Sempre ouvimos falar do Mistério da Santíssima Trindade. Sempre se diz: “profundo e inexplicável! Mistério é mistério!” Não! É mistério, mas não é estranho, porque faz parte de nosso coração. Pelo amor nos afundamos nele. O amor é a porta do mistério que é para ser vivido e compreendido com a fé e explicado pela inteligência do amor. Tantos santos que tinham pouco estudo, ou quase nada falavam dos mistérios de Deus com facilidade como é o caso de São Geraldo Majella. Jesus disse: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25). Não somente os simples entendem os mistérios. Grandes mestres santos da Igreja e pensadores cristãos de todos os tempos souberam unir seu amor apaixonado pela Trindade a sua inteligência para os explicar as profundezas da fé. A primeira leitura fala da Sabedoria que estava em Deus na criação do mundo (Pr 8,22-31). A humildade faz a grandeza dos sábios e lhes garante a verdade. É a verdadeira sabedoria. A humildade é a grande virtude que existe nos relacionamentos da Trindade. Santo Tomás um grande intelectual, mas tão humilde e tão belo, explicava sobre Deus.
Deus - comunhão.
Trindade é comunhão - comunidade de amor. Este é seu retrato de família. É certo que podemos explicar ao infinito o mistério inefável. Contudo, para conhecer uma pessoa, uma família, um lugar, é preciso ir lá. O livro ajuda a entender o que é a família, mas se você mora com ela, tem um conhecimento muito mais claro e real. Assim é com a Trindade Santa. Entrando pela fé e pelo amor na sua vida divina, somos acolhidos e realizamos o grande projeto de Deus: “Quem me ama, guarda meus mandamentos. Meu Pai o amará e nós viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14,23). Assim fazemos esta comunhão imensa com Deus, pois a vida de Deus é comunhão, unidade e amor. Participamos desta comunhão. Pedro escreve em sua carta: “somos participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4). A beleza da comunhão trinitária é o acolhimento humilde. O Pai se inclina para abraçar o Filho, de modo particular o Filho pendente da cruz. O Filho acolhe o amor do Pai na sua obediência filial. O Espírito Divino é o amor de união entre o Pai e o Filho. É desta comunhão que somos convocados a participar. Jesus, pelo Espírito coloca-nos neste círculo amoroso. Participamos assim deste dinamismo, pois o amor de Deus nos atrai a si.
Aprendendo da Trindade.
O amor trinitário é escola e modelo. É a condição necessária para criarmos a comunidade. Ela é um fato social, mas é mais que isso. É amor da Trindade. Por isso dizemos: “a comunhão do Espírito Santo esteja convosco! – O amor de Cristo nos uniu!” O amor em um só laço de união entre Pai e Filho é o mesmo que se realiza em nós e na comunidade. Como a Trindade é acolhimento humilde e entrega incondicional, o abraço do Pai, do Filho e do Espírito Santo, num único gesto, é a base de nosso abraço fraterno.
Leituras: Provérbios 8,22-31; Salmo 8;
Romanos 5,1-5; João 16,12-15.
Homilia da Festa da Santíssima Trindade (06.05)
EM MAIO DE 2004
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