sábado, 3 de julho de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - CULTO DOS SANTOS

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Culto dos Mártires
 
Deus é o Santo. Jesus é o Santo de Deus. A santidade é o dom de Deus a seu povo (Êx 19,5-6). Santo é um qualificativo do povo de Deus. Já no século II esse nome era dado aos mártires. Na Igreja já celebrava o aniversário de sua deposição (sepultura) e do seu nascimento para o Céu. Recomendava-se a sua intercessão junto ao Senhor. Assim nascia o culto aos mártires, seguido, depois pelo culto dos santos. Notamos que esse culto está unido ao martírio de Jesus. Esse modo de celebrar os santos tem ligação com o culto dos mortos que já está presente na pré-história. Entre os romanos havia o “refrigerium” que era um banquete fúnebre feito junto ao túmulo. Naquilo que não era contra a fé, foi seguido pelos cristãos que deixaram por escrito nas lápides o pensamento cristão sobre a ressurreição. Os cristãos, junto a esses costumes, passaram a celebrar a Eucaristia junto dos túmulos. Sem destruir a cultura passaram a celebrar a morte e a sepultura cristã. Aos mártires era dado o nome de testemunha da fé. Há uma união com Cristo morto e ressuscitado. Lembramos do martírio de Estevão que morre como Cristo, perdoando os inimigos. O culto aos mártires está unido à morte de Cristo. Chegaram à plenitude da vida e são, assim, intercessores. Cada ano comemoravam seu martírio com júbilo e alegria. A Eucaristia era festiva, como testemunham os antigos formulários. 
Culto aos santos 
Os cristãos que foram renomados, permaneceram na lembrança religiosa do povo. Lembramos os apóstolos, os mártires que marcaram por suas vidas e martírios, como Pedro e Paulo, Cipriano, Policarpo de Esmirna, Inácio de Antioquia. O povo soube distinguir entre adoração e veneração. O santo mártir era estímulo a viver a fé. Suas relíquias foram levadas para as basílicas para sua veneração. Os milagres davam credibilidade ao culto. As igrejas se construíam sobre o túmulo de um mártir. No Apocalipse diz: “Vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos pela Palavra”(Ap. 6,9). Não estaria aqui a razão de se colocar relíquias no altar? Ou o Apocalipse recolhe essa tradição? No culto das imagens podemos entender que, como não temos uma relíquia, podemos representá-la por uma imagem. A lembrança de um santo, junto de Jesus e Maria, se torna ritmo e alimento da oração. Vieram depois os calendários, martirológios que se tornam literatura sobre os santos. Como não se havia documentos, criaram-se lendas que eram um tipo de catequese popular. Eram as vidas dos santos. Com o tempo os calendários das festas eram ampliados e depois purificados de acordo com os estudos mais acurados. Depois do Concílio Vaticano II se fez uma reforma do calendário, tirando o que era lendário. 
Pastoral do culto aos santos 
O processo de canonização dos santos procura a segurança ao culto. João Paulo II estimulou as Igrejas a suscitarem os santos locais. O calendário atual faz memória de santos representativos de todas as Igrejas. Cada país pode ter o seu calendário. Pela veneração dos santos somos conduzidos a ir ao Santo que é Jesus Cristo. O santo o é porque foi um imitador de Cristo. Por isso se procurou vê-los como modelo e intercessores valiosos, imagens de Cristo. Depois do Concílio houve uma diminuição da veneração dos santos para centralizar em Cristo. É preciso evangelizar as devoções para tirar do modelo dos santos, como fazer o nosso caminho de santidade. Mas não se pode ter medo do culto dos santos. Por eles se manifesta o poder de Cristo e neles Deus é louvado.

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