sexta-feira, 12 de agosto de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Felizes os que creram sem ter visto”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
O Ressuscitado dá o Espírito
“Houve tarde e houve manhã, primeiro dia” (Gn 1,5). O primeiro dia do recém-nascido mundo (como é bom acreditar em um Criador – tudo se ilumina). No primeiro dia da Ressurreição criou-se um mundo novo a partir do Filho Vivo, quando Deus separou as trevas do mundo da luz do Ressuscitado. “No primeiro dia da criação, o Espírito de Deus pairava sobre as águas para que tivessem vida”. No primeiro dia da semana, repetindo o mesmo gesto de dar a vida que o Pai fizera na criação do primeiro homem (Gn 2,7), Jesus sopra sobre os discípulos dando-lhes não somente um hálito de vida (em hebraico nefesh) que os manterá por toda sua existência, mas o sopro de Deus (Ruah) que lhes dá a participação na vida divina. “Recebei o Espírito Santo” diz Jesus(Jo 20,22). Jesus, se faz presente, aparece aos discípulos com o corpo ressuscitado. Jesus entra no local, estando fechadas as portas. Notemos que essa será a condição do nosso corpo quando ressuscitarmos. É bom ter bem firme na fé católica a união do corpo com a alma. Esse meu corpo vai ressuscitar. O que a morte destrói são as aparências humanas. O corpo ressuscitado apresenta as aparências da alma que temos e somos. Jesus, naquele momento, apresenta-se com seu corpo humano, crucificado, pois Tomé exige, para crer, tocar na marca dos pregos e colocar a mão no lado aberto pela lança. Quer ver e tocar o mesmo corpo. João dá grande importância a esse modo de ser de Jesus: um corpo livre das amarras da natureza humana e conduzido pelo Espírito. O Apocalipse O apresenta como o Senhor: “Eu sou o Primeiro e o Último, Aquele que vive. Estive morto, as agora estou vivo para sempre” (Ap 1,17-18). Ele o Vivo dá o Espírito de Vida. 
Continuando a vida de Jesus 
A liturgia une a ressurreição de Jesus com a vida da comunidade dos vivos pelo Espírito. A oração da missa reza: “que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos remiu”. A vida nova é continuação da vida de Jesus no povo novo criado na nova aliança do sangue de Cristo. Lucas quer mostrar a continuidade existente entre Jesus e os que creram nele. A profissão de fé de Tomé “Meu Senhor e meu Deus!”, continua na profissão dos seguidores de Jesus. É a máxima profissão. Tomé creu porque viu. Nós professamos a mesma fé porque cremos e assim podemos ver. Essa fé leva os discípulos a continuarem Jesus em sua atividade terrena: “Chegavam a transportar para as praças os doentes, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse em alguns deles traziam os doentes e pessoas atormentadas por espíritos maus. E todos eram curados” (At 5,15-16). A força do Ressuscitado continua em seus discípulos. 
A nova comunidade 
A nova comunidade vive da fé na pessoa de Jesus Ressuscitado. Por isso Jesus diz a Tomé: “Acreditaste porque me viste? Felizes os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Esta bem-aventurança da fé dos discípulos fortalece a esperança da comunidade que continua no mundo fazendo os sinais que Jesus fazia. Seu modo de viver será cada vez mais ressuscitado, quanto mais fizer da vida de Jesus, a sua vida. Quanto mais cremos, mais tocamos, em nossa vida, a presença de Jesus. Essa comunidade reúne-se todos os domingos para celebrar a Ressurreição. O primeiro dia da semana será sempre o momento de professar a fé e acolher a presença do Ressuscitado e manifestá-lo através de sua vida.
Leituras: Atos 5,12-16; Salmo 117; 
Apocalipse1,9-13.17-19;João 20,19-31. 
1. O primeiro dia da semana é o momento especial para a aparição do Ressuscitado. É o início do mundo novo na pessoa de Jesus ressuscitado. Ele dá o Espírito de vida, como o Pai soprara no rosto do homem o hálito de vida. João faz questão de salientar a realidade do corpo ressuscitado. É um corpo movido pelo Espírito, mas é o mesmo que foi crucificado, pois traz as marcas que Tomé exige para crer. Ele é o Vivo que dá o Espírito de Vida. 
2. A liturgia une a ressurreição de Jesus com a vida da comunidade dos vivos pelo Espírito. A vida nova é continuação da vida de Jesus no novo povo criado pelo Sangue de Cristo. Lucas mostra, em Atos, a continuidade existente entre Jesus e os que creram. A profissão de fé de Tomé continua na fé dos discípulos. Estes continuam agindo como Jesus agia, curando e libertando do poder do demônio.
3. A nova comunidade vive da fé na pessoa de Jesus ressuscitado. Por isso Jesus diz que são felizes porque creram sem ter visto. Essa fé fortalece a esperança da comunidade que continua fazendo os sinais que Jesus fazia. Quanto mais continua Jesus, mais ela ressuscita. A comunidade se reúne aos domingos para celebrar a Ressurreição. É o momento de professar a fé nAquele que Vive e manifestá-lo por sua vida. 
Crer para ver 
Jesus, depois da ressurreição apareceu aos discípulos. A alegria deles aumentava. Na primeira aparição, Tomé não estava. Aí veio a confusão. Se não vejo e não toco não creio. Jesus aparece no domingo seguinte e lhe diz: Veja, toque! Não seja incrédulo mas fiel. É preciso aceitar o testemunho da fé. E diz que felizes são os que creram sem ter visto. Nós! Somos felizes porque acreditamos no testemunho daqueles bons homens e mulheres que viram. Crendo nós vemos. Homilia do 2º Domingo da Páscoa
EM ABRIL DE 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário