domingo, 17 de julho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Manifestou-se sua glória”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
O bom vinho da fé
 
Iniciamos o Tempo Comum. São 34 domingos que compõem esse tempo importante do ano litúrgico. Não celebramos uma festa específica de Cristo, como Natal ou Páscoa, mas celebramos o mistério de Cristo em sua totalidade, acompanhando seu caminho desde o Batismo até sua ida ao Pai. Lemos os 3 evangelistas no arco de 3 anos, intercalados por João. O segundo domingo desse ano litúrgico está na linha da manifestação do Senhor juntamente com Natal, Epifania e Batismo. No ano C lemos o evangelho de Lucas, mas neste 2º domingo temos a leitura do evangelho de João narrando as bodas de Caná. Nela há um milagre que mostra a “Glória” e uma profissão de fé dos discípulos nessa manifestação do Senhor: “Esse foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Cana e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nEle” (Jo 2,11). O evangelho das bodas de Caná é repleto de símbolos. A própria festa do casamento é o primeiro símbolo que João coloca: Deus celebra as bodas de seu Filho com seu povo, como lemos também na leitura de Isaias 62,4: “O Senhor agradou-se de ti e tua terra será desposada”. Jesus é o esposo. Como o jovem esposo, um tanto pobre a ponto de não ter o vinho suficiente, Jesus tem um minguado grupo de discípulos. A comunidade é frágil, mas tem a taça do vinho novo, o sangue da redenção que manifesta a glória de Deus e sustenta a fé dos discípulos. Essa fé veio da água do batismo, como aquela água que era para a purificação e agora foi transformada em vinho bom (N.Testamento), superior ao que era bebido até então na história do povo de Deus (A.Testamento). Para aquele punhadinho de gente, é servido o bom vinho. É a inauguração do Reino, da glória e da fé. É o início da nova comunidade. A partir daí os discípulos bebem a taça de vinho abundante que jorra dos lábios de Jesus e depois vai jorrar de seu lado e também será oferecido em cada Eucaristia. Jesus diz apenas: ‘levai ao mestre-sala”. Agora o anfitrião é Jesus, o Esposo que serve. 
Seus discípulos creram nEle 
Maria fora convidada. Era próxima da família. E também Jesus e seus discípulos foram convidados. Maria diz: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). A resposta de Jesus parece dura: “Mulher, que interessa a mim e a ti? Minha hora anda não chegou” (4). Para o semita a expressão significa, mal traduzindo: “Já existiu algum desacordo entre nós?” A atitude de Maria leva a entender o positivo, pois diz aos serventes “fazei tudo o que Ele vos disser” (5). Jesus usa o termo mulher, A Mulher, a Senhora, a Rainha Mãe, a que dava a raça do povo ao filho rei. É a mesma Mulher que, no Calvário, ao dar o Espírito, o Sangue e a Água recebe uma missão de ser Mãe sempre em parto, a Igreja: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19,26). Pela Mãe chega a HORA de Jesus, o momento de Deus manifestar a salvação. Os discípulos creram nele e ficaram ébrios do vinho bom que é a fé em Jesus. 
O vinho do Espírito 
O Espírito continua a festa de casamento de Caná, distribuindo o vinho novo das riquezas de Deus que são seus dons. Há diversidade na riqueza do Espírito: há diversidade de dons, de ministérios, de atividades. Mas é o mesmo Espírito que realiza todas as coisas. Paulo nessa primeira carta aos Coríntios 12,4-11, acentua que todas essas coisas as realiza um só e o mesmo Espírito, que distribui a cada um conforme quer”. A manifestação da glória de Deus que leva à fé passa pelo serviço à comunidade, como o fez Maria que se preocupa que ninguém sofra e que todos vivam sempre na festa do novo Reino 
Leituras: Isaias 62,-5; Salmo 95;
1Coríntios 12,4-11; João 2,-11. 
1. Iniciamos o Tempo Comum que celebra lentamente os mistérios de Cristo. Lemos nesse ano o Evangelista Lucas. Mas nesse segundo domingo sempre lemos a manifestação de Jesus aos discípulos, em continuidade com o mistério de Manifestação do Senhor do Natal, Epifania e Batismo. João narra o casamento em Cana. Nele, Jesus, transformando a água em vinho, inaugura o tempo estabelecido por Deus para a realização do Desígnio salvífico. Deus celebra as bodas do Filho com seu povo, ali, com o minguado grupo dos discípulos. 
2. Maria, a Mãe, a Mulher, a Rainha Mãe, ao Lhe dizer que eles não têm mais vinho, não recebe uma resposta mal educada. Jesus afirma que estão que estão sempre de acordo. Por isso ela diz aos serventes: “Façam tudo o que Ele vos disser”. Ela é a Mulher que, ao pé da Cruz, chamada do mesmo modo, torna-se a Mãe continuamente em parto, gerando filhos. Ela é a Igreja. Pela Mãe chega a Hora de manifestar a Glória. E os discípulos creram. Inaugura-se o novo reino. 
3. O Espírito continua a festa do casamento distribuindo seus dons. Há diversidade, mas é o mesmo Espírito que distribui a cada um como quer. A manifestação da Glória de Deus que leva à fé, passa pelo serviço à comunidade, com o fez Maria que se preocupa para que a festa do Reino sempre continue. 
Saideira 
No auge da festa, o vinho acabou! A família de Jesus estava lá. A festa durava dias. A Mãe de Jesus acompanhava o movimento e vai a Ele e diz: “Eles não tem mais vinho!” Na fé, não pode faltar a Mãe. Acontece o milagre do vinho novo. Com a saideira de Jesus, a festa pegou fogo para valer. Ele é o vinho novo, o novo Reino. A fé em Jesus não deixa a festa acabar. É um mundo novo, uma vida nova.
Homilia do 2º Domingo Comum
EM JANEIRO DE 2007

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