Evangelho segundo São João 15,26-27.16,1-4a.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
Disse-vos estas palavras para não sucumbirdes.
Hão de expulsar-vos das sinagogas; e mais ainda, aproxima-se a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus.
Procederão assim por não terem conhecido o Pai, nem Me terem conhecido a Mim.
Mas Eu disse-vos isto, para que, ao chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo tinha dito».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 108; PL 52, 499
Oferecer um sacrifício a Deus
«Rogo-vos, pois, irmãos,
pela misericórdia de Deus,
que ofereçais o vosso corpo
como hóstia viva,
santa e agradável a Deus» (Rom 12,1).
Com este pedido, o apóstolo Paulo ensina todos os homens a participarem no sacerdócio. Não é no exterior que o homem procura aquilo que vai oferecer a Deus; ele traz consigo e em si o que vai sacrificar a Deus, para seu próprio bem. «Rogo-vos pela misericórdia de Deus»: irmãos, este sacrifício é à imagem de Cristo, que imolou o seu corpo e ofereceu a sua vida pela vida do mundo. Na verdade, Ele fez do seu corpo um sacrifício vivo, Ele que vive, após ter sido morto. Nesse sacrifício tão grande, a morte é aniquilada, conquistada pelo sacrifício. É por isso que os mártires nascem no momento da sua morte, a sua vida começa quando termina: eles vivem quando são mortos e brilham no Céu quando na Terra se pensa que morreram.
«Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas abriste-me os ouvidos; não te agradaram holocaustos nem vítimas» (Sl 39,7). Sê simultaneamente o sacrifício oferecido e aquele que o oferece a Deus. Não percas aquilo que o poder de Deus te ofereceu. Veste o manto da santidade. Toma o cinto de castidade. Que Cristo seja o véu da tua cabeça; a cruz, a proteção da tua testa, que te faz perseverar. Conserva no teu coração o sacramento das Escrituras divinas. Que a tua oração arda sempre como incenso agradável a Deus. Toma «a espada do Espírito» (Ef 6,17); que o teu coração seja o altar onde poderás, sem temor, oferecer toda a tua pessoa e toda a tua vida.
Oferece a tua fé para punir a descrença; oferece o teu jejum para pôr fim à voracidade; oferece a tua castidade para que a sensualidade morra; sê fervoroso para que a maleficência acabe; faz obras de misericórdia para pôr fim à avareza; e, para suprimir a futilidade, oferece a tua santidade. Deste modo, a tua vida tornar-se-á uma oferenda, se não tiver sido ferida pelo pecado. O teu corpo vive sempre que, fazendo o mal morrer em ti, ofereces a Deus virtudes vivas.
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