Voz que clama
No calendário da liturgia temos três esquemas para os tempos maiores do ano litúrgico. Nesse ano somos conduzidos pela magnífica figura de João Batista. Podemos, assim, compreender um pouco mais o que significa “esperar a vinda de Cristo”. Temos sua vinda, nascido como homem no Natal; temos sua vinda no fim dos tempos e, nesse ano, contemplamos João anunciando sua vinda como enviado do Pai. João anuncia “que todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,6) na pessoa de Jesus que inicia seu ministério. Por aqui podemos ver o sentido amplo que tem a Vinda do Senhor. Ele sempre está vindo. Lucas apresenta João como o “maior entre os nascidos de mulher”, o maior profeta. Todos anunciaram o Messias. João O apresentou. Ele é como uma síntese das profecias e a resposta de Deus. A liturgia interpreta o texto do profeta Baruc sobre a maravilhosa restauração de Jerusalém. É uma profecia da restauração do mundo a partir da presença do Messias prometido. Para João, Ele não é mais uma promessa, mas a realização. Retomando o texto de Isaías (40,3-5), aplica essa preparação universal da vinda do Messias para a renovação do mundo. Lucas coloca uma solene abertura, situando a missão do Batista dentro da história do mundo: tempo de Tibério, Pôncio Pilatos, Filipe e os sumos sacerdotes. Jesus não é uma lenda. João não é um pregador alucinado. Manda preparar o caminho do Senhor, como preparamos agora sua segunda vinda e sua vinda na carne.
Completará a obra
Normalmente, ficamos inseguros sobre a resposta que damos ao Senhor pelos bens que nos prodigalizou. Paulo conforta seus convertidos dando-lhes segurança: “Tenho a certeza de que aquele que começou em vós uma boa obra, há de levá-la à perfeição até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1,6). Isso nos ensina que a vida cristã é uma busca permanente, um crescimento conquistado com paciência e esperança. Temos a ideia de que os inícios foram maravilhosos e os convertidos eram perfeitos. São como nós: precisavam crescer. Por isso diz: “Isso peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência , para discernirdes o que é o melhor”. O resultado é claro: “Assim ficareis puros e sem defeito para o dia de Cristo, cheios do fruto da justiça que vem por Jesus Cristo” (Fl 1,6.9-10). A vida cristã é um crescimento permanente. Preparar os caminhos exige muito trabalho e muita mudança. Não é sofrimento, pois a leitura de Baruc continua dizendo que “as florestas e todas as árvores odoríferas darão sombra a Israel, por ordem de Deus” (Br 5,8). Todo o processo de vida cristã é suave, agradável e maravilhoso.
O Senhor fez maravilhas
João Batista anunciou a vinda do Messias como Salvador. E na celebração de hoje nos anima a viver intensamente a graça recebida. A Palavra de Deus faz uma leitura da vida cristã comparando-a à libertação do povo: “Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar. Encheu-se de sorriso nossa boca e nossos lábios de canções”. Falta alegria à nossa fé. Nós também recebemos tanta libertação. Sempre podemos clamar por novas maravilhas: “Mudai a nossa sorte, Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas ceifarão com alegria. Refletindo a segunda vinda de Cristo, na expectativa da memória de sua primeira vinda, nós O acolhemos em nossa vida como Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6).
Leituras: Baruc 5,1-9; Salmo 125;
Filipenses 1,4-6.8-11; Lucas 3,1-6.
1. João faz uma profecia da restauração do mundo a partir da presença do Messias
2. A vida cristã é um crescimento permanente.
3. Falta alegria a nossa fé. Nós também recebemos tanta libertação.
Notícia velha
Falar que Jesus vai chegar, já furou o disco. Mas não veio coisíssima alguma. Que fazer? Ouvir de novo! Ouvir sempre a mesma notícia acaba sendo a declaração de sua verdade. É assim mesmo.
Ele veio e a gente não viu? Ou a verdade já se realizou e nós não vimos? Ele sempre vem ao nosso encontro. Às vezes com tantos rumores, ou como o silencio. Ver é o problema. Vemos o que queremos.
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