terça-feira, 18 de outubro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
A Graça nos veio por Maria
 
O significado de “graça”, no sentido do texto bíblico, é agrado-favor que torna bela a pessoa. Bela pela intervenção de Deus. Na Encarnação, Maria recebe o grande favor divino. Ela é cheia da graça, pois o Senhor está com ela (Lc 1,28). Ele á a toda santa pela presença de Deus. É Imaculada, uma vez que não existiu nela o pecado original nem o pessoal. Foi um puro dom de Deus, fruto dos méritos de Jesus, em vista da redenção que nos trouxe. A graça que enche o coração de Maria é a graça de Cristo. A graça de Cristo na redenção é para todos os tempos. Por isso pôde preservar Maria de toda a mancha do pecado, antes do fato histórico da morte de Jesus. É pura graça de Deus. Deus podia fazer, quis fazer e fez, como diz Duns Scotus. Esse dogma foi proclamado pelo Papa Pio IX, dia 8 de dezembro de 1854. Por que só então? Antes não era verdade? A Igreja não inventa dogmas, verdades que devem ser acreditadas com total aceitação. Ela recolhe essa verdade da Tradição, dos ensinamentos dos antigos mestres da Igreja (chamados pais da Igreja), da liturgia, dos ensinamentos dos Papas, concílios e doutores. Mesmo que tenha havido gente que pensasse diferente, o Papa, com sua autoridade, reconhecendo a fé do povo de Deus, declarou que essa é uma verdade que deve ser aceita. Nisso ele não erra. E a bíblia diz com outras palavras essa verdade: “Salve, ó cheia da graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Não podemos nos fixar em uma frase da bíblia, mas em toda a Palavra de Deus. Era impossível Maria ter pertencido ao pecado original, ela que seria a Mãe do Redentor, o Santo, o divino. Como o Redentor iria ser fruto de uma árvore doente? O pecado não gerou a Redenção. Mas a graça, penetrando o mundo do pecado a purificou na concepção. 
Ele te esmagará a cabeça 
O pecado de Adão e Eva tem origem em suas vontades. Deles vai a todo o gênero humano. Desse gênero humano, uma criatura, por puro dom de Deus é liberada do pecado original, ao ser concebida, para que o Filho de Deus, em sua graça de redenção, iniciasse o novo mundo, a nova raça para a qual todos estão destinados, e “esmagasse a cabeça da serpente”. Se o pecado é uma escolha, a graça também é uma opção. O acolhimento da graça parte também de nossa vontade, com a presença do Espírito Santo, que age em nosso querer e agir. Maria acolhe a grande vontade de Deus que nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante dEle (Ef 1,2). Maria acolhe, primeiro como dom, depois com correspondência ao dom que recebera. O privilégio não isenta Maria dos sofrimentos nem da luta, como seu Filho. Por isso ela se aproxima de nós. 
Podemos ser imaculados? 
A graça dada a Maria, é um dom para toda a Igreja da qual é modelo e esperança. Se Maria foi redimida em previsão dos méritos de Jesus, a Igreja é redimida com garantia desses méritos, pois tudo é graça. Tudo o que fazemos é dom. Acolhendo o dom e vivendo-o com a Graça, caminhamos como Maria, a Imaculada. O povo de Deus, a Igreja, é santo enquanto de Deus, pecador quando não corresponde. A missão de Maria é interceder para que, mesmo não sendo puros, possamos chegar à pureza que Deus quer de nós: “Ele nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1,4). Recebendo os sacramentos, diz a oração de comunhão, sejam curadas em nós as feridas do pecado, do qual foi preservada Maria. 
Leituras: Gênesis 3,9-15.20; Salmo 97; 
Efésios 1,3-6.11-12; Lucas 1,26-38. 
1. Celebrando a Imaculada Conceição tocamos um ponto forte de nossa fé: a redenção. Maria participa dessa redenção por um dom: concebida sem pecado original, por puro dom de Deus, em vista dos méritos da redenção de Cristo. A redenção é para todos os tempos. O Papa não inventou o dogma, mas o recolheu da Tradição, e o declarou para toda a Igreja, como necessário para a fé. Ela é “é a cheia da Graça”. O Redentor que iria nascer dela é o Santo, quer dizer, divino. 
2. O pecado de Adão e Eva passa para o gênero humano. Maria é libertada dele ao ser concebida. A Graça, Jesus Cristo, não poderia nascer de uma mãe marcada pelo pecado. Jesus pisa a cabeça da serpente. Maria acolheu a graça de Deus, primeiro como dom, depois com o consentimento ao dom. 
3. A graça dada a Maria é um dom para toda a Igreja da qual é modelo e esperança. Maria foi redimida em previsão dos méritos de Cristo. A Igreja é redimida com a garantia desses méritos. Acolhendo a graça, caminhamos com Maria, a Imaculada. Ela intercede por nós, para que possamos chegar até Deus. 
Quem é essa mulher? 
No início do Advento celebramos a Imaculada Conceição de Maria. Como sonhamos com um mundo novo, sonhamos com pessoas renovadas. Deus iniciou tantos projetos que foram destruídos pelo pecado: para começar, Adão perde o Paraíso. Depois aumentam as desilusões de Deus (modo de dizer). Mas, não desanima. A geração de um mundo novo começa no seio de Ana, com Maria. A concebida será a mãe de Seu Filho. Ela, livre do mal e do pecado, é a criação do mundo da graça da redenção, Jesus, que significa Deus salva. Maria foi preservada do mal. Pedimos sua intercessão para sermos livres do pecado. 
Declaração do Papa Pio IX: “Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua concepção, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente crida por todos os fiéis"; Bulla Inneffabilis Deus” (08.12.1854). 
Homilia da Sol. Imaculada Conceição
EM DEZEMBRO DE 2007

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