quinta-feira, 20 de outubro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Espiritualidade do Advento”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Continuando a História da Salvação
 
Entramos em um tempo novo da celebração do Mistério Pascal de Cristo. Cada época do ano fazemos memória de um aspecto da vida de Cristo. Agora é seu Natal. Não podemos perder de vista que, cada aspecto da vida de Cristo só se compreende a partir de sua Páscoa. Ela toma sua vida. O Natal tem sua quaresma preparatória, o Advento. Ele não é penitencial, mas está voltado para a vigilância e a expectativa de Cristo que vem. O Advento celebra as duas vindas do Senhor, primeiro na Glória na ressurreição da carne e da vinda gloriosa. A segunda é sua vinda na carne, no Natal, com seu nascimento. Ele veio falar do Pai: “Deus, que nos tempos antigos já havia falado tantas vezes e de tantos modos a nossos pais por meio dos profetas, nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio de seu Filho” (Hb 1,1-2). Essa etapa da História da Salvação nos traz a concretização do desígnio de Deus que se manifesta e acolhe. Celebra a ação de Deus que entra em nossa história e a transforma em história da salvação. O ponto máximo é a encarnação. Não se trata só de acontecimentos históricos, mas de gestos de Deus que mostram quem Ele é, e o que quer nos oferecer. Esse mistério não é suficientemente acolhido por nós. A vinda do Filho de Deus como Homem-Deus, mudou o sentido do mundo. Ela não é uma historinha que a sociedade transforma em seu proveito. O centro do Natal acaba sendo o velhinho simpático, mas sem sentido e inócuo. “Ele veio para os que eram seus e os seus não o receberam” (Jo 1,11) O chamado para sua segunda vinda é o convite a participar de sua vinda na carne e chegar com Ele na glória. A Salvação continua oferecendo a toda humanidade um tempo novo de encontro com Ele. 
Nossa História da Salvação 
A história da salvação não é algo a ser narrado. Nós a contamos em nós mesmos, na medida em que nos abrimos e permitimos que nossos caminhos se juntem com os caminhos de Deus. O que é nosso passa a ser de Deus e o que é de Deus passa a ser nosso. Ter os pensamentos de Deus. É uma bela costura que Deus faz de nossa história com a sua História. Passamos a parceiros na construção de um mundo de Deus. Nós sempre imaginamos nossa história como sendo um destino inexorável. Pensamos a história de Deus como um como algo à parte que é preciso aprender, sem muito entender. Mas fazemos parte dela. Nossa história se torna também história da Salvação. Foi nela que Ele entrou como escreve a Sabedoria: “Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se do céu, de vosso trono real” (Sb 18,14-15). Ele entrou para ficar: “Minha alegria é estar com os filhos dos homens” (Pr 8,31). Nossa história é história de salvação. Nela é que nos salvamos. 
Tempo provisório 
O fim dos tempos não marca uma desgraça universal. Todos os sinais apresentados percorrem toda a história. É curioso ver como gostamos de prever catástrofes e nos deliciamos com as calamidades naturais e os acidentes espetaculares. O fim dos tempos acontece a cada minuto. Com a encarnação de Jesus, a vinda de Cristo, o fim estabelece como uma presença que atrai. Somos chamados a ir a seu encontro como lemos nas parábolas. Cada celebração se institui como um convite para que venha: “Vem Senhor Jesus”. Não é a espera de uma surpresa desagradável, mas a prontidão para uma festa. A provisoriedade de nossas realidades não é um mal; é uma força que impulsiona na busca dos bens que duram. Só nele encontramos consistência.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO 
EM DEZEMBRO DE 2007

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