domingo, 13 de fevereiro de 2022

Homilia do 6º Domingo Comum (13.02.22)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
“Fácil ser Feliz”
 Benditos vós... 
Deus, no alto do Monte Sinai, deu a Moisés os dez mandamentos que são a síntese de tudo que é amor. Tem-se a impressão de uma lei que é imposta, proibições que parecem cercear a vida. Essa mentalidade não pode obscurecer o grande carinho de Deus que cuida do que é humano. Os mandamentos abarcam o Divino e o humano. Jesus, novo Moisés, não sobe o monte, mas desce para o meio do povo. Mais que ensinar decretos, reconhece no coração dos humildes a bondade aprendida de Deus: “Bem-aventurados vós”. Lucas, diferentemente de Mateus, apresenta uma lista resumida. Resume tudo no coração do pobre, sofredor e perseguido por causa de Jesus. Esses recebem tudo o que Deus tem a nos oferecer: o Reino, a saciedade, o consolo e a recompensa. É uma síntese completa do que diz Mateus. Por outro lado, apresenta as maldições que sofrem os que confiam só na riqueza, na fartura, no divertimento e na vaidade. Esses são malditos. Podemos dizer infelizes. Não vivem em Deus. Jeremias explicita essa maldição: “Maldito o homem que confia no homem... e afasta seu coração do Senhor. Não floresce. É como planta no deserto” (Jr 17,5-6). E renova a esperança: “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada junto às águas” (id 7-8). O profeta apresenta uma realidade da natureza: as raízes buscam a água. Por isso não temem o calor, mantêm-se verde sempre e dão fruto. Assim é a vida cristã: buscar onde está a vida animada pela fé. 
Confia no Senhor 
O que significa confiar no Senhor? Mateus, quando anuncia as bem-aventuranças, diz que Jesus subiu o monte (Mt 5,1). O evangelho de Lucas coloca Jesus no meio do povo. Inspira confiança. Pela encarnação, Jesus está entre nós. No meio do povo. A fé é também uma questão da proximidade de coração. Jesus fala olhando nos olhos. O termo bem-aventurado, traduz-se abençoado, aquele que obteve o favor de Deus. Jesus não dá uma aula dizendo como devem ser, mas diz o que são: “Bem-aventurados vós”. Esse diálogo com o povo abre espaço a uma proximidade sempre maior dos discípulos. Podemos fazer uma leitura do coração dos discípulos de Jesus. Essa confiança Nele é porque Ele demonstrou confiança neles. Confiar no Senhor é acolher o Reino de Deus. Os que não confiam são os que perseguirão os discípulos, pois a recusa a Jesus vai penetrar seus corações. Por isso vemos essa ojeriza contra os cristãos católicos. Quando se diz: malditos, podemos dizer infelizes. O hebraico sempre trabalha com oposições. O que perdem esses infelizes? Sua consolação é passageira, a riqueza não sustenta o ser humano como um todo. Há outros infortúnios. A bajulação não sustenta o ser humano. Elogio falso não constrói. 
Garantia de ressurreição 
O texto sobre a Ressurreição, no conjunto da liturgia de hoje, não está colocado como parte do tema das bem-aventuranças. Mas podemos compreender que a ressurreição não é só um fato único que acontece no final de nossa história. É início da vida eterna. Ela está presente como vida para os que buscam viver as bem-aventuranças. Se não acreditamos na ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Sem a ressurreição de Cristo nossa fé não tem razão de ser. A Ressurreição não é um momento após o final de nossa vida. Ela vai acontecendo sempre mais, cada vez que vivemos as bem-aventuranças como caminho de ressurreição. 
Leituras:Jeremias 17,5-8; Salmo1 ; 
1Coríntios15,12.16-20;Lucas6,17.20-26. 
1. Lucas reconhece no coração dos humildes a bondade aprendida de Deus. 
2. Confiar no Senhor é acolher o Reino de Deus. 
3. A Ressurreição acontece cada vez que vivemos as bem-aventuranças. 
Felicidade de bolso furado 
Bolso furado mais perde do que guarda as coisas. Quando a gente quer dar uma de bom, a gente pisa e passa por cima. É como colocar a vida num bolso furado. É uma felicidade brocada. E acabamos levando. Poder não dura. Riqueza enferruja, alegrias passam. Tudo se evapora. É vida num bolso furado. Felicidade, quando não tem o coração cheio da bem-aventurança, é uma falsidade. Tudo falácia. É um depósito furado, uma caixa d’água rachada. Um banco falido. Tudo enferruja. Para viver bem, não é preciso muito. Para compartilhar é preciso de pouco. Para sorrir, basta um olhar de carinho. Para saciar é preciso um pouco do nada que somos.

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