Continuando nosso caminho quaresmal, refletimos sobre o texto do evangelho que narra o milagre de Jesus que cura o cego de nascença (Jo 9,1-41). Não se trata só de milagre, mas é um sinal - uma ação de Jesus que explica e conduz ao ato de fé. O ponto alto do evangelho é a palavra do cego curado que professa sua fé: Jesus pergunta: “Acreditas no Filho do Homem?”. Ele responde: “Quem é para que eu creia?” Jesus diz: “Tu O estás vendo; é Aquele que fala contigo”. O homem professa sua fé: “Eu creio, Senhor!” E prostrou-se diante de Jesus. Por que professa a fé? Porque Jesus abriu-lhe os olhos, mesmo sem que pedisse. Os discípulos apresentam um problema ao verem cego: “Quem pecou para que ele nascesse cego? Os pais ou ele?” Jesus responde: nem um nem outro, mas “isto sucedeu para que se manifestem nele as obras de Deus”. E Jesus completa com uma palavra forte: “Eu sou a luz do mundo” A visão da fé é diferente: “É para o julgamento que eu vim a esse mundo: para que vejam os que não vêem, e os que vêem se tornem cegos”. Os fariseus se diziam conhecedores das coisas de Deus. Jesus acrescenta que só através dEle, podemos ver Deus. Como refletimos sobre as etapas do Batismo, damos hoje um passo a mais: O Batismo é uma iluminação. Jesus fez barro com saliva e passou nos olhos do cego e disse: “Vai lavar-te na piscina de Siloé (que significa Enviado)”. Ele é o enviado de Deus, o Ungido de Deus, como lemos na primeira leitura de 1Sm 16,1ss: Davi, por pura bondade de Deus foi escolhido por Deus para ser rei. Samuel o ungiu. Cristo é o Ungido de Deus, Messias (é o mesmo que Cristo). Ser iluminado é ser luz, como diz Paulo: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor”. O pecado provoca a cegueira. A fé abre os olhos à luz que é Cristo. “Em vossa luz, vemos a luz” (Sl 36,9). Ele é a Luz que ilumina todo homem que vem a esse mundo (Jo 1,9). Nesse passo do Batismo, os catecúmenos recebem o nome de iluminados. Nós, já batizados, crescemos na Luz que é Cristo, acolhendo-O com fé.
O Senhor não vê as aparências
O cego representa o gênero humano que é cego em conseqüência do pecado. A esse mundo foi enviado Jesus (o nome da piscina é Siloé, isto é, Enviado). O barro que ele fez, diz S. Ambrosio, é a encarnação do Filho de Deus. Ele é o Ungido de Deus. Na primeira leitura ouvimos que Samuel vai à casa de Jessé, para ungir o novo rei de Israel, em lugar de Saul, rejeitado por Deus. Jessé apresenta seus filhos, grandes, fortes. Nenhum deles era o escolhido. Deus vê o coração e não as aparências. Mandaram buscar Davi, que era garoto. A fé em Jesus faz com que vejamos com os olhos de Deus. Só a partir dela é que vemos as coisas espirituais e, de modo justo, vemos as materiais. O cristão é também um ungido, como Davi. A unção da fé é luz em nós. Deus vê o coração, não a aparência.
Vivei como filhos da luz
Cristo te iluminará (Ef 5,14)! O cristão se torna luz. “O fruto da Luz é a bondade, justiça e verdade”. Paulo diz ainda: “Não vos associeis às obras das trevas que não levam a nada. Éreis trevas e agora sois luz no Senhor”. Por isso é preciso dar frutos. Rezamos na pós-comunhão: “Iluminai nosso corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração”. A vida cristã de fé é comportamento. A fé não é só crer, é viver de acordo. Na Eucaristia, pela Palavra e pelo Pão da Vida somos iluminados para ser luz de Cristo no mundo.
Leituras: 1 Samuel 16,1b.6-7.10-13;Salmo 22;
Efésios 5,8-14;João 9,1.6-9.13-17.34-38.
1. Jesus cura o cego de nascença. É um sinal que explica e provoca a fé em Jesus. O ponto central do texto é o ato de fé do que fora cego: Jesus pergunta: “Acreditas no Filho do Homem?”. Ele responde: “Quem é para que eu creia?” Jesus diz: “Tu O estás vendo; é aquele que fala contigo”. O homem professa sua fé: “Eu creio, Senhor!” e prostrou-se diante de Jesus. Jesus afirma: “Eu sou a luz do mundo”. Ele veio para o julgamento: “Para que vejam os que não vêem e, os que vêem, se tornem cegos”. O Batismo é uma iluminação. Ele é o Ungido, como Davi fora ungido. Cada cristão é ungido para ser luz. A fé abre os olhos à luz de Cristo. No Batismo os catecúmenos recebem o nome de iluminados.
2. O cego representa o gênero humano que é cego pelo pecado. A esse mundo foi salvo por Jesus. O barro que Jesus fez simboliza sua encarnação (S.Ambrósio). Ele é o ungido, como Davi foi ungido e nós o somos também. Deus escolhe não pela aparência, mas conhece o coração. A fé em Jesus faz com que vejamos com os olhos de Deus.
3. O cristão torna-se luz. O fruto da Luz é a bondade, a justiça e a verdade. Paulo convida a não nos associarmos às obras das trevas. Somos luz, por isso precisamos produzir frutos. A fé exige comportamento. A fé não é só crer, mas viver de acordo.
Colírio de barro
No tempo da Quaresma nós temos uma reflexão importante que nos leva entender melhor o Batismo. Um dos temas é a cura do cego de nascença. No Evangelho de João, os milagres são chamados de sinais, isto é, uma ação de Jesus que explica quem Ele é e qual a sua missão.
Há um cego pedindo esmola. Os discípulos perguntam a Jesus: “Quem pecou para que seja cego assim, ele ou os pais?” Jesus diz que nenhum dos dois, mas é para manifestar a glória de Deus. Cuspiu no chão, fez barro e passou nos olhos dele e mandou lavar. Ele voltou vento. Jesus é Luz que ilumina. A salvação que traz é luz que ilumina e faz ver as coisas de Deus. Ele iluminou os olhos do cego. Depois esse diz que crê em Jesus. Agora sim está iluminado, mas com a luz da fé.
Eta barrinho bão!
Homilia do 4º Domingo da Quaresma
EM MARÇO DE 2008
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