segunda-feira, 28 de março de 2022

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - BATISMO-I

Pe. João A. Mac Dowell S.J. 
Um crente me disse que o nosso batismo não vale porque não se entra na água, como Jesus no rio Jordão. Que devo responder? 
Jesus mandou os seus discípulos batizarem todos os que aceitam com fé a sua mensagem de salvação. Mas não determinou em concreto como se deve batizar. Por isso, é possível realizar o batismo de várias maneiras, contanto que se mantenha o que é essencial no rito instituído por Jesus, quer dizer: lavar a pessoa com água para significar a purificação dos seus pecados. De fato, falando do batismo, Paulo diz aos Coríntios: "fostes lavados, fostes santificados e justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e mediante o Espírito de nosso Deus" (I 6,11; cfr. At 22,16). E na carta aos Efésios diz que Cristo santificou a Igreja "purificando-a com o banho de água" (5,25). Expressões semelhantes são usadas em outras partes do Novo Testamento (At 22,16; Tit 5,5; Heb 10,22). É verdade que no tempo de Jesus e dos apóstolos quem era batizado normalmente entrava na água, como fazem hoje alguns grupos evangélicos. A própria palavra "batizar", em grego significa "mergulhar", "imergir". Mas tudo indica que o batismo consistia propriamente em derramar água sobre a cabeça da pessoa que estava dentro dum rio ou tanque pouco profundo. Por exemplo, o livro dos Atos dos Apóstolos, ao contar o batismo do eunuco da corte da rainha da Etiópia, diz que Filipe entrou com ele na água e o batizou (8,38). Este sistema foi o mais comum durante muito tempo. Quando os cristãos começaram a construir suas próprias igrejas, edificaram também ao lado delas um batistério, i.e. uma sala com uma espécie de piscina rasa no meio, onde a pessoa descia para ser batizada pelo celebrante, que ficava fora. Mas, em casos especiais, por exemplo no batismo de crianças ou pessoas doentes, bastava derramar um pouco de água sobre elas, ou até aspergi-las, isto é, respingá-las com água. Pouco a pouco foi prevalecendo na maior parte da Igreja, por razões práticas, o batismo por infusão, i.e. derramando água na cabeça de quem vai ser batizado, sem imersão. É outra maneira de tomar banho. Neste caso não é mais necessária a piscina no batistério. Ela foi substituída por uma grande bacia ou pia batismal. Mas, ainda hoje, a Igreja admite também o batismo por imersão. Ele é praticado normalmente pelos católicos de rito oriental: o celebrante mergulha três vezes a criança na pia batismal. Portanto, não podemos criticar nossos irmãos separados quando batizam as pessoas dentro d água. É a maneira mais antiga e ainda hoje válida de batizar. Mas eles estão errados quando criticam o nosso batismo. O rito católico também está de acordo com a ordem dada por Jesus, que deu à Igreja o poder de determinar os pormenores da cerimônia batismal.
João A. Mac Dowell S.J.

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