PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 54 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Os pequeninos passam fome e não há quem com eles reparta o pão! Como não doerem em nosso coração os lamentos dos pequeninos que sofrem a fome! Ver a dor do povo e não tomar atitudes já é um crime. Seremos os mais infelizes dos homens se nossos olhos e nosso coração não perceberem os sofrimentos dos pequenos e fracos. Ninguém pode ser feliz se há alguém que sofre a seu lado. Não só do pão sentem fome, mas também da Palavra. Quem sabe essa Palavra venha através da ajuda que dermos. Os fracos também têm capacidade e necessidade de conhecer a Palavra. Eles são os que acolhem com mais carinho e fruto essa palavra de Jesus. O próprio Jesus vivia e falava com eles. Ele diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso enviou-me a dar a alegre notícia aos pobres, sarar os corações partidos” (Lc 4,16). São os primeiros destinatários. Jesus usava palavras que iam direto a seus corações. Eles eram rejeitados pela sociedade religiosa dos judeus que diziam deles: “Essa gente que não conhece a lei... são uns malditos” (Jo 7,49). A eles Jesus dirige sua palavra. É a eles que escolhe como seus discípulos. É a eles que é anunciado o Reino. E sabemos que eles são os que mais estão prontos a acolher e participar. Todo o empenho da Igreja deve ser o de ir aos mais abandonados e lhes dirigir a Palavra de Deus. Vivemos na montanha de nosso bem-estar, como acusa o profeta Amós, esquecidos dos que sofrem. É uma situação pecaminosa termos uma Igreja que, embora não explore o povo, não deixa os centros para ir onde estão os necessitados. Não há uma preocupação em levar-lhes a Boa Nova de Jesus de forma libertadora. Paróquias, grupos e movimentos se satisfazem em estar bem e não se preocupam com o abandono espiritual dos pequenos e pobres.
Palavra que acolhe
Deus faz de si a ideia de uma mãe preocupada em ter os filhos nos braços. Deus acolhe a todos em Seus braços. “Eu os carreguei sob minhas asas de águia.” O acolhimento de Deus vem também através de Sua Palavra que não é somente a sucessão de ensinamentos. É um encontro pessoal no qual se manifesta carinho e amor, dando-nos a sensação de estar sendo abraçados com calor e afeto. A Palavra que repartimos com os necessitados, mais que ideias ,é um encontro afetuoso no qual eles se sintam acolhidos. A palavra que acolhe é sinal de uma presença amorosa de Deus. Se eles não chegarem a esse sentir, dificilmente a compreenderão como Palavra de Deus que orienta e estimula.
Palavra que transforma
Jesus, quando conta a parábola do bom samaritano, mostra que o verdadeiro amor é uma atitude de comprometimento e transformação da situação de desgraça em que se encontrava o homem. A palavra repartida aos pequenos e fracos deve ser transformadora da situação e das estruturas. Se não provoca mudanças perde seu sentido. O pão da Palavra repartido não só enche as mentes, mas vai ao fundo do coração dando esperança e meios de crescer e superar os males em que as pessoas se encontram. Os santos foram homens e mulheres que pisaram o barro e arregaçaram as mangas. Quanto nos falta para chegar a sermos cristãos de palavras e obras! Tiago diz que a fé sem obras é morta. Palavra sem obra é frágil.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM SETEMBRO DE 2005
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