domingo, 5 de junho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Assunção de Maria ao Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA CONSAGRADO
SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR
Maria ingressa no palácio real
 
Celebramos a Assunção de Maria ao Céu. O fato de a celebração ser no 15.08 não quer dizer que Maria tenha terminado sua vida nesse dia (nem sabemos se morreu – eu acho que sim, pois Jesus também morreu). O motivo de ser esse dia é porque é o dia da dedicação de uma igreja a Maria em Jerusalém. O salmo 44, celebrando o matrimônio real, contempla a beleza da esposa que é conduzida ao rei na festa das núpcias. O salmo é aplicado a Maria, que entra na mansão do eterno Rei. É aplicado também à Igreja, esposa de Cristo que vem de longe, formada por todos os povos para unir-se a Ele na fidelidade. Essa celebração tem duas dimensões: uma celeste e outra terrestre. Vemos Maria glorificada e imagem da Igreja (mulher vestida de sol); na visão terrestre conhecemos o projeto divino que Maria proclama para a Igreja em seu canto de louvor, o magnificat. Ao contemplarmos Maria sendo levada ao Céu em corpo e alma, reconhecemos a grande vitória de Cristo, Senhor, que entrega o Reino ao Pai, depois de destruir todo o poder e força, e colocar todos os inimigos sob seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte (1Cor 15,24-26). A Assunção de Maria demonstra essa vitória de Cristo. Ele é o primeiro que ressurgiu. Ela é a primeira fiel a ser contemplada com a ressurreição total, realização de toda a esperança da humanidade. “É a aurora e o esplendor da Igreja triunfante e consolo para o povo ainda em caminho” (prefácio). Maria está unida à glorificação do Filho, pois a Ele estava assimilada.
Bendita és tu entre as mulheres 
No evangelho de Lucas ouvimos a narração da visita de Maria a Isabel. Maria, que leva o Filho de Deus, está repleta do Espírito Santo. A saudação de Maria transmite a Isabel a plenitude do Espírito Santo, que a faz exultar com seu filho. Essa visita é cheia da graça divina, e pela primeira vez na comunidade messiânica uma mulher, figura da Igreja, compreende e proclama Maria a Mãe do Senhor, o Deus vivo. Maria recebe de Isabel a proclamação de sua bem-aventurança, a maior e fonte de todas as outras: “bem-aventurada aquela que acreditou porque será cumprido o que o Senhor prometeu” (Lc 1,45). Nós continuamos essa saudação quando rezamos a Ave-Maria. A bendita entre todas as mulheres alegra-se em Deus pelas maravilhas realizadas nela. É a Igreja que continua reconhecendo as maravilhas que o Senhor nos fez em Seu Filho Redentor. Alegrando-se Maria mantém sua atitude fundamental de vida, que a faz mais bendita: “olhou a humildade de sua serva”, e, como dissera na encarnação, “Eis aqui a serva do Senhor”. A Igreja, como Maria, não é o fim em si, mas o serviço total ao Pai. Maria é o ícone, a fotografia da Igreja. Na Igreja se realizam maravilhas, quando permanece serva dedicada e discípula fiel.
Lembrando-se de sua misericórdia 
Maria é fotografia, ícone da Igreja no céu, mas profetiza sobre ela o desígnio de Deus: cuidar dos mais empobrecidos. Por mais que amemos Maria, não o realizaremos se não seguirmos seu anúncio: Deus, em sua misericórdia, visita-nos e quer que sejamos nós também atuantes na renovação do mundo a partir dos empobrecidos. Como Cristo ressuscitado entregará o Reino ao Pai, quer que participemos de sua vitória destruindo os laços de escravidão do mundo e que seja vencida a morte, como aconteceu em Maria. Essa é a vitória sobre o dragão que quer comer o filho da Mulher. O devoto de Maria não se perde nem perde o tempo se o dedica a elevar os pobres, destruindo as forças do mal. 
Leituras: Ap 11,19ª.12,1.3-6a;10ab; 
Sl 44; 1Cor 15,20-27; Lc 1,39-56. 
1. Celebramos a Assunção de Maria dia 15.08 porque era dia da dedicação de uma igreja a Maria, em Jerusalém. Para compreender essa festa partimos do salmo 44, que canta a entrada da esposa do rei no dia das núpcias. O Salmo é aplicado a Maria e à Igreja que é a esposa que vem de todos os povos para unir-se a seu Senhor. Celebrando a festa comemoramos a vitória de Cristo que põe os inimigos a seus pés. O último é a morte. Maria é a primeira fiel a ser contemplada com a glória, por estar unida a seu Filho. 
2. Ao saudar Isabel, transmite-lhe o Espírito Santo que exulta juntamente com seu Filho e proclama a bem-aventurança, fonte de todas as outras: “bem-aventurada aquela que acreditou”. Isabel, figura da Igreja, proclama Maria a Mãe do Senhor, o Deus vivo. Maria é bendita porque é sempre a serva do Senhor. 
3. Para sermos verdadeiros devotos de Maria precisamos realizar a profecia que ele proclama na Igreja: sua misericórdia permanece para sempre para com todos os pobres e sofredores, como canta em seu Magnificat. Assim vencemos as forças do mal que destroem a vida. 
“Mulher Maravilha” 
Curioso! Por que Deus iniciou a redenção do mundo por uma mocinha? Ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo, num mundo desconhecido. Ela carrega em si a divindade que se fez homem. Concebida sem mancha do pecado (Imaculada), realiza em si o projeto de Deus a toda humanidade. Sendo levada ao Céu em corpo e alma torna verdade o sonho de toda a humanidade de corresponder a Deus em totalidade. Recebeu assim a redenção total. Seu canto, o “magnificat” (minha alma exulta), mostra que a santidade de Deus em nós leva a mudar as estruturas do mundo para que, com ela, subamos ao Céu. 
Homilia da Assunção de Maria
EM AGOSTO DE 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário