Santa Elizabeth foi dada por Deus a seus pais, cristãos devotos de uma nobre família de Heracléia, na Trácia, após uma intervenção miraculosa de Santa Glicéria, Virgem e Mártir (13 de maio). Desde sua infância, ela conservou em seu coração os ensinamentos dos santos, procurando viver segundo os ensinamentos de evangelho, revelando um espírito de liderança. Quando, na idade de doze anos, ficou órfã, distribuiu sua herança aos mais necessitados, libertou seus escravos e entrou para o convento de São Jorge, conhecido como «Pequena Colina», em Constantinopla, que era dirigido por sua tia paterna. Abraçou zelosamente todas as obras de vida ascética, tornando-se rapidamente um vaso eleito de graça. Os olhos de seu coração estavam constantemente fixos na beleza divina, razão pela qual, durante três anos inteiros, manteve olhar fixo no chão, sem deixá-lo vaguear à esmo. Usava apenas um casaco e caminhava descalça, mesmo no rigor do inverno, mas o amor de Deus que ardia em seu coração substituía o casaco e a manta.
As lágrimas que derramava quando orava, exalava uma fragrância mais suave que os perfumes de banhos. Seu principal alimento era o pão descido céu, dado em comunhão na Divina Liturgia. Quando a superiora do convento estava prestes a deixar esta vida, apontou para Elizabeth como sua sucessora, e o Santo Patriarca Gennadius (458-471), foi quem lhe conferiu a investidura. Deus, então, redobrou os efeitos de sua graça e a Santa operava muitos milagres: cura de doenças graves, expulsão de demônios e profecia. Assim, ela profetizou ao imperador Leão I o terrível incêndio que destruiu a capital em 465*, também previsto por São Daniel Estilita (11/12), e foi através da intercessão destes dois santos que a cidade foi preservada da destruição total. Em sinal de reconhecimento, o Imperador ordenou a construção de um Monastério nas terras de São Babylas, próximo ao palácio de L’Hebdomon. Grandes milagres aconteceram na região e a fama do poder da santa se espalhou rapidamente em todo o território da cidade imperial. Muitos doentes que acorriam a ela ficaram livres de seus males. Um dia, durante a Divina Liturgia, ela entrou em êxtase e viu o Espírito Santo descer como uma grande lâmina de luz branca a rodear o altar. Já perto do final de sua vida, Santa Elizabeth retornou à sua terra natal, Heraclea, para venerar os santuários. Santa Glicéria apareceu-lhe, recordando a proteção concedida a ela desde a sua infância e convidando-a para habitar em seu lar celestial, um dia após a festa de São Jorge. Voltando ao seu mosteiro, Elizabeth passou suas instruções finais e, depois de os Sagrados Mistérios (Eucaristia), seu rosto se iluminou como o sol e ela elevou suas mãos com alegria para o céu, repetindo as palavras do profeta São Simeão: «Agora, ó Soberano Senhor, deixa o teu servo ir, porque meus olhos viram a tua Salvação!». E, serenamente, entregou a sua alma a Deus. O corpo de Santa Elizabeth, que permaneceu incorrupto por muitos séculos, tornou-se uma fonte de cura.
* Esta catástrofe é comemorada no Synaxarion em 1º de setembro.
Trad.: Pe. André Sperandio
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