segunda-feira, 12 de julho de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Guardar a Palavra de Jesus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
O Espírito está sempre presente.
 
O Espírito Santo foi o presente de Páscoa que Jesus nos deu. No momento de sua morte, Ele “dando um alto brado expirou” (Mc 15,37), isto é, deu o Espírito. No dia da Ressurreição, soprando sobre os discípulos, como Deus na criação do homem (Gn 2,7), diz: “recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). No dia de Pentecostes o Espírito é derramado sobre todos os povos ali representados. É o mesmo Dom que se multiplica na vida de Jesus e de seus discípulos. O Espírito foi-nos dado por Jesus para ser a vida de cada um e de todo o povo, de toda a Igreja. O Espírito tem a missão de ensinar: “O Espírito que o Pai enviará em meu nome, Ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos tenho dito” ( Jo 14,26). Tudo o que Jesus foi e fez nos é ensinado pelo Espírito. Nada se perde. Ele dirige a Igreja que está sempre tentada pelas dificuldades como, nos atos dos Apóstolos, na grande confusão criada pelos “judaizantes”. Judaizantes eram aqueles que queriam impor a lei judaica aos cristãos convertidos do paganismo. Os apóstolos diziam “O Espírito Santo e nós, decidimos não vos impor outro fardo além das coisas necessárias” (At. 15,28). Esta presença do Espírito é constante pois ela vem do Pai, a pedido do Filho e não depende de nosso mérito ou bondade. O Espírito está sempre agindo no coração dos fiéis e da Igreja. 
De onde procedem as confusões? 
A Igreja é humana e divina. Como divina, da parte de Deus, tem em seu seio a presença do Espírito que a ilumina, dirige e corrige. Como humana tem a realidade humana; mesmo sendo maravilhosa é marcada pelo pecado. No Apocalipse lemos: “a Cidade Santa, desce do céu, brilhando com a glória de Deus (...) pois a glória de Deus é sua luz e sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap. 21.11.23). Mas, enquanto peregrina, tem suas confusões: “alguns cristãos vindos do judaísmo ensinavam que para se salvar era preciso ser circuncidado. Isso provocou muita confusão” (At 15,1-2). As confusões da Igreja provêm da falta de amor a Jesus, que diz: “aquele que me ama guardará minha palavra” (Jo 14,23). A palavra de Jesus é suficiente para nos orientar. O que ocorre é o acúmulo de palavra, leis e invenções que colocamos sobre o povo, sem ligação com a Palavra de Deus. A primeira leitura é a demonstração de liberdade da Igreja. É o Concílio de Jerusalém. É libertador. É tão aberto que nem entra na lista dos concílios da Igreja. Parece que ditar normas é um prazer na Igreja, desde a cúpula de São Pedro até á capelinha perdida. 
Abertos ao Espírito. 
Agradecemos ao movimento carismático que fez despertar a abertura ao Espírito Santo. Mas não é dono do Espírito como pensam alguns. Alguns provocam confusões. Mas o Espírito é de todos e de cada um do povo de Deus, dado em abundância à Igreja toda. Na medida em que tivermos o amor a Jesus, guardaremos sua Palavra e o Espírito nos ensinará tudo o que Jesus foi e ensinou. Recordará, isto é, fará presente a nós toda a vida e missão e ensinamento de Jesus. Poderemos dizer também: “O Espírito Santo e nós”. Abrir-se ao Espírito é dispor-se à liberdade de viver o evangelho como Jesus ensinou. 
Leituras: Atos 15,1-2.22-29; 
Apocalipse21,10-14.22-23;João14,23-29. 
Homilia do 6° Domingo da Páscoa (16.05)
EM MAIO DE 2004

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