segunda-feira, 21 de novembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “A comunidade dos ressuscitados”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Unidos na comunhão fraterna
 
Jesus, na Última Ceia, faz a “oração sacerdotal”. Nesse capitulo 17, João recolhe as palavras de Jesus, como um testamento espiritual. Ali, o querido Mestre derrama seu coração com ternura de amigo e de mestre amado. Jesus quis sintetizar toda sua pregação em uma única palavra. Pouco antes havia dado o mandamento do amor. E, para que esse mandamento chegasse a efeito disse: “Que todos sejam um, como Tu, ó Pai, és em Mim e Eu sou em Ti. E para que eles também estejam em Nós, a fim que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17,21). A primeira comunidade dos fiéis segue esse mandamento de Jesus. Querem ser unidos como Ele é unido ao Pai. Por isso, o primeiro testemunho que dão é o da unidade. Esse texto dos Atos dos Apóstolos (2,42-47) foi sempre o modelo da vida cristã. “Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos”(At 2,42). A comunidade deve estar sempre atenta em ouvir a Palavra de Deus. Eles não tinham o Novo Testamento. Buscavam nas Escrituras tudo o que se dizia de Jesus nos Salmos e nos Profetas. Os apóstolos davam testemunho da vida que tiveram com Jesus. Lembravam suas palavras, seus gestos, seus milagres. Como devia ser gostoso ouví-los contar de Jesus. Dessas conversas saíram os Evangelhos. Quando nos reunimos somos chamados a estar atentos à Palavra proclamada na assembléia. “É Cristo que fala, quando se lêem as Escrituras na comunidade”, afirma o Concilio Vaticano II. A comunidade não é só uma realidade social ou uma devoção. É o Corpo de Cristo que continua na união dos fiéis. Essa escuta da Palavra deve continuar no dia a dia. Não basta repetir textos da Bíblia. É preciso deixar que penetrem a vida. Lido na comunidade, o texto se torna vivo e fecundo. 
Unidos na fração do pão 
Os cristãos se reuniam para partir o pão, isto é, celebrar a Eucaristia. Fração do Pão foi o primeiro nome que a missa teve. Não havia um missal como agora, nem folhetos. Certamente havia um esquema básico para esse momento, retirado da tradição judaica. Mas o fundamental era repetir o gesto de Jesus que tomou o pão, deu graças e o partiu e deu a seus discípulos dizendo: “Tomai e comei todos. Isto é o meu corpo que é dado por vós”. Nem tanto repetiam as palavras como fazemos, mas repetiam o gesto partindo o pão e distribuindo, depois de ter dado graças. Essa ação de graças já fazia parte do modo de rezar dos judeus. Temos um exemplo dos anos 90. Criou-se logo uma tradição. O Pai-Nosso era base. Não celebravam a ceia como Jesus fizera, pois essa era a Ceia Pascal que se fazia uma vez por ano. Mas ela orientou a criação da nossa liturgia. Tinham consciência, tanto que Paulo explica que ele recebeu o modo de celebrar a Eucaristia por tradição (1Cor 11,23). A Eucaristia é fundamental para nossas vidas. 
Unidos na oração 
Essa comunidade rezava. Nesse tempo freqüentavam o templo e cumpriam os preceitos judaicos. Rezavam os salmos. Os judeus eram um povo que sabia rezar. Isso pode nos animar a ter sempre a comunidade como local da vida de oração. Não só na celebração eucarística nós nos reunimos para rezar. A oração em comum tem uma promessa de Jesus: “Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Por isso, a comunidade deve se reunir para rezar em outras oportunidades, seja em família, seja entre vizinhos, no quarteirão, nas comunidades. Sem oração, não existe comunidade cristã. Fortaleça sua vida de comunidade com um grande espírito de oração pessoal, onde quer que esteja. A comunidade primitiva é um caminho muito claro para nossa espiritualidade.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2008

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