PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Nos próximos domingos refletiremos sobre a Igreja conforme o evangelho de Mateus (14-19). Ele escreve para responder à situação em que viviam suas comunidades. O povo estava passando por sofrimentos, isto é, as ondas do mar eram altas e o barco da Igreja corria risco. Há problemas e tensões. Após a multiplicação dos pães, Jesus manda os discípulos partirem de barco. A noite é alta e a barca se encontra em dificuldades. Jesus aparece caminhando sobre as águas. Quer significar que esteve sempre junto da Igreja nas dificuldades que ela passa. Eles se apavoram. Jesus parece estranho. Pedro, para provar que é mesmo Jesus quem vem chegando, pede para também caminhar sobre as águas. A tendência de superar as dificuldades com um milagre é sempre uma tentação. Pedro vendo, porém que o vendo era rijo, temeu e começou a afundar. Só há uma solução: ser forte na fé e não duvidar da presença de Jesus na Igreja. Os cristãos de então sentem o projeto de Jesus em risco. Seus conterrâneos dizem que Jesus era carpinteiro de uma família simples. Os cristãos tendem a voltar à doutrina dos fariseus que colocam problemas de puro e impuro. Por outro lado, há uma recusa dos pagãos que se convertem e dão um testemunho de fé, como a Cananéia, que é chamada de cachorrinha porque pagã. Assim tratavam os judeus aos pagãos. A comunidade sofre. Hoje vivemos as mesmas situações: Sofrem os cristãos pela opressão às idéias de Jesus. Ele é tratado como um mestre a mais e não o Senhor e mestre de vida. É usado para fins financeiros ou políticos. Pior ainda, quando, para cristãos, Jesus não é quem orienta sua vida. A tempestade é grande e a barca é agitada pelas ondas.
Coragem, sou Eu! Não tenhais medo!
No meio da escuridão e da tempestade está sempre presente Jesus. Ele veio andando sobre as ondas. Quantas vezes na Escritura encontramos a expressão: “Não temas!” Nas situações de insegurança e dificuldades somos convidados a não ter medo. Não há o que temer mesmo quando tudo parece ir para o fundo, na insegurança total. Muitas vezes a onda do mal, da oposição à Igreja, dos pecados do povo de Deus, parece levar a perder a esperança. Jesus nos diz: Coragem! Não tenhais medo! Se contemplarmos a história da Igreja, veremos que ela passou por situações piores e não acabou. Houve tempo em que a podridão do mundo invadiu a Igreja e o papado. Curioso é que foi uma época em que viveram grandes santos. Jesus diz ainda: Não tenhais medo! Agora até que a situação da Igreja é boa. Não há que temer o crescimento de tantos males. Basta ter fé. Jesus diz a Pedro: “Homem fraco na fé, por que duvidastes?” Depois dirá a Pedro “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” e as portas do inferno não poderão contra ela.
E o vento se acalmou
Jesus estende a mão e segura Pedro. Assim que entraram no barco o vento se acalmou. Os que estavam no barco se prostraram diante dEle e disseram: “Tu és o Filho de Deus!” Jesus disse-lhes “Eu sou”. É o nome de Deus. Jesus é Deus. Não podemos esperar que tudo se resolva por um passo de mágica, mas temos de procurar, no encontro íntimo com Cristo, a força para manter a serenidade nas tempestades através de nossa fé robusta. Elias nos dá o exemplo de que, no meio das dificuldades é preciso procurar Deus no silêncio do coração e daí retirar força para a fé. Jesus fazia o mesmo nas noites de oração.
Leituras:1Reis19,9a.11-13a;Salmo 84;
Romanos 9,1-5; Mateus 14,22-33.
Ficha
1. A narrativa da tempestade acalmada é um retrato da comunidade de Mateus. Passam perigo e ficam desorientados. Nesse momento de crise da comunidade querem uma solução miraculosa, como andar sobre as águas. Mas é preciso a fé. A comunidade sofre pelas opressões: Jesus é tratado como um simples carpinteiro de Nazaré, cidade mal afamada. Muitos cristãos querem voltar às práticas dos fariseus do puro e impuro. Os cristãos judeus ressentem-se da entrada dos pagãos que eram chamados de cães. Eles dão um grande testemunho de fé. Que fazer? Hoje também Jesus é depreciado e muitos problemas modernos atingem a fé.
2. Jesus continua nos dizendo para não ter medo e ter coragem. A Igreja já passou por situações piores. É preciso ter fé. Nossa fragilidade não impede que Deus acredite em nós. Pedro que foi chamado de fraco na fé, recebe de Jesus a bela palavra: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja.
3. De onde tirar força de fé? É preciso ir ao encontro de Cristo no silêncio do coração, como fez Elias e como fazia Jesus nas horas em que se retirava. É preciso saber ter fé e manter a serenidade.
Homilia do 19º Domingo do Tempo Comum
EM AGOSTO DE 2005
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