Evangelho segundo São Mateus 7,6.12-14.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, não vão eles calcá-las aos pés e voltar-se para vos despedaçarem.
Portanto, o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também: esta é a Lei e os profetas».
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e muitos são os que seguem por eles.
Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida e como são poucos aqueles que os encontram!».
Tradução litúrgica da Bíblia
Mensagem para a Jornada
Mundial da Paz 2002, §§ 6-8
(Libreria Editrice Vaticana, rev.)
«O que quiserdes que os homens
vos façam, fazei-lho vós também»
Quem mata com atos terroristas cultiva sentimentos de desprezo pela humanidade, manifestando desespero em relação à vida e ao futuro; nesta perspectiva, tudo pode ser odiado e destruído. O terrorista considera que a verdade em que crê ou o sofrimento de que padece tão absolutos, e por isso legitimam a sua reação de destruir, até, vidas humanas inocentes. A violência terrorista é totalmente contrária à fé em Cristo Senhor, que ensinou os seus discípulos a rezar: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» (Mt 6,12).
Na verdade, o perdão é, antes de mais, uma decisão pessoal, uma opção do coração que se opõe ao instinto espontâneo de devolver o mal com o mal. Tal opção tem o seu termo de comparação no amor de Deus, que nos acolhe apesar do nosso pecado, e o seu modelo supremo no perdão de Cristo, que rezou no alto da cruz: «Perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34).
O perdão tem, pois, uma raiz e uma medida divinas. Mas isto não exclui que o seu valor possa ser acolhido também à luz de considerações humanas razoáveis. E a primeira deriva da experiência que o ser humano vive em si próprio quando comete o mal: apercebendo-se da sua fragilidade, deseja que os outros sejam indulgentes com ele. Deste modo, como não havemos de fazer aos outros aquilo que esperamos que nos façam a nós? De facto, todos os seres humanos albergam dentro de si a esperança de poderem retomar o curso da sua vida, não ficando para sempre prisioneiros dos próprios erros e culpas; sonham poder levantar de novo o olhar para o futuro, para descobrir novas perspectivas de confiança e de empenhamento.
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