No mundo antigo, tudo o que havia de mais importante estava relacionado com a religião. Na modernidade tenta-se deixar de lado a transcendência e se quer ficar apenas com as coisas temporais. É a tentativa de se esquecer de Deus; o que importa é o que acontece aqui e agora. Não se põe Deus no meio. Um fenômeno da secularização. Parece que Deus está morto.
Tudo o que se tem de fazer é se livrar das exigências da religião, da ética da religião... Os que não chegam a tanto querem o assunto religião bem restrito aos limites da sacristia. A humanidade pode resolver seus problemas, sem aceitar os valores da religião.
Os meios de comunicação se encarregaram de divulgar valores novos e de entulhar a cabeça do povo com essas ideias. Hoje falar de Deus entra muito na esfera do particular.
Mas não se destroem facilmente valores que estão enraigados no coração das pessoas. A marca da presença de Deus está em cada um, de forma indestrutível. Esse esquema da morte de Deus não deu certo e hoje o povo se volta à procura do sagrado, do divino.
Por todos os lados surgem templos, movimentos, seitas, ondas místicas de interesse religioso, programas de rádio e TV. Não se prendem a critérios, mas a procura é muito grande. Por isso mesmo, muitas vezes não se chega a nada.
A humanidade tem sede de Deus, e quanto mais se tenta afastá-la de Deus, mais ela busca. Santo Agostinho dizia que nosso coração está inquieto até que descanse em Deus.
Quanto mais o homem se refugia dentro de si mesmo, mais sente necessidade de Deus. A solidão mostra esse caminho. Mas não existe nada que leve o homem até Deus como a experiência da dor. Quando se esgotam os recursos humanos, só resta um caminho: admitir aquilo que a gente sempre fugiu.
Em nenhuma época a procura de Deus é tão intensa como nos dias atuais. Uma procura desarticulada, porque não se sabe bem onde procurar nem que Deus procurar. A insatisfação cresce, e cresce também a sede de Deus.
Agora fazemos a pergunta: É culpa só da modernidade esse pseudo-esquecimento de Deus? Não seria o nosso modo de mostrar Deus, nossos conceitos sobre Ele, essa teologia da recompensa e castigo, essa falta de coragem de se ter uma nova linguagem religiosa, os motivos de chegarmos onde chegamos?
Como é diferente o Evangelho quando diz: “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti e aquele a quem revelaste...” (Jo 17). Mas continuamos a dizer às crianças que o céu é lá em cima...
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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