Jesus diz que a porta do Céu é estreita (Lc 13,24). Mas deve haver um jeito que tire esse receio de não conseguir entrar. Não se trata de forçar a barra, mas simplesmente de admitir que a porta se alarga na medida em que tomamos a atitude de Jesus que caminha para o Calvário para dar a vida. Se tivermos as atitudes de Jesus, temos certeza de poder atravessar a porta, pois Ele é a porta: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo” (Lc 10,9). Há quem pense que a luta para ultrapassar essa porta seja uma tarefa solitária, individual, com muitos riscos de não se conseguir. Dá-se a impressão que a salvação é uma questão exclusivamente pessoal. Como somos indivíduos únicos e irrepetíveis, todas as nossas atitudes são isoladas. Criou-se uma fé individualista, tanto que se diz que “religião não se discute”. Tem-se a religião como algo pessoal. Esse individualismo se reflete também nas palavras: “Eu não vou à Igreja para rezar, eu rezo em casa”; “Não me confesso a um padre, confesso diretamente com Deus”. Jesus não queria esse individualismo espiritual. Ele propõe o amor ao próximo como caminho para a salvação. É amor de dar a vida. Dar a vida não significa perder a vida com a morte, mas colocar a vida a serviço. Disse que maior é o que serve: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). Servir é a base da vida espiritual. Não se trata de uma religião individualista, onde faço as orações e garanto o Céu. O aperfeiçoamento mas só acontece no relacionamento com os outros. Jesus foi sozinho ao Calvário, mas foi para que todos tivessem vida.
Vantagens da comunidade
A busca da perfeição cristã passa pelo “eu” que vive em vista do “tu” para chegarmos ao “nós’. Por isso Jesus diz que Ele estará no meio. Atualmente temos insistido muito sobre a comunidade. É fundamental para a vida espiritual a participação de uma comunidade. A Igreja é comunidade, é povo de Deus. No Antigo Testamento sempre se fala de povo. Encontramos a responsabilidade pessoal, mas o elemento importante é o povo. Em o Novo Testamento deparamos com Jesus que cria o novo povo, escolhendo os doze apóstolos, pedras fundamentais do novo povo, como foram os doze patriarcas para o povo antigo. Nos Atos dos Apóstolos podemos ler: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava seu o que possuía, mas tudo era comum entre eles” (At 4,32). Os apóstolos constituíam comunidades por onde passavam. Nelas os cristãos vivem e desenvolvem sua fé. O desenvolvimento se faz pela caridade, como escreve Paulo: “Agora permanecem, portanto, a fé, a esperança e a caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1Cor,13,13). A vantagem de se viver juntos, unidos, é praticarmos o que é fundamental para a fé, a caridade.
Descobertas que fazemos
O caminho da história da Igreja sempre trouxe, como modelo da santidade, a vida de caridade que praticamos. Vemos que os santos se dedicaram aos irmãos, dos mais diversos modos. Nisso chegaram a ser imitadores de Jesus. A vida de comunidade leva-nos a descobrir quem somos nós. Sem ter um espelho, somos cegos sobre nós mesmos. O tu é sempre um espelho para o eu e uma descoberta do nós. Descobrirmos também que é através do outro que agradamos a Deus e O servimos, como lemos na parábola do bom Samaritano (Lc 10,29-37). Jesus, na ceia, faz o lava-pés e no-lo dá como exemplo a seguir.
parábola do bom Samaritano (Lc 10,29-37). Jesus, na ceia faz o lava-pés e no-lo dá como exemplo a seguir.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM AGOSTO DE 2007
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