terça-feira, 5 de outubro de 2021

BÁRTOLO LONGO Leigo, Fundador, Beato 1841-1926

Bártolo Longo nasceu em Latiano, na província de Brindisi, a 10 de Fevereiro de 1841. De temperamento exuberante, desde jovem se dedicou à dança, à esgrima e à música. Realizou estudos superiores em particular em Lecce; após a unificação da Itália em 1863, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Nápoles. Foi conquistado pelo espírito anticlerical que nesse tempo prevalecia na universidade de Nápoles, a ponto de participar em manifestações contra o clero e contra o Papa. Duvidoso sobre a religião, deixou-se atrair pelo espiritismo, então muito popular em Nápoles. Para sua sorte, estava ligado por uma firme amizade com o professor Vincenzo Pepe, seu compatriota e homem religioso, que conhecendo o seu tormento interior, se aproximou dele, convencendo-o a ter contacto com o doto padre dominicano Alberto Maria Radente, que com seus conselhos e a sua doutrina o levou de novo a fé católica e às práticas religiosas. Entretanto, em 12 de Dezembro de 1864, ele formou-se em Direito. Voltou à sua cidade natal e começou a dedicar-se a uma vida de caridade e a organizações de caridade. Desistiu do seu casamento, recordando as palavras do Padre Redentorista Emanuele Ribera: “O Senhor quer de si grandes coisas, você está destinado a cumprir uma alta missão.” Superada a inércia, abandonou a profissão de advogado, fez voto de celibato e voltou para Nápoles para se dedicar a um campo mais vasto de filantrópica. Ali conheceu o padre franciscano Ludovico Casoriae e Caterina Volpicelli, duas figuras principais do catolicismo napolitano do século XIX, ambos fundadores de organizações caritativas e congregações religiosas (canonizados em 2014 e 2009, respectivamente). Foi através deles que conheceu a boa Condessa Mariana Farnararo, viúva de Bártolo Fusco. Desde então Bártolo conheceu uma viragem na sua vida: tornou-se companheiro inseparável nas obras de caridade da condessa, e acabou por tornar-se o tutor de seus filhos e administrador de seus bens. Foi por esta razão que frequentemente viajou para a cidade de Valle de Pompeia, no sopé do Vesúvio, onde ela tinha haveres. Percebendo a ignorância religiosa na qual viviam os camponeses espalhados pela campanha, começou a ensinar-lhes o catecismo, a orar e, especialmente a recitar o rosário. A piedosa freira, Maria Concetta de Litala, deu-lhe uma velha tela, muito danificada, representando Nossa Senhora com o Menino Jesus nos joelhos, entregando o rosário a Santa Catherine de Siena e a São Domingos de Gusmão. Restaurada da melhor maneira, Bártolo Longo decidiu levá-la para o Vale de Pompeia. Ele mesmo contou que uma vez restaurada a colocou em cima de um carro, que fazia o vaivém dos arredores da cidade para o campo transportando chorume, que então era usado como fertilizante para os campos. A 13 de Novembro de 1875, a pintura foi exibida na pequena igreja paroquial: a partir daquele dia Nossa Senhora agradeceu com abundantes graças e milagres. A multidão de peregrinos e devotos cresceu tanto que se tornou necessário construir uma igreja maior. Sob o conselho do bispo de Nola (em cujo território se situava o Vale de Pompeia), Dom José Formisano, a construção do templo começou a 9 de maio de 1876 e foi concluída em 1887. A pintura de Nossa Senhora, depois de ter sido devidamente restaurada, foi colocada num belo trono; a imagem foi então coroada com uma tiara de ouro, adornado com mais de 700 pedras preciosas e abençoada pelo Papa Leão XIII. A construção foi financiada por inúmeras ofertas de dinheiro, provenientes das muitas associações do Rosário em toda a Itália: em suma tornou-se um centro de grande espiritualidade, elevada a Santuário e Basílica Papal. Bártolo Longo também estabeleceu um orfanato para meninas, confiando-o ao cuidado das Irmãs Dominicanas Filhas do Rosário, que ele fundou. Também fundou o Instituto dos Filhos de Prisioneiros em contraste com as teorias de Lombroso, que dizia que os filhos de criminosos são por instinto futuros delinquentes e chamou, para dirigirem este instituto, os Irmãos das Escolas Cristãs. Em 1884 tornou-se promotor da revista “O Rosário da Nova Pompeia”, que ainda hoje é impresso em centenas de milhares de exemplares, distribuídos em todo o mundo; a impressão foi confiada à tipografia que ele fundou para procurar um futuro aos seus órfãos. Outras obras anexas são jardins da infância, escolas, lares de idosos, hospitais, laboratórios, casa do peregrino. O santuário foi ampliado entre 1933 e 1939, com a construção de uma sineira maciça de 80 metros de altura, um pouco isolado do templo. Entretanto começaram a chegar calúnias e fofocas sobre a sua convivência com a Condessa Mariana. Depois de uma audiência concedida pelo Papa Leão XIII, este propôs-lhe uma solução adequada: os dois concordaram em se casar com a intenção de viver num amor fraterno, como tinham feito até então. A cerimónia teve lugar na capela privada do Vigário Geral de Nápoles, a 1 de Abril de 1885. Em 1893, Bártolo Longo ofereceu ao Papa Leão XIII a propriedade do santuário com todas as obras de Pompeia e alguns anos mais tarde, renunciou à administração que o Pontífice lhe tinha concedido. Num discurso público, deixou as honras recebidas aos seus órfãos e pediu para ser enterrado no santuário, perto de sua Nossa Senhora do Rosário. Quando ele morreu em 5 de Outubro de 1926, foi de facto enterrado na cripta, no qual três anos mais tarde foi também para ali transladada a Condessa sua esposa, que morreu em 1924. Dom Bártolo, como o chamavam com respeito, à sua chegada, encontrou um terreno pantanoso e insalubre, devido ao transbordamento do rio Sarno, praticamente abandonado desde 1659, apesar da história antiga de Pompeia, uma cidade de mais de 20.000 habitantes destruída na época romana pela erupção do Vesúvio em 24 de agosto de 79 antes de Cristo. Quando ele faleceu, deixou uma cidade repovoada, saudável, girando tudo em volta do santuário e as suas numerosas obras, às quais, em seguida, veio juntar-se o turismo graças às buscas sobre a antiga cidade enterrada. Ele, no entanto, não teve tempo de a ver tornar-se uma cidade independente, chamada simplesmente Pompeia, o que ocorreu a 29 de marco de 1928. É sua a iniciativa da Súplica a Nossa Senhora do Rosário, por ele compilada que é recitada solenemente e com grande afluência de fiéis no dia 8 de maio e no primeiro domingo de Outubro. Bártolo Longo foi beatificado em 26 de Outubro de 1980 por S. João Paulo II.
Antonio Borrelli 
Traduzido do italiano por Afonso Rocha

Nenhum comentário:

Postar um comentário