terça-feira, 3 de maio de 2022

SANTOS EVÊNCIO, ALEXANDRE E TEÓDULO, MÁRTIRES, NA VIA NOMENTANA

Estes três Santos mártires da fé foram sepultados, em Roma, a sete milhas da Via Nomentana. No início, achava-se que tivessem vivido no século II, mas, após sucessivas investigações, descobriu-se que eram do século IV. Assim, ficou comprovado de que Alexandre não é o mesmo que o Papa Alexandre I.
1. Santos Mártires Alexandre I (Papa),
Evêncio e Teódulo (Presbíteros)

"Relicário de Cabeça do Papa Alexandre", com o rosto 

de Alexandre I ao topo e pinturas dos três santos mártires 

na base do relicário.Abadia Stavelot sob o 

Abade Wibald, cerca de 1145. Arte Proto-Românica (?).

Santo Alexandre I, natural de Roma, foi o sexto Papa da Igreja. Sucedeu a Santo Evaristo, no ano 107 e tinha apenas 30 anos de idade quando assumiu a cadeira de São Pedro. Apesar da idade, exercia já grande influência sobre as pessoas, pela sua extrema piedade e reconhecida santidade. É o sexto Papa da Igreja e também o sexto a tombar em defesa da fé.
Era com muita força que suas pregações atingiam o coração das pessoas, de forma que foi o responsável pela conversão de muitos senadores e grande parte da nobreza romana, dentre os quais um prefeito de nome Hermes e de seus entes, totalizando a conversão de mil duzentas e cinquenta pessoas. Isto acabou culminando na sua prisão, por força de mandado expedido pelo governador Aureliano. Trancafiado na cadeia, fez muitos e grandes milagres. Certo dia, estando nela algemado, veio à noite um menino com uma tocha acesa nas mãos e lhe disse: "Siga-me, Alexandre", e havendo feito uma oração, entendendo que era o menino um Anjo do Senhor, seguiu-lhe sem que as paredes, nem portas, nem guardas lhe impedissem a saída do cárcere. O menino lhe guiou até a casa do tribuno Quirino, onde encontrava-se preso Hermes, que muito desejava ver Santo Alexandre. Hermes havia dito a Quirino que, por mais que estivesse preso, Alexandre viria à sua casa.

Quando se encontraram, abraçaram-se os santos mártires e derramaram muitas lágrimas de consolo, animando-se mutuamente a morrer por Jesus Cristo. Tal fato assombrou o tribuno Quirino, que já havia ouvido alguns argumentos de Hermes e as razões da conversão e da sua fé em Jesus. Ao ser, naquele momento, sua filha curada de grave enfermidade com o toque das algemas de Santo Alexandre, Quirino converteu-se também ao Cristianismo, com sua filha e todos os presos que estavam no cárcere. Santo Alexandre, assim, mandou que os sacerdotes Evêncio e Teódulo os batizassem naquele dia.

Santo Evêncio Presbítero (aqui, retratado como Bispo)
.
Gravura proto-românica (?) do "Relicário de Cabeça

do Papa Alexandre". Abadia Stavelot sob o

Abade Wibald, cerca de 1145.

Chegando esta notícia a Aureliano, encheu-se ele de furor e ordenou que fossem atormentados os que haviam sido batizados no cárcere, mandando que trouxessem à sua presença Alexandre, com os dois presbíteros Evêncio e Teódulo, dizendo-lhes: "Deixemos de práticas e vamos direto ao caso". Ordenou então que que os carrascos dilacerassem a Alexandre, arrastassem-lhe com um potro e lhe atormentassem com golpes sua carne, bem como que queimassem seu costado com chamas acesas. Após estes tormentos, Alexandre permanecia calado. Então, Aureliano perguntou: "Por que te calas? Por que não te queixas?" Respondeu Alexandre: "Quando um cristão cala, com Deus fala".
São Teódulo Presbítero (aqui, retratado como Diácono).

Gravura proto-românica (?) do "Relicário de Cabeça

do Papa Alexandre". Abadia Stavelot sob o

Abade Wibald, cerca de 1145.

Aos mesmos tormentos foram submetidos Evêncio e Teódulo. Evêncio tinha 81 anos de idade, fora batizado com 11 e ordenado sacerdote aos 20. Os tormentos eram intensificados, mas ao invés de aterrorizá-los, manifestavam cada vez mais fé e amor a Deus. Aureliano, assim, mandou acender um forno e mandou fechar Alexandre e Evêncio, mas deixou Teódulo próximo à abertura da porta para que, vendo como se abrasavam, sacrificasse aos ídolos pelo temor de semelhante castigo. Entretanto, Teódulo não espantou-se ao ver a chama cobrindo seus companheiros; pelo contrário, incendiado pelo amor divino, desejou ser lançado com eles que, de dentro do forno, lhe chamavam e diziam que onde estavam não havia dor e nem tormento, senão refrigério e descanso. E assim foi: as chamas não lhes causaram mal algum e todos saíram do forno mais resplandescentes do que o ouro.

Não abrandou-se, porém, o coração duro e rebelde do tirano, que mandou degolar Evêncio e Teódulo. Com umas setas de aço muito agudas, mandou que fossem atravessados todos os membros do corpo de Alexandre, para que morresse mais cruelmente, sendo degolado no dia 03 de maio de 116, sob o império de Adriano.
Santo Alexandre I, Papa. Gravura 

proto-românica (?) do "Relicário de Cabeça

do Papa Alexandre". Abadia Stavelot sob o

Abade Wibald, cerca de 1145.

Durante seu pontificado, Santo Alexandre estabeleceu que durante a celebração da Eucaristia fosse usado na consagração pão sem fermento. Também decretou que antes da consagração do cálice com vinho fosse nele mesclado um pouco de água significando a união de Cristo com sua Igreja, e para representar a água que que junto ao Sangue saiu do seu costado. Pronunciou excomunhão contra todos os que impedissem aos legados apostólicos de cumprir as ordens do Sumo Pontífice. Sagrou cinco bispos, seis presbíteros e dois diáconos. Escreveu três epístolas, que são conhecidas como o "primeiro tomo dos Concílios", onde constam os aludidos decretos e ordens.

Consta também outra regra muito importante, que trata da bênção da água com sal, nas cerimônias que até hoje a Igreja celebra, seu uso nos templos, casas e aposentos, contra as tentações e ciladas dos demônios, que continuamente nos perseguem com seus malignos ataques. Este costume tem sido preservado na Igreja Católica desde os primórdios, e o Senhor tem feito inumeráveis milagres, de muitas e diversas maneiras por meio da água benta, sanando todo o gênero de enfermidades, apagando fogos e incêndios, sossegando as tormentas do mar e tremores de terra, tempestades, furacões, raios do céu, e livrando corpos de demônios.

(Texto extraído de “Na Luz Perpétua”, por Pe. J. B. Lehmann,
e disponível na Página Oriente, alterações a/c blog)

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