paixão de Cristo; Ele vem, e é acolhido por parte do povo que canta “hosana” . Quer dizer: Salva-nos. É reconhecido como o Filho de Davi em sua realeza. Mas, na mente de Jesus, seu trono é a cruz, sua coroa é de espinhos, seu manto é o sangue, sua glória é ser elevado da terra, crucificado. Ele se oferece ao Pai para que o mundo se abra a Seu amor. Ele mostra até onde vai esse amor. O sofrimento do Cristo vai além das dores. Ele sofre o peso de todos os pecados do universo. Dentro dele fervem dois sentimentos: acolhimento do Pai que perdoa, e a recusa da humanidade. Quando abrem seu lado com a lança, está aberto o caminho para que todo homem possa beber nas fontes da salvação (Is 12,3). Ali, o tentador, pela boca das pessoas, lhe diz novamente: “Se és o Filho de Deus...” - “Que Deus o salve, se o ama!”. O Domingo de Ramos resume em si todo o mistério pascal de glória e cruz, que acontecerá no Tríduo Sacro. Não são dois acontecimentos que se opõem, mas um fato único que mostra que a glória do Cristo é sua vida doada ao Pai na obediência. 
Ele era mesmo o Filho de Deus 
Os diversos sinais (milagres) que refletimos nessa Quaresma, levam à profissão de fé do miraculado: Jesus pergunta: “Crês no Filho do Homem?” Ele responde: “Creio” (Jo 9,35.38). Mateus anota: “O oficial e os soldados ... ao notarem o que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: ‘Ele era mesmo Filho de Deus”’ (Mt 27,54). Sua fé é a profissão de fé de toda humanidade que reconhece e acolhe a “visita que Deus faz a seu povo”. Jesus, em sua morte, esvaziou-se totalmente, como nos escreve Paulo na carta aos Filipenses (2,6-11). Esse esvaziamento é o melhor modo de revelar o projeto de Deus. Ele chega ao mais profundo do ser humano para aí redimir o homem, não com palavras, mas com a vida doada. Por isso Deus O glorifica. A espiritualidade se concretiza quando assumimos a atitude de Cristo no esvaziamento. Sem nosso vazio, Deus não nos enche. 
Chegar à gloria da Ressurreição 
Paulo, que viveu o mistério de Cristo no seu esvaziamento, convida a viver como Cristo viveu. Cristo procurou, com todas as forças, realizar o projeto do Pai: “Que não se perca nenhum daqueles que me deu”! (Jo 6,38). Jesus, ao morrer, tinha diante de si um mundo a ser transformado. Seus discípulos, na força do Espírito que ressuscitou Jesus, partiram para anunciar e “fazer discípulos Seus todos os povos”. Hoje, os cristãos estão separados e cuidando do próprio ninho. E o Cristo crucificado, onde está? A religião mais falsa é aquela que usa Cristo para seu proveito pouco cristão. O sentido da entrega de Jesus ao Pai era abrir o caminho da Glória: todos chegarem à Casa do Pai. Celebrando hoje a glorificação de Jesus como Rei que vem a sua cidade, para tomar posse de seu domínio, nós queremos, não colocar ramos, mas nossas vidas para que dela, Ele tome posse. Rezamos na oração da missa: “Concedei-nos aprender o ensinamento de sua Paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. Assim, participando de sua Paixão, que nós possamos chegar à Ressurreição celebrada na liturgia, antecipando assim, a glória. 
Leituras: Mateus21,1-11;Isaias50,4-7;Salmo21;
Filipenses 2,6-11; Mateus 27,11-54. 
1. Lemos, em Isaias, os Cânticos do Servo de Javé, figura de Cristo que se oferece pelo povo. O Domingo de Ramos oferece-nos uma visão completa da Semana Santa, do Tríduo Sacro, no qual celebramos a Paixão e Ressurreição do Senhor. Jesus entra na cidade como rei. É acolhido. Ele tem em mente que seu trono é a cruz. Ele sofre pelo peso dos pecados do mundo. Ele se oferece ao Pai para que o mundo se abra a seu amor. 2. Os diversos sinais que refletimos na Quaresma levam à profissão de fé do miraculado: “Jesus pergunta: “Crês no Filho do Homem?” Ele responde: “Creio” (Jo 9,35.38).”. O oficial e os soldados fazem a profissão de fé maior: “Este homem era o Filho de Deus”. Sua profissão de fé é a profissão de toda humanidade que reconhece “a visita de Deus a seu povo”. Jesus em sua morte esvaziou-se. Esta é o melhor modo de revelar o projeto de Deus: vai ao mais profundo do ser humano para redimí-lo. 3. Paulo, que conheceu esse esvaziamento, convida a viver como Cristo viveu: procurando realizar o projeto do Pai: que nenhum se perdesse. Jesus mandou seus discípulos que fossem pelo mundo, fizessem discípulos seus todos os povos. Hoje os cristãos vivem mais para si do que para o anúncio do evangelho. O sentido da morte de Jesus era abrir o caminho para Glória do Pai. Celebrando hoje a glorificação de Jesus como Rei, queremos colocar nossas vidas para que dela Ele tome posse. Possamos aprender o ensinamento de sua Paixão e ressuscitar com Ele em sua glória. Celebrando a liturgia antecipamos a glória. 
A luz no fim do túnel 
Começamos a Semana Santa. Jesus entra em Jerusalém numa festa merecida. O povo vibrou. Era o que se esperava. Entrou como Rei e era assim aclamado. Poucos dias depois Ele foi crucificado. Por que essas duas realidades tão diferentes? Jesus, ao entrar em Jerusalém, estava indicando sua missão: Ele é o Rei que veio tomar posse de seu poder. Seu poder está na vida que dá para a vida do mundo. Por isso é coroado de espinhos, pregado na Cruz e lá morre. Ali Ele é rei, pois conquista o mundo para Deus. A celebração de Ramos oferece o sentido da morte de Jesus. Ele é o Senhor que pela morte, passa à ressurreição que dá a vida. 
Homilia do Domingo de Ramos
EM MARÇO DE 2008

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