Porque nos é caro, porque amamos, sofremos muito com a morte de alguém. É como se nos arrancassem um pedaço. Mas logo passa. Os sinais de luto desapareceram de nossa sociedade que faz de tudo para apagá-los. A falta de solidariedade e até mesmo o desrespeito para com a dor tornou-se um fato normal. Os mortos interessam quando são notícias que dão audiência. Virou um produto de publicidade. Quando assistimos aos noticiários, ouvimos que mataram centenas em um ataque insano ou morreram tantas crianças em um acidente ou um ataque. É notícia. Mas a dor não é considerada. A falta de respeito com a vida e o desrespeito para com a morte assassinaram a alma de nossa sociedade. A Igreja, pela fé do povo de Deus, quer restaurar a figura da morte, colocando-a na Eucaristia, unida ao Cristo que entrega sua vida ao Pai pela vida de todos. Falando a Marta, Jesus diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá” (Jo 11,25). Por isso a Igreja reza pelos mortos porque os crê vivos e crê na possibilidade de nossa comunhão de oração. A Igreja sempre rezou pelos mortos, mesmo com dificuldades para explicar. Rezar pelos mortos é acreditar na vida.
Festa de nossa ressurreição.
Toda celebração é festa. Fazemos então a festa pelos mortos. É o dia em que os cemitérios se enchem de luzes e flores. É sinal de vida. A comunidade reunida reza pelos mortos e canta a ressurreição de Jesus e dos que, pela fé, creram nEle. Paulo escreve: "Como em Adão todos morreram, em Cristo todos reviverão" (1Cor 15,22). "Cristo ressuscitou como primícia de todos os que adormeceram" (20). Os formulários das missas dos mortos (que são 3) ressaltam este aspecto de vida plena, por isso é festa. Jesus é o paraninfo desta festa, pois tem como missão buscar o que estava perdido: "Esta é a vontade do Pai que eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas ressuscite no último dia" (Jo 6,3).
Rezar pelos mortos.
Rezamos pelos mortos porque somos um único corpo, os do Céu, os que passam pela purificação do Purgatório e os que estão na terra. Os santos rezam por nós, nós rezamos pelos mortos. A oração após comunhão reza: "Fazei que vossos filhos, pelos quais oferecemos este sacrifício pascal, cheguem à luz e à paz de vossa casa". Na oração sobre as oferendas da 2ª missa rezamos: "Purificai no sangue de Cristo, pelo poder deste sacrifício, os pecados de nossos irmãos e irmãs falecidos e concedei o pleno perdão do vosso amor, aos que lavastes nas águas do batismo". Na oração pós-comunhão: “Nós vos rogamos, ó Deus, em favor de nossos irmãos falecidos, a fim de que, purificados pelos mistérios pascais, se alegrem com a futura ressurreição”. Por este testemunho da liturgia, acreditamos na ajuda preciosa da oração pelos mortos, para que, purificados possam chegar à ressurreição. É obra de caridade rezar pelos mortos, para que, pelo poder purificador da comunhão fraterna da oração passem definitivamente para a glória do Pai, onde os espera o banquete da comunhão eterna. Rezamos pelos mortos e eles rezam por nós.
Leituras: 2 Macabeus 12.43-46; Sl 26;
1 Coríntios 15,20-23; João 6,37-40.
Ficha:
1. Há uma tentação muito grande de banalizar a morte. A morte é só notícia que passa. A fata de respeito para com a vida levou à perda do sentido da morte. A Igreja, acreditando na vida que permanece, em Cristo, une os mortos à vida e ressurreição de Jesus. Por que crê, reza por eles.
2. A liturgia dos mortos é celebração da ressurreição, pois ressalta o aspecto vida que é aparece nos formulários. É vontade do Pai que eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas que os ressuscite no último dia.
3. Rezamos pelos mortos porque acreditamos na comunhão de fé e amor que existe na Igreja. Pela oração participamos de sua purificação que se realiza no sangue de Cristo. É uma obra de caridade rezar pelos mortos. Depois que morrermos, outros rezarão por nós.
Homilia de Finados
EM NOVEMBRO DE 2004
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