Evangelho segundo São Mateus 7,21.24-27.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz "Senhor, Senhor" entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína».
Tradução litúrgica da Bíblia
Jesuíta(1641-1682)
Diário espiritual
Agarrarmo-nos ao Eterno,
que é a nossa rocha
Pensando na eternidade de Deus, imaginei-a como uma rocha imóvel à beira de um rio, de onde o Senhor vê passar todas as criaturas sem Se mover. Os homens que se prendem às coisas criadas são como pessoas que, ao serem levadas pela corrente, se agarram a uma tábua, ou a um tronco de árvore, ou ainda a um monte de espuma, que tomam por coisa sólida. Ora, tudo isso é arrastado pela corrente; os amigos morrem, a saúde consome-se, a vida passa e chegamos à eternidade agarrados a esses apoios passageiros como quem desagua no mar alto, onde não podemos deixar de mergulhar e nos perdemos.
Percebemos então como foi imprudente não nos termos agarrado à rocha, ao Eterno; gostaríamos de voltar atrás, mas as ondas não nos deixam regressar, temos absolutamente de perecer com as coisas perecíveis. Pelo contrário, um homem que se agarra a Deus não teme enfrentar o perigo e a perda de tudo; aconteça o que acontecer, qualquer que seja a revolução pela qual passe, está sempre junto da sua rocha; Deus não lhe foge: só a Ele abraçou e a Ele se encontra agarrado; na adversidade, apenas deseja rejubilar com a escolha que fez. Ele tem sempre o seu Deus; a morte dos amigos, dos parentes, de quantos o estimam e o favorecem, o afastamento, a mudança de trabalho ou de sítio, a idade, a doença, a morte - nada disso o afasta do seu Deus. Este homem está sempre contente, repetindo, na paz e na alegria da sua alma: «O meu bem é aproximar-me de Deus, no Senhor está o meu refúgio» (Sl 73,28).
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