terça-feira, 29 de março de 2022

Nossa Senhora das Dores

Celebramos sua compaixão, piedade; suas sete dores cujo ponto mais alto se deu no momento da Crucificação de Jesus
“Quero ficar junto à cruz, velar contigo a Jesus e o teu pranto enxugar!”
Eis como a Bem-aventurada Virgem revelou a Santa Brígida o estado lastimoso do seu Filho moribundo, conforme ela o presenciou:
     “Estava meu Amado Jesus na cruz, todo aflito e agonizante; os olhos estavam encovados e meio fechados e amortecidos; os lábios pendentes e a boca aberta; as faces descarnadas, pegadas aos dentes e alongadas; afilado o nariz, triste o rosto; a cabeça pendia-lhe sobre o peito; os cabelos estavam negros de sangue, o ventre unido aos rins; os braços e as pernas inteiriçadas e todo o resto do corpo coalhado de chagas e de sangue”.
     Ó pobre de meu Jesus! Ó martírio cruel para o coração de uma mãe!
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O que mais afligia Nossa Senhora
     Quem se achasse então sobre o Calvário, diz São João Crisóstomo, teria visto dois altares, nos quais se consumavam dois grandes sacrifícios: um no corpo de Jesus, outro no coração de Maria.
     Mas melhor me parece, com São Boaventura, considerar ali um só altar, isto é, só a cruz do Filho, no qual, juntamente com a vítima do Cordeiro divino, é sacrificada também a Mãe. Por isso o Santo pergunta-lhe assim: O Domina, ubi stas? – “Ó Maria, onde estais?” Junto à cruz? Ah! Mais exatamente direi que estais na mesma cruz, a sacrificar-vos, crucificada juntamente com Jesus.
     O que mais afligia a nossa Mãe dolorosa era o ver que ela mesma, com a sua presença, aumentava as aflições do Filho, porquanto, como diz o mesmo Santo Doutor, a mesma pena que enchia o Coração de Maria, transbordava para amargurar o Coração de Jesus; e Jesus padecia mais pela compaixão da Mãe, do que pelas suas próprias dores.
     Acresce que, lembrando-se Maria da profecia de Simeão, já desde então previu que os padecimentos de Jesus Cristo seriam, pela culpa dos homens, inúteis para grande parte deles, e ainda mais, causa de maior condenação: Ecce positus est hic in ruinam et resurrectionem multorum (1) – “Eis que este é posto para ruína e ressurreição de muitos”.
     Roguemos à nossa divina Mãe, pelos merecimentos desta sua dor, que nos obtenha verdadeira dor dos nossos pecados e verdadeira emenda de vida, zelo fervoroso pela salvação das almas e uma terna compaixão dos sofrimentos de Jesus Cristo e pelas suas próprias dores.
     Por isso digamos com São Boaventura:
     “Ó Maria, se no passado vos ofendi, vingai-vos agora ferindo-me o coração; se vos servi fielmente, também outra recompensa não vos peço senão que me firais. Demais indecoroso seria para mim ficar ileso, ao passo que Vos vejo repletos de dores, a vós e a meu Senhor Jesus Cristo”. Poenas mecum divide – “Reparti comigo as penas”. (*I 244.)
As Promessas aos devotos de Nossa Senhora das Dores
     Santa Brígida diz-nos, nas suas revelações aprovadas pela Igreja Católica, que Nossa Senhora lhe prometeu conceder sete graças a quem rezar cada dia sete Ave-Marias em honra de suas principais “Sete dores” e Lágrimas, meditando sobre as mesmas.
     Eis as promessas:                                                       
1ª – Porei a paz em suas famílias.
2ª – Serão iluminados sobre os Divinos Mistérios.
3ª – Consolá-los-ei em suas penas e acompanhá-los-ei nos seus trabalhos.
4ª – Conceder-lhes-ei tudo o que me pedirem, contanto que não se oponha à vontade de meu adorável Divino Filho e à santificação de suas almas.
5ª – Defendê-los-ei nos combates espirituais contra o inimigo infernal e protegê-los-ei em todos os instantes da vida.
6ª – Assistir-lhes-ei visivelmente no momento da morte e verão o rosto de Sua Mãe Santíssima.
7ª – Obtive de Meu Filho que os que propagarem esta devoção (às minhas Lágrimas e Dores) sejam transladados desta vida terrena à felicidade eterna, diretamente, pois ser-lhe-ão apagados todos os seus pecados e o Meu filho e Eu seremos a sua eterna consolação e alegria.
     Santo Afonso Ligório nos diz que Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu aos devotos de Nossa Senhora das Dores as seguintes graças:
     1ª – Que aquele devoto que invocar a divina Mãe pelos merecimentos de suas dores merecerá fazer, antes de sua morte, verdadeira penitência de todos os seus pecados. 
