Aleth (ou Aliete) nasceu na segunda metade do século XI, por volta de 1070; era filha do Conde Bernardo, Senhor de Montbard (Côte d’Or), da nobre família descendente dos duques de Borgonha, e de Umberga (Umbelina) de Ricey. Destinada à vida religiosa, ela foi educada em uma escola monástica onde aprendeu a ler e a escrever o latim e o grego, a cantar os Salmos, a conhecer perfeitamente as Escrituras. Mas, por razões de alianças, ela foi dada em casamento aos 15 anos ao Senhor de Chatillon sur Seine, Tescelin, chamado o Vermelho, homem de grande virtude. Aleth era doce, benevolente e reservada. Seus cabelos louros em tranças caiam ao lado da face. Tescelin era um nobre cavaleiro a serviço do Duque da Borgonha, Eudes 1º, que apreciava seus conselhos e sua bravura. O duque lhe confiou a fortaleza de Fontaines-lez-Dijon que ele tinha construído em 1080 para defender a cidade de Dijon.
Em 1090, nasceu o terceiro, Bernardo, futuro Abade de Claraval, o grande Santo, Pai da Igreja, fundador de 70 mosteiros cistercienses, a maior figura da Cristandade da Idade Média. O quarto onde ele nasceu foi transformado em capela no século XV, confiada à congregação dos Feuillants (cistercienses reformados) de Dijon.
Desde o nascimento Aleth ofereceu seu filho Bernardo a Deus na capela que mandara construir no castelo em honra a São Ambrosiniano, bispo e mártir armênio cuja relíquia lhe fora trazida da Armênia por um peregrino. Em 1619 no local foi inaugurado um santuário que incluía a capela. A Revolução Francesa provocou a ruína do castelo e a destruição do santuário. No século XIX o conjunto foi restaurado.
Desde o início da gravidez de Bernardo Aleth via em sonhos um pequeno cão branco e preto que latia com força e lhe profetizava que sua criança seria um grande orador e um pregador poderoso. Aleth tomou para si os cuidados da primeira educação de seus filhos. No castelo ela cumpria conscienciosamente suas obrigações domésticas e levava socorro e consolo aos pobres e aos doentes da vizinhança. Ela exigia de sua família uma disciplina litúrgica estrita e desejava ardentemente que todos seus filhos se dedicassem ao serviço de Deus.
Muito culta, Aleth tinha um estreito relacionamento com o Abade de São Benigno, Jarenton, personagem célebre, antigo prior do Mosteiro de Chaise Dieu, bispo de Landres e legado do papa para numerosas missões. O Mosteiro de São Benigno de Dijon era à época “Cabeça” de quarenta mosteiros na França e Guilherme de Volpiano havia mandado construir uma Abacial majestosa que o Abade Jarenton restaurou.
Era para esta abacial que Aleth levava o pequeno Bernardo para assistir às cerimônias e escutar o canto gregoriano, ou para rezar na cripta dos santos sob as famosas “rotondas” sobre o túmulo de São Benigno, ou na capela da Virgem. Somente esta cripta subsiste da abacial daquela época.
Aleth foi esposa e mãe exemplar, fez de seus filhos cristãos perfeitos e excelentes gentis-homens. Grande era sua caridade com os pobres: ia de casa em casa à procura dos mais necessitados e dos doentes, que socorria generosamente não desprezando os serviços mais humildes.
A Beata, seu esposo e S. Bernardo |
Seu túmulo foi cercado de uma grande devoção durante mais de cem anos. No final do século XII, seu túmulo apresentava esculturas representando seus 6 filhos que se tornaram monges cistercienses seguindo o irmão, Bernardo. Sua filha, Umbelina, também ingressou na Ordem em 1132 e tornou-se abadessa do mosteiro cisterciense de Jully les Nonnains e foi declarada Santa. Seu esposo, Tescelin, também se retirou no fim da vida no Mosteiro de Citeaux. Em 1250 o Abade de Claraval fez transferir os restos da Bem-aventurada Aleth para seu mosteiro, colocando-os ao lado do túmulo de São Bernardo.
A morte da mãe afetou muito o jovem Bernardo, à época com 16 anos, mas mesmo após sua morte Aleth manteve uma grande influência sobre seu filho: no momento de ele decidir entrar como monge na Abadia de Citeaux ela lhe apareceu, toda vestida de branco, para confirmar que “Deus o havia escolhido” para uma grande vocação e que ele devia arrastar seus irmãos para a vida monástica.
A Beata Aleth é festejada no dia 4 de abril. Este nome e seus assimilados ou derivados como Alete, Aliete, Alethia, Alithia, Alice, têm por origem o nome grego “alétheia”, que significa “a verdade”, bem como o adjetivo latino “alitis”, que significa “que tem asas”.
Castelo de Montbard (Côte d'Or) |
A. CHENAL,
Ref Bibliogr.: - St. BERNARD du P. André PHILBEE (Ed. Cerf); - St. BERNARD de Claude CLEMENT ( Ed. F. Lanore et F.Sorlot)
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