Evangelho segundo São Mateus 17,1-9.
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte
e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».
Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito.
Então Jesus aproximou-Se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
Tradução litúrgica da Bíblia
abade de Cluny
Sermão 1 para a Transfiguração;PL189,959
«O seu rosto ficou resplandecente
como o Sol»
Não é de espantar que o rosto de Jesus tenha resplandecido como o Sol, pois Ele mesmo era o Sol! Ele era o Sol, mas escondido atrás de uma nuvem. Quando a nuvem se afastou, Ele resplandeceu por instantes. Que nuvem foi essa que se afastou? Não foi a carne em si, mas a fraqueza da carne, que desapareceu por momentos.
Esta nuvem é aquela de que fala o profeta: «O Senhor, montado sobre uma nuvem veloz» (Is 19,1); é a nuvem da carne que cobre a divindade, leve porque tal carne não é má; é a nuvem que dissimula o esplendor divino, leve porque irá elevar-se até ao esplendor eterno. É a nuvem da qual se diz, no Cântico dos Cânticos: «Anseio sentar-me à sua sombra» (Ct 2,3). Leve nuvem, carne do «cordeiro que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29); e, tirado o pecado do mundo, eis que o mundo se eleva às alturas dos Céus, aliviado do peso de todos os seus pecados.
O Sol coberto por esta carne não é aquele que se levanta «sobre os bons e os maus» (Mt 5,45), mas o «Sol de justiça» (Ml 3,20), que se levanta apenas para os que temem a Deus. Estando habitualmente coberta pela nuvem da carne, essa «luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9) brilha hoje com todo o seu esplendor. Hoje, ela glorifica essa mesma carne; mostra-a deificada aos apóstolos, para que os apóstolos a revelem ao mundo.
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