Maria é mãe de todos, mesmo dos insubordinados que recusam sua maternidade espiritual. Ela é a Mãe que Jesus tanto amava e, porque a amava tanto, deixou-a ao discípulo com o dom de amá-la: “Eis tua Mãe”. Imitando Jesus, nós o imitamos também em seu amor por sua Mãe. A Mãe de Jesus é uma mulher de oração. Rezava como qualquer mulher do povo as muitas orações do dia-a-dia. Ela o fazia juntamente com Jesus e José, participava da oração na sinagoga, viajava feliz para ir ao templo juntamente com as pessoas de Nazaré. Sua oração tem uma característica muito interessante: é uma oração que, isenta do pecado, se aninhava no coração. Por isso se diz que Maria concebeu Jesus primeiramente no coração e depois e por isso em seu seio. Quando diz ao anjo “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, estava consciente de uma ação de Deus que continuaria em seu corpo, pois já estava em seu coração. É o que podemos observar quando recebe a visita dos pastores: “Ela conservava todos esses acontecimentos, meditando-os em seu coração”. Maria não era uma rezadeira, mas uma mulher de oração. Era capaz de unir os acontecimentos da vida a seu relacionamento com Deus no laboratório espiritual do coração. Assim eles tomavam sentido e densidade. Tornavam-se sentimentos redentores. Em Caná, ela percebe a falta de vinho e a transforma em prece: “Eles não têm mais vinho.” Jesus adianta o relógio da redenção. A festa se transforma em um ato de fé. “Manifestou-se sua glória e seus discípulos creram nEle”! A oração cristã está unida à oração de Maria: meditar os acontecimentos e fazer Jesus adiantar o relógio da redenção.
Rezar como Maria
A imitação de Jesus é uma proposta muito importante do Evangelho. Não se trata de fazer o que Jesus fazia, mas fazer como Jesus fazia. Aí temos uma dupla escola. Jesus aprendeu a rezar com Maria e José e eles aprenderam dEle o novo modo de rezar, em espírito e verdade. Se quisermos saber bem como Maria rezava, temos de percorrer os evangelhos e ver como Jesus rezava. Jesus unia a oração a seus momentos de ministério: “Eu te dou graças, ó Pai”! Jesus sabia agradecer. Maria igualmente vai dizer: “Minha alma glorifica o Senhor e meu Espírito exulta em Deus meu Salvador, porque olhou a humildade de sua serva” (Lc 1,46-55). Sabia fazer a ligação de sua vida com Deus, conduzindo a Ele sua vida em ação de graças. Não deixava de viver a intensa oração do silêncio. Contemplava Jesus com os pensamentos silenciosos, deixando que aquela presença a penetrasse de vida. Maria rezava com os discípulos de Jesus. Estavam todos reunidos em oração no Cenáculo: “Retornando, subiram à sala superior.... Todos, unânimes, eram assíduos à oração com algumas mulheres, entre as quais Maria a mãe de Jesus”. Rezar em comum é um dom e um modo de imitar Maria.
Rezar com Maria
A oração da Igreja é Mariana, não porque fala de Maria, mas porque toda a oração está unida a Maria. Maria nós deu Jesus. Agora ela nos dá a Jesus, como numa contínua geração. Dá-nos porque ela permanece no coração do povo de Deus, como Cristo é a cabeça. Ela está na Igreja e com a Igreja reza a Jesus seu Filho. Ele é o mediador, ela a mediação suplicante, pedindo conosco ao Filho que nos leve a estarmos unidos a Ele.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MAIO DE 2005
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