Nasceu em Játiva no dia 13 de março de 1887 no seio de uma piedosa família. Seu tio Joaquim Clement era vigário da paroquia de Santa Tecla, e desde pequena a iniciou na vida espiritual intensa: uma hora de oração, missa e comunhão diária. Desde jovem apresentou uma espiritualidade robusta. Decidiu ser uma apóstola secular, vivendo com intensidade sua condição de membro da Ação Católica e fazendo quanto bem podia ao seu redor.
Terciaria franciscana, Maria dos Sacrários, membro do Apostolado da Oração e da Adoração Noturna, tinha a Eucaristia como centro de sua vida espiritual, amando também singularmente a Liturgia e o decoro da casa de Deus. Era intensamente devota da Virgem Maria, fomentando a obra do Rosário Perpétuo.
Sua vida interior se direcionava nas obras sociais, como o Apostolado Social da mulher, o Sindicato Católico Feminino, dirigindo a Caixa Dotal e a Mutualidade de Enfermas do mesmo. Ela era de economia modesta, porém tinha habilidade para tirar fundos das pessoas a fim de sustentar as obras sociais que desenvolvia.
Quando a revolução de julho de 1936 chegou, Maria foi avisada que corria perigo e que seria melhor ir para um local em que passasse despercebida; ela, porém preferiu ficar em Játiva e abandonar-se a vontade de Deus: “Se for vontade de Deus que me matem, por mais que me esconda me encontrarão, assim sendo, fico aqui”.
No dia 20 de agosto, às três da manhã, os milicianos chegaram a sua casa para prendê-la. Sua mãe, Júlia Mateu, não quis deixá-la sozinha: “Juntas estivemos sempre. Eu te ensinei a amar a Deus e por isso te querem matar. Aonde tu fores eu irei contigo”. Os milicianos insistiram que contra ela não havia nada, que ficasse, mas foi inútil, foi com Maria.
Na obscuridade da noite levaram mãe e filha para um cemitério onde iriam fuzilá-las. Elas iam rezando em voz alta. Exigiram que se calassem, mas elas continuaram suas orações, o que exasperou ainda mais os verdugos. Começaram a golpeá-las com crueldade. Exigiram que elas gritassem “Viva o comunismo!” Retorceram o braço de Maria até que quebrasse e deram bofetadas em Júlia. Elas gritavam: “Viva Cristo Rei!” Diante de sua fortaleza, os milicianos, derrotados, não esperaram chegar ao cemitério e decidiram acabar com elas no caminho. Maria tinha 55 anos e sua mãe Júlia era setuagenária.
Na manhã do dia 21 de agosto, seus familiares foram buscar seus cadáveres, e escreveram: “Achamos o de Maria à beira do caminho com suas roupas, porém ao descobri-lo, suas carnes apareceram amarrotadas pelos golpes, e a cabeça totalmente desfigurada. Apresentamo-nos ao Comité pedindo permissão para enterrá-las. A impressão que o fato produziu em Játiva foi de horror e indignação. Todos atribuíam sua morte o ser ela uma cristã de tanto destaque e tão boa propagandista de sua Religião Católica”.
Foi beatificada em 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II na cerimônia conjunta dos 233 mártires da perseguição religiosa em Valencia nos anos 1936-1939.
Fontes:
«Año Cristiano» - AAVV, BAC, 2003;
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