Evangelho segundo São Marcos 9,30-37.
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse;
porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-lo; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará».
Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar.
Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?».
Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior.
Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos».
E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes:
«Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».
Tradução litúrgica da Bíblia
Sermão 58; PL 57, 363
«Quem receber uma destas crianças
em meu nome é a Mim que recebe»
Nós, cristãos, somos o corpo de Cristo e seus membros, como diz o apóstolo Paulo (cf 1Cor 12,27). Aquando da ressurreição de Cristo, todos os seus membros ressuscitaram com Ele: passando pelos infernos, Ele fez-nos passar da morte para a vida. O termo «páscoa» em hebraico significa passagem ou partida. Ora, este mistério é o da passagem do mal ao bem. E que passagem!: do pecado à justiça, do vício à virtude, da velhice à infância. Refiro-me à infância que está ligada à simplicidade e não à idade. Pois também as virtudes têm a sua idade própria. Ontem, a decrepitude do pecado conduzia-nos ao declínio. Mas a ressurreição de Cristo faz-nos renascer para a inocência das crianças: a simplicidade cristã torna sua a infância.
A criança não sente rancor, não conhece a fraude, não ousa agredir. Assim, pois, a criança que é o cristão não se exalta se for insultada, não se defende se for despojada, não devolve os golpes se lhe baterem. O Senhor exige mesmo que ela reze pelos seus inimigos, que entregue a túnica e a capa aos ladrões, e que ofereça a outra face aos que a esbofeteiam (cf Mt 5,39ss).
A infância de Cristo ultrapassa a infância dos homens. Esta deve a sua inocência à fraqueza, aquela à virtude. E ainda é digna de mais elogios: o seu ódio ao mal não emana da impotência, mas da vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário