PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) SACERDOTE REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR |
Os antigos lembravam muito esse provérbio: “Uma mente sadia em um corpo sadio e santo!”. Nosso crescimento físico se faz como um todo. Imaginemos que alguém desenvolvesse somente os braços e não o corpo todo. Seria estranho. Assim acontece com todo ser. Temos que desenvolver a dimensão física, a psicológica, a intelectual, a dimensão espiritual e todas as outras. Do contrário, nós nos tornamos estranhos e até monstruosos. É curioso ver que há pessoas muito preparadas intelectualmente, mas que não cuidaram do corpo. Ou pessoas que desenvolvem corpo e inteligência e deixam de lado o espiritual. São igualmente estranhas. A grande energia da vida está em crescer em todas as direções. Vemos que a sociedade promove somente certos aspectos que, na realidade, estão voltados para o econômico. Resultam a exploração e o desrespeito ao ser humano. Notamos também que, quem se preocupa com o social, o espiritual, o cultural, o ecológico etc... não tem valor, nem apoio, nem futuro. Em uma cidade do interior, fecharam o departamento cultural. A resposta de um político foi esta: “Curtura (sic) não rende voto”. Essa abertura ao ser humano como totalidade, deve incluir também o espiritual. Dá sabor ao bem viver e condição para um crescimento harmônico e feliz. O projeto formativo que exclui algum aspecto, não é bom. Desde que a formação religiosa perdeu seu lugar na escola, coisas tristes têm acontecido. Claro que a causa não é somente essa. Tirada a disciplina, perdeu-se muito do aprendizado. Vejamos o mal que as Igrejas fazem fixando-se somente no religioso, sem ver sua dimensão mais ampla! O resultado é o esvaziamento do espiritual, que prejudica uma fé sadia e fecunda.
Aprender para viver
Querer aprender sempre mais é uma energia muito forte para a vida. Impressiona-me meu pai que, com seus 94 anos, sempre se interessa em aprender alguma coisa, perguntando o que significa essa palavra, aquele fato etc... Admiram-me tantos idosos que nesses últimos 80 anos tiveram que aprender tanta coisa nova. O que eram aqueles tempos sem energia, estradas, telefone, tv, medicina e tantas coisas mais? Tantos idosos adotaram o computer, as viagens distantes. Quando eu vivia na Angola, tive que comprar um pilão, porque estava fazendo falta. Fiquei pensando quantos séculos eu voltava atrás! Os vizinhos pediam emprestado para socar o milho. Essa gente vem aprendendo. Que futuro bonito podemos ter! Que bonito quando um analfabeto consegue ler as primeiras frases. É como abrir uma cortina de um mundo novo. Eu tive um aluno ao qual eu chamava de “torrão seco”. Parecia a terra seca que bebe a chuva. Não podemos nos fixar somente em usar os bens só para o bem estar, mas sobretudo para aprender. Os meios de comunicação têm muito a oferecer. Pena que ficamos presos a coisas que não ensinam nada, ou pior, quando deseducam. Como é bom estudar, aprender e ensinar!
Dança da vida
A grande dança da vida ensina-nos a viver em todas as dimensões. A espiritualidade não é pontilhar a vida com orações, leituras, mas fazer da vida uma continuação da criação de “Deus que viu tudo o que fizera e viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Não santificamos o mundo jogando água benta, mas levando as coisas a sua realização. A oração toma valor no momento em que está integrada com a vida. A dança da vida une todos os parceiros em um grande abraço, num ritmo sempre mais alegre que envolve todos os seres humanos,dando a cada um a chance de viver e viver com intensidade.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2008
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