segunda-feira, 13 de junho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Tu és o Messias”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DE DEUS
E vós quem dizeis que eu sou? 
Os evangelhos narram os ensinamentos de Jesus, mas também nos fazem conhecer o que se passava com Ele. O texto de Marcos 8,27-35 relata um momento difícil para Jesus que veio ao mundo para anunciar a chegada do Reino. Tem consciência de sua missão. A pergunta que fez aos discípulos demonstra como vê sua missão. Humanamente falando está falido. Após ter ensinado tanto e comprovado com Seus milagres, o povo ainda pensa que Ele é ou um profeta ou Elias ou Jeremias. Voltando-se para seus discípulos pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Que fé possuem Seus discípulos? Pedro responde: “Tu és o Cristo (o mesmo que Messias)!” Pedro está manifestando a fé dos discípulos. É o Messias, pois todos os dons estão presentes nEle. Jesus precisava ouvir essas palavras. Está em uma fase difícil de seu ministério. Assim encontra em seus discípulos o apoio a sua missão e não está só. Contudo rejeita toda interpretação política e social que destoe de sua missão. Jesus dá então os ensinamentos fundamentais da missão com a qual os discípulos se comprometem professando sua fé: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (Mc 8,31). Pedro não entendendo a lição, chama Jesus à parte e faz-lhe uma repreensão. A resposta não se faz esperar: “Vai para longe, Satanás, tu não pensas como Deus e sim como homem” (32-33). Satanás é o Inimigo, aquele mesmo que estivera com Ele na tentação do deserto. Quantos de nós temos uma fé que não corresponde ao Reino, mas aos homens. Assim somos inimigos de Jesus.
Com a cruz às costas 
Jesus, tendo superado a tentação que lhe sugere Pedro, de abandonar Seu objetivo de ir a Jerusalém e ali sofrer, chama os discípulos e mostra-lhes como segui-lo nesse caminho nada glorioso que assume. Em Jesus há uma decisão de cumprir a vontade do Pai até o extremo da obediência, pois tem a certeza de que o Pai lhe dá garantia. Chama, então, os discípulos e ensina-lhes como pensa Deus, pois Pedro pensa como os homens. Eles, que professaram sua fé, aprendem que “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la” (Mc 8,34-35). Jesus propõe-se a perder a vida para retomá-la na Ressurreição. Esse é o caminho do discípulo que O confessa como o Messias, Cristo, vindo de Deus. 
Crer com as mãos e os pés 
Tiago é muito prático, ensina-nos o que significa crer. Crer em Jesus é tomar sua cruz. O caminho do Calvário se faz pelo amor aos irmãos. A fé é verdadeira quando se transforma em amor, em atos aos irmãos. Fé sem obras é morta, confirma o apóstolo. Vemos em contraposição uma frase de Paulo que escreve: “Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm 3,28). As obras de que diz Paulo são a obediência à letra da lei. Mas também afirma que “em Cristo nada vale ... a não ser a fé que é operosa através da caridade” (Gl 5,6). Crer é mais que simplesmente ter fé: é caminhar seguindo Jesus no amor; é agir com as mãos, isto é, concretamente. Caminhar é ir atrás dos meios de realizar a caridade. Do contrário, nossa fé será morta e teremos o pensamento dos homens e não de Deus. Quando passamos por momentos difíceis na vida, temos que ver se não são consequências de nossa fé que é união com Jesus que sofre por ser fiel ao Pai. 
Leituras:Isaias 50,5-9;Salmo114; 
Tiago 2,14-18; Marcos 8,27-35. 
1. Jesus, tendo ensinado e, com seus milagres, comprovado sua missão, vê que está diante de um fracasso. Prova-o ao perguntar aos discípulos sobre o que pensava o povo. Pergunta então aos discípulos o que eles mesmos dizem. Pedro faz, em nome do grupo, a profissão de fé. Essa profissão de fé é suficiente para que Jesus continue sua missão, mesmo tendo diante dos olhos os sofrimentos da Paixão. Pedro repreende Jesus por afirmar os sofrimentos que o esperam. Jesus o chama de Satanás, inimigo, pois não tem os pensamentos de Deus, mas dos homens. 
2. Jesus diz aos discípulos que essa profissão de fé significa passar pelo mesmo caminho que passou. Por isso afirma: “Quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la” (Mc 8,34-35). É esse o caminho do discípulo. 
3. Tiago explica claramente que a fé professada passa pelo amor, por isso é preciso crer com as mãos e os pés. Crer passa pela ação. Crer é caminhar seguindo Jesus no amor operoso na caridade. Do contrário nossa fé será morta e teremos o pensamento dos homens e não de Deus. Quando sofremos estamos unidos ao mistério da Paixão de Jesus.
Santa fofoca! 
Jesus quis saber o que o povo e eles mesmo, os discípulos, diziam dele. Claro que não ajuda. Jesus, contudo quer saber. E Pedro diz: “Tu és o Messias”! É uma profissão de fé que vem não só de suas palavras, mas de Deus. Naquele momento Jesus mostra o que é ser Messias: é caminhar para o Calvário. Mesmo falando tão bonito, Pedro deu bobeira e quis tirar Jesus do caminho da cruz. Jesus o chama de Satanás, pois não pensa como Deus, mas como os homens. E quem não segue o caminho de Jesus é um satanás, um obstáculo ao caminho de Deus. Caminho de perda para ter a vida. 
Homilia do 24º Domingo Comum
EM SETEMBRO DE 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário