Jesus ensina aos discípulos que “se deve rezar sempre e nunca desistir de rezar”. Ele toma esse ensinamento de sua própria vida. A oração lhe brotava dos lábios como uma fonte. Para explicar esse ensinamento, Jesus conta a parábola da viúva que ia continuamente ao juiz pedindo justiça. Consegue mais pela insistência do que pelo argumento. Com essa parábola Jesus assegura que Deus vai ouvir sempre, muito mais do que um juiz que se sente importunado, pois Ele está falando com seus filhos. Moisés é dado pela liturgia como o exemplo de uma oração constante para conseguir a atenção de Deus. A oração é o meio de se continuar em aliança de diálogo com Deus. Ele quer ouvir os filhos e atendê-los em suas necessidades. Rezar é insistir na oração. Rezar não é fazer belos discursos a Deus. Beato Charles de Foucauld dizia que rezar não é dizer muitas coisas a Deus, mas dizer muitas vezes a mesma coisa. A viúva é o exemplo. Não mede tempo para ser atendida. Nós colocamos prazos a Deus e prometemos pagar. Mas com Deus não é assim. Ser atendido é poder rezar sempre. A Deus compete a hora de atender, o que vai acontecer logo, porque quer fazer justiça a seus queridos que sofrem. Perder o hábito da oração é um desastre difícil de ser reparado. A falta da oração tem enfraquecido o coração humano, deixando-o à deriva nas muitas dificuldades da vida. Nas grandes crises é preciso um intercessor, mesmo tendo que ser criativo no modo de pedir. Não podemos reduzir a oração a um modo somente tradicional. Temos que ser criativos. Moisés e Aarão o foram. O gesto de segurar as mãos significa que devemos acompanhar com nosso apoio espiritual as necessidades da oração dos outros. É a caridade na oração. A oração exige que entremos nela de corpo e alma. Por isso é preciso deixar que o corpo acompanhe nossa oração. O importante é implorar como sabemos e podemos.
Frutos garantidos
Se a viúva consegue o que precisa de um juiz que não teme nem a Deus nem as pressões humanas, quanto mais Deus ouvirá seus filhos que clamam a Ele dia e noite, Ele fará justiça. A oração incessante é um dom de Deus que garante obter sempre seu efeito. O efeito depende de Deus e não de nosso discurso. Mas Deus sabe do que precisamos, mesmo antes de lho pedirmos. Jesus diz uma palavra complicada: O “Filho do homem, quando vier, será inda que vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Se não houver oração, não vai haver fé e nem frutos. Moisés reza longamente e obtém a vitória do exército de seu inimigo. A oração necessita, além da perseverança, encontrar um modo pessoal de fazê-la. Não existe obrigação do modo, mas da intensidade. O fruto da oração depende também da comunidade que reza junto, apóia a oração um do outro. A grande verdade da oração é que não sabemos rezar como convém. O melhor método de oração é rezar.
As Escrituras conduzem à salvação
A leitura da Escritura tem o poder de comunicar a sabedoria que conduz à salvação com a fé em Jesus Cristo (2Tm 3,15). Timóteo é instado a pregar: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda paciência e doutrina” (4,2). A chave de leitura é Jesus Cristo. A oração abre para nós a capacidade de entender a Escritura. A Escritura abre à oração e a oração conduz à Escritura. Ela deve ser nosso primeiro livro de oração. Assim poderemos estar também preparados para levar aos outros a força da oração. Quem reza se salva, quem não reza se condena (S. Afonso).
Leituras: Êxodo 17,8-13; Salmo 120;
2Timóteo 3,14-4,2; Lucas 18,1-8.
1. Jesus ensina que se deve rezar sempre e não desistir. Explica seu mandamento com a parábola da viúva insistente. Deus é melhor que o juiz e atende sempre seus filhos. Moisés dá-nos o exemplo da oração insistente e incentiva a ser criativo. Orar não é dizer muitas coisas a Deus, mas muitas vezes a mesma coisa. A Deus compete a hora de atender. Não fazemos negócios com Ele. O Corpo deve acompanhar a oração.
2. Os frutos da oração são garantidos, porque Deus sempre ouve. Oração incessante é um dom de Deus de grande efeito. É bom sermos solidários na oração. Muitas vezes necessitamos de rezar juntos, com o apoio de outras pessoas, como vemos em Moisés. O melhor método para aprender a rezar é rezando.
3. Paulo insiste que a Escritura comunica a sabedoria que conduz à salvação. Por isso insiste que Timóteo pregue sempre e com vigor. A Escritura é o melhor livro de oração. Com ela poderemos ir aos outros e anunciar com força a Palavra.
Deus não gosta dos chatos?
Será que sabemos rezar? Rezar não é fazer belos discursos a Deus. Beato Charles de Foucauld dizia que rezar não é dizer muitas coisas a Deus, mas muitas vezes a mesma coisa. A viúva é o exemplo. Não mede tempo para ser atendida. Insiste. Moisés no deserto fica de mãos levantadas a Deus.
Curiosamente notamos que Deus tem grande apreço à oração insistente dos fracos. Ele fará justiça a seus escolhidos. Deus não fará esperar. Rezar é insistir na oração.
Homilia do 29º Domingo do Tempo Comum
EM OUTUBRO DE 2007
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