     2ª – Nosso Senhor Jesus Cristo imprimirá nos seus corações a memória de Sua Paixão dando-lhes depois um competente prêmio no Céu.
    3ª – Jesus Cristo guardá-los-á em todas as tribulações em que se acharem, especialmente na hora da morte.
Coroa das 7 Dores de Nossa Senhora
(Segundo o livro “As mais belas orações de Santo Afonso”)
No início:
– Vinde, ó Deus, em meu auxílio;
– Senhor, apressai-Vos em me socorrer!
– Glória.
Anunciam-se as Dores como se fazem com os Mistérios no Rosário. Assim:
– 1ª Dor: A Profecia de Simeão à Nossa Senhora, anunciando-Lhe a espada de dor que um dia Lhe traspassaria a Alma, na Paixão de Seu diletíssimo Filho; foi então marcada pela dor da profecia de Simeão, mas sabendo que o Menino seria a Salvação de muitos.
– 2ª Dor: A Fuga e Exílio para o Egito - A Sagrada Família é obrigada a fugir para o Egito para salvar a vida do Menino. Após o nascimento de Jesus o Rei Herodes quis matá-lo e um anjo do Senhor apareceu a São José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua Mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise”. Obediente, “José levantou-se durante a noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito”. (Mt 2, 13-14). Peçamos a São José a pronta obediência à Vontade de Deus.
– 3ª Dor: A Perda do Menino Jesus no Templo. A aflição de Nossa Senhora ao ver que seu Filho desaparecera: o Menino Jesus ficou em Jerusalém sem que seus pais o percebessem. Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. (Lc 2, 43-50) Unidos à dor que Maria sentiu nesta ocasião, peçamos forças e graças para suportarmos com paciência todas as dores de nossas vidas, e para nos mantermos afastados do pecado.
– 4ª Dor: O Encontro com Jesus carregando a Cruz. Nossa Senhora se vê frente ao seu Filho todo desfigurado pela cruel flagelação e coroado de espinhos, carregando o madeiro da Cruz, que se tornaria a fonte da redenção. Um dos momentos mais pungentes da Paixão é este. As lágrimas que Maria derramou na ocasião, a troca de olhar com o Filho, a constatação das crueldades que Ele estava sofrendo, tudo causava imensa dor no Seu Coração de Mãe. Unamo-nos à dor de Maria SSma. e peçamos uma dor sincera de nossos pecados que foram a causa de tanta dor.
– 5ª Dor: Nossa Senhora assiste a Crucificação, Agonia e Morte de Seu adorado Jesus. “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena”. (Jo 19, 25) Aos pés da Cruz, Nossa Senhora se mantém em pé, firme, pois sabe que seu Divino Filho fazia aquilo por amor à humanidade. Seu sacrifício unido ao de seu Divino Filho chega ao auge e nos recorda que não podemos esmorecer diante das batalhas que temos que enfrentar contra o mundo, o demônio e a carne.
– 6ª Dor: Nossa Senhora vê o Coração de Jesus ser traspassado pela lança, e depois recebe em Seus Braços o Corpo de Seu Divino Filho, morto pelos nossos pecados. Um soldado romano transpassa Nosso Senhor com uma lança, esta mesma lança transpassa o coração de Nossa Senhora. Nossa Senhora da Piedade, é assim que o povo católico invoca Maria nesse momento da Paixão. Depois “tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar.” (Jo 19, 40) “Reparti comigo as vossas penas”, ó Mãe Imaculada!
– 7ª Dor: O Sepultamento de Jesus. O corpo de Nosso Senhor é tirado da Cruz e depositado no sepulcro, Nossa Senhora a tudo acompanha de perto e firme, guardando tudo em seu coração. O sepultamento de Seu Divino Filho foi a última dor que Maria sentiu durante a Paixão. “No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. Foi ali que depositaram Jesus”. (Jo 19, 41-42) Correu-se a laje. Parece tudo acabado. É o momento em que tudo começa. A Páscoa se aproxima.
     – Após o anúncio de cada dor, segue-se um Pai-nosso e 7 Ave-Marias (sem o Glória no final)
     – Para ganharem-se as Indulgências requer-se que se contemple interiormente, enquanto se rezam as preces vocais, cada dor anunciada, como se faz no Rosário com os Mistérios.
     – No fim da Coroa reza-se 3 Ave-Marias em honra das Lágrimas de Nossa Senhora.
PS: Existe um terço próprio para essa devoção com 7 dezenas, contendo 7 bolinhas em cada dezena e uma bolinha (maior) no intervalo delas.

Notas:
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1. Luc. 2, 34.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 74-76.)
Fontes: vashonorabile.blogspot; 

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