sexta-feira, 1 de julho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Lendo os sinais dos tempos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
A grande tribulação
 
Estamos chegando ao final do ano. A liturgia reflete a temática escatológica, isto é, os últimos acontecimentos do mundo. É o gênero bíblico chamado apocalipse. Não pode ser lido como se leem os outros trechos da Bíblia. Esse gênero era usado no tempo de Jesus, como vemos nos evangelistas e no Apocalipse de S. João. A linguagem parece cifrada, para nós, mas para então, era de fácil compreensão. É uma teologia da história: ler os acontecimentos a partir de Deus. A tribulação, que Marcos escreve, está ligada também à perseguição dos cristãos. Esperamos o futuro e estamos vigilantes no momento presente para que a fé não desfaleça. Os discípulos devem manter firme a certeza em Jesus que “virá sobre as nuvens”, apesar da tribulação, dos acontecimentos naturais do mundo e das perturbações dos povos. Ouvimos os Anjos dizerem na Ascensão: “Ele virá do mesmo modo que para o céu o vistes partir” (At 1,11). Não podemos desligar os acontecimentos finais de sua significação maior que é realização do Reino de Deus no mundo agora. É preciso ler os sinais dos tempos e neles ver a presença de Deus, Senhor da história. Deus fala de muitos modos. 
Ele reunirá os eleitos 
Quando falamos de vinda de Cristo, juízo universal, fins dos tempos, ficamos preocupados com a condenação. Ao contrário! Devíamos nos alegrar porque é o tempo de receber a recompensa. O fim para os que creem, os eleitos, é o momento de ir ao encontro do Senhor, pois “serão reunidos dos quatro cantos da terra” (Mc 13,27). Sua vinda poderá ser terrificante para os que não estiverem vigilantes praticando a caridade. Virá e nos levará consigo para estar com Ele. Diz Jesus: “Pai, aqueles que me destes, quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo” (Jo 17,24). É o momento de receber a recompensa: “Vinde benditos de meu Pai, receber o prêmio que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25,34). São palavras garantidas: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mc 13,31). 
Ensinando o caminho das virtudes 
O profeta Daniel nos ilumina quanto ao tempo da espera do grande dia: “Os que tiverem sido sábios, brilharão como o firmamento. E os que tiverem ensinado a muitos o caminho da virtude, brilharão como as estrelas por toda eternidade” (Dn 12,3). A espera exige que se tomem atitudes que inscrevam as pessoas no livro da vida através da sabedoria e do ensinamento. Evangelizar os outros é salvar-se e fazer do tempo da espera, tempo de implantar o Reino que virá. É um convite à missão de anúncio do Senhor Jesus. 
Leituras: Daniel 12,1-3; Salmo 15; 
Hebreus 10,11-14.18; Marcos 13,24-32 
1. A liturgia desse tempo reflete sobre a temática escatológica, isto é, os últimos acontecimentos. É o gênero apocalíptico que deve ser lido de modo diferente dos outros textos. Para nós é cifrado, mas para os cristãos do tempo era claro. Esperamos o futuro, vigilantes na fé. O mundo futuro não pode ser desligado do momento atual. Vemos a presença de Deus na história, lendo os sinais dos tempos. 
2. Os novíssimos, realidades últimas, nos assustam. Ao contrario devem nos alegrar, pois é o momento de ir ao encontro do Senhor, pois serão reunidos dos quatro cantos da terra. Nós esperamos vigilantes praticando a caridade, receber o prêmio: “Vinde benditos do Pai receber o Reino”. 
3. O profeta Daniel explica-nos que vivemos o tempo presente sendo sábios e ensinando o caminho da virtude. Isso significa estar vigilantes. Assim, na evangelização, realizamos essa espera. 
Lendo as nuvens 
O mundo vai acabar! Os profetas da desgraça gostam de anunciar dias e sinais do fim dos tempos. Perda de tempo, pois todo mundo pode saber direitinho o dia e a hora. É muito fácil. Sabemos interpretar tantas coisas da vida: tempo, futuro, política, economias e tantas mais. É fácil interpretar o tempo de Deus. O dia e a hora de Deus são a cada momento. Jesus ensina a ler os sinais dos tempos. Se for alfabetizado na fé, vou saber ler sua presença e ação nas nuvens, nas pessoas, nos acontecimentos. Saberei encontrá-lo, entendê-lo e amá-lo, pois de nós Ele não se esconde. Homilia da Solenidade de Cristo Rei
EM NOVEMBRO DE 2006

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