No momento em que Jesus está morrendo na cruz, diz: "Tenho sede". Certamente que as horas de sua paixão, com todo o sangue derramado, os sofrimentos inauditos, deram-lhe profunda sede. Cristo naquele momento é a figura de toda a humanidade que a Ele estava unida. É também o grito da humanidade que é sedenta de Deus. Mesmo no mais estranho ateísmo, o homem é um confesso sedento de Deus. O que buscamos na ciência, nas ideologias, nos estudos? O que queremos quando buscamos o dinheiro, o prazer, as riquezas? Nada mais do que uma fonte que nos sacie a sede interior. Essa é uma busca de Deus na qual se encontram somente suas fagulhas. O mesmo se pode dizer de tantas outras buscas que se encontram nas crianças e nos jovens. A sede de Deus se torna mais clara na busca religiosa que se debate em tantos modelos de espiritualismos. Há também a busca em quem conhece o caminho e sabe que só em Deus repousamos a alma (Santo Agostinho). Só Ele sacia essa sede. Essa missão de cada homem que conhece Deus é levar aos sedentos um pouco dessa água que sacia a sede íntima do ser humano. A missão se reveste de uma grave obrigação. Todos devem estar empenhados em anunciar a Palavra pela palavra, pelo testemunho de vida e pela vida em comunidade. Somos responsáveis.
Insistir a tempo e fora de tempo
O trabalho da evangelização das pessoas e das culturas não tem um modelo fixo, mas pode ser realizado sob todas as formas possíveis e oportunas. Paulo diz a Timóteo: "Insiste a tempo e fora de tempo". Paulo falou no areópago de Atenas (um tipo de microfone aberto), fazendo inclusive a citação de um poeta grego. Cada lugar e cada situação têm seu modo próprio de anunciar. Como estamos perdendo os espaços que a mídia oferece! Tantos sedentos e tanta fonte selada. O grito de Jesus: “Tenho sede”, permanece ecoando sem ser ouvido por tantos que dizem conhecê-lo. É preciso matar a sede de tantas pessoas sedentas.
Um mundo amado por Deus.
A evolução do mundo mudou a situação religiosa. Onde o cristianismo era a religião predominante, criou-se um vazio. Bento XVI diz que há o domínio do relativismo. Esse mundo é o destinatário da Palavra de Deus. Apesar de viver uma situação complexa, este é um mundo amado por Deus. Nele há tanta gente de boa vontade e disposição para contribuir. O anúncio do evangelho não acompanhou as mudanças. Não que devamos mudar a verdade para nos nivelar às ideias anti-evangélicas. Basta que a palavra anunciada tenha consistência. Deus exige dos anunciadores maior profundidade e preparo. Corremos o risco de fechar-nos em igrejolas, sem olhar para o que está em volta. Deus ama o mundo como ele aí está. Para acompanhar o amor de Deus precisamos estar presentes em todos os setores do pensamento e da inventiva da ciência para podermos responder à altura aos questionamentos que se levantam. Toda essa busca da humanidade reflete bem a palavra da Escritura: "Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a" (Gn 1,28). Não só crescer em número, mas em conhecimento do tesouro que Deus criou que é a pessoa humana. Cada cristão ou todo homem de boa vontade, procure conhecer o mundo e seja um colaborador para que a verdade tenha sempre uma resposta adequada às situações em evolução.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM AGOSTO DE 2005
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