Evangelho segundo São João 21,20-25.
Naquele tempo, Pedro, ao voltar-se, viu que o seguia o discípulo predileto de Jesus, aquele que, na Ceia, se tinha reclinado sobre o seu peito e Lhe tinha perguntado: «Senhor, quem é que Te vai entregar?».
Ao vê-lo, Pedro disse a Jesus: «Senhor, que será deste?».
Jesus respondeu-lhe: «Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa? Tu, segue-Me».
Divulgou-se então entre os irmãos o boato de que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro que ele não morreria, mas sim: «Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa?».
É este o discípulo que dá testemunho destes factos e foi quem os escreveu; e nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Jesus realizou muitas outras coisas. Se elas fossem escritas uma a uma, penso que nem caberiam no mundo inteiro os livros que era preciso escrever.
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Hipona(norte de África),
doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João,
n.º 124, 5-7; CCL 36, 685
Pedro e João, da ação à contemplação
A Igreja tem duas vidas preconizadas e recomendadas por Deus. Uma é na fé, a outra na visão; uma na peregrinação no tempo, a outra na morada da eternidade; uma no trabalho, a outra na quietude; uma no caminho, a outra na pátria; uma no esforço da ação, a outra na recompensa da contemplação. A primeira é representada pelo apóstolo Pedro, a segunda por João. A primeira decorre inteiramente na Terra até ao fim do mundo, e depois acaba. A segunda só encontrará a sua plenitude depois do fim do mundo, e não terá fim no mundo que há de vir.
Foi por isso que Jesus disse a Pedro: «Segue-Me», e sobre João: «Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa? Tu, segue-Me». Que a tua ação Me siga, perfeita e modelada no exemplo da minha Paixão; que a contemplação começada permaneça até Eu voltar, e torná-la-ei perfeita quando voltar. Porque este fervor vigoroso que se mantém firme até à morte segue a Cristo; e este conhecimento que então será revelado em plenitude permanece até ao regresso de Cristo. Aqui na Terra dos mortais, temos de suportar os males deste mundo; lá, contemplaremos os bens do Senhor na terra dos vivos (Sl 26,13). Portanto, que ninguém separe estes dois gloriosos apóstolos; porque ambos foram o que Pedro simboliza e ambos serão o que João representa.
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