segunda-feira, 27 de setembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Experiência de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Ele é alguém
 
Uma das questões mais importantes da espiritualidade é o tema da experiência de Deus. É uma temática bastante difícil, pois só fala de Deus quem o conhece. Dele não podemos falar sem conhecer. Esse é um dos motivos porque muitas vezes as pregações não “decolam”. Falamos do que não se conhece e não se vive. Uma das historinhas que giram pelas mensagens que recebemos é daquele homem que negava Deus em uma conferência. Então um senhor começa a comer uma maçã em público e de modo ostensivo. Interrompe seu “lanche” e pergunta ao palestrante ateu: Qual é o sabor de minha maçã? Não sei, pois não a comi, responde o outro. Assim também é Deus. Se não se experimenta, não se pode dizer como Ele é. Assim é Deus, se não o experimentamos, não podemos dizer quem Ele é. Experimentar Deus é conhecê-lo como Alguém e não como uma idéia. O conhecimento intelectual é necessário e útil, mas o experiencial é fundamental. Esse Alguém é uma pessoa concreta à qual me refiro numa condição de vivo e relacionado comigo. Somente depois que fazemos a experiência de Deus é que a espiritualidade “decola”. Esse conhecimento não tem mistérios. É simples, discreto, como o sereno da noite. A cada um Deus se mostra de um modo diferente e próprio. O que precisamos fazer é saber acolher e estar atentos à sua manifestação. Ele se manifesta a todos. No momento em que começo a me preocupar com Ele é que o tenho em minha vida. A partir de então não nos desligamos mais dEle. Ele passa a ser sentido e dar sentido a tudo na vida. 
Alguém que ama 
Que tipo de experiência fazemos? Sentimos em nós mesmos, de modo muito claro que somos amados por Ele. Eu sei que Ele existe porque me ama. Este amor é muito concreto. Sei que Ele é alguém e que está me amando. Tudo muda de sentido. O mais bonito é que, a partir desse fato, não o perdemos mais. Ele faz parte da vida, está costurado ao nosso cotidiano. No amor não há medo, diz S. João. “No amor não há temor, antes, o perfeito amor lança fora o temor” (1Jo 4,18). A segurança da vida parte dessa certeza de que Ele está em minha vida. Claro que os problemas continuam, a gente pode entrar nas escuridões da insegurança ou mesmo do pecado e, por culpa própria. Mas volta-se logo ao equilíbrio espiritual. Depende muito de a gente desenvolver o conhecimento dessa presença. O que mais acontece é que não fazemos caso desse tesouro de vida que temos. A espiritualidade está justamente em desenvolver essa presença revelada e experimentada em nossa vida. 
Alguém que amo 
Para desenvolver essa experiência magnífica de sua presença em nossa vida, temos que ter a coragem de corresponder. E é fácil: bastar corresponder ao amor com amor. Como não vamos amar um Deus que tanto nos amou? Diz Santo Afonso. A correspondência está em saber observar o que já fez por nós, conhecer a finuras da delicadeza de Seu amor. Conhecemos o que Jesus foi e é. É a revelação do amor do Pai. Seguindo o caminho de Jesus vamos lentamente crescendo nessa resposta de amor.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM NOVEMBRO DE 2004

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