Daniel é considerado uma figura muito importante no Cristianismo, principalmente porque alguns elementos de seu livro assumiram um significado cristológico muito forte, como a Profecia das Setenta Semanas que anunciaria, segundo alguns teólogos, o nascimento e morte de Jesus Cristo. O Novo Testamento faz uma referência a Daniel em Mateus 24:15, em referência à abominação da desolação.
“ Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes ”.
Daniel também é citado no primeiro livro dos Macabeus relembrando o episódio da cova dos leões. A Epístola aos Hebreus também faz uma alusão ao profeta.(Hebreus 11:32-34:JPS)
Comemoração litúrgica
A Igreja Ortodoxa Oriental celebra a festa de São Daniel, o Profeta junto com a festa dos Três Jovens no Domingo dos Santos Patriarcas, que geralmente cai entre 11 e 17 de dezembro, ou seja, o último domingo antes do Natal. A profecia do capítulo 2 de seu livro, sobre a pedra que destruiu o ídolo dos pés de barro, é frequentemente usada na hinologia como metáfora para a Encarnação. Assim, a "pedra" é Cristo e aquilo que "não foi cortado por mão humana" refere-se ao nascimento virginal, a Virgem Maria ou Teótoco, sendo a "montanha não cortada". Também é comemorado no Calendário dos Santos da Igreja Luterana do Missouri junto com os Três Jovens no dia 17 de dezembro, coincidindo com a celebração ortodoxa.
Na Igreja Católica, seu aniversário é comemorado em 21 de julho.
A Igreja Copta, por sua vez, celebra-o no dia 23 de Baramhat, equivalente a 3 de abril.
Islamismo
Daniel (árabe: دانيال, Danyal) não é mencionado pelo nome no Alcorão, mas há relatos de sua condição de profeta na literatura muçulmana posterior, que conta como ele foi resgatado dos leões com a ajuda do profeta Jeremias (em Bel e o Dragão é o profeta Habacuque que desempenha esse papel) e interpretou o sonho do rei de uma estátua feita de quatro metais destruída por uma pedra do céu.Todas as fontes, clássicas e modernas, o descrevem como um homem santo e justo. Abdullah Yusuf Ali (1872–1953) em seu comentário do Alcorão diz:
Daniel foi um homem justo de linhagem principesca e viveu por volta de 620–538 a.C. Ele foi levado para a Babilônia em 605 a.C. por Nabucodonosor, o assírio, mas ainda vivia quando a Assíria foi derrubada pelos medos e persas. Apesar do "cativeiro" dos judeus, Daniel desfrutou dos mais altos cargos de Estado na Babilônia, mas sempre foi fiel a Jerusalém. Seus inimigos (sob o monarca persa) conseguiram que uma lei criminal fosse aprovada contra qualquer um que "fizesse uma petição de qualquer deus ou homem por 30 dias", exceto o rei persa. Mas Daniel continuou fiel a Jerusalém. "Estando as janelas abertas em seus aposentos em direção a Jerusalém, ele se ajoelhava três vezes por dia, orava e dava graças a seu Deus, como antes." — Abdullah Yusuf AliThe Holy Qur'an: Text, Translation and Commentary
No Kitab al-Kafi, o Imam Ali ibn Husayn Zayn al-Abidin afirma que Alá revelara a Daniel que, "Os mais odiados entre minhas criaturas são os ignorantes que desrespeitam os estudiosos e não os seguem. Os mais amados por Mim em Meus servos são os piedosos que trabalham duro para ter direito a maiores recompensas, que sempre ficam perto dos estudiosos, seguem as pessoas que se destacam e aceitam (os conselhos de) pessoas de sabedoria".
As tradições islâmicas dizem que ele pregou no Iraque durante os reinados dos reis persas Lahorasp e Ciro, o Grande, e ensinou a eles a unidade de Deus e exortou o povo a voltar para Deus. O historiador Al Tabari conta que milhares de pessoas que morreram em certa cidade por uma epidemia foram ressuscitadas mil anos depois por Daniel; tal episódio historiciza a visão do profeta Ezequiel no capítulo 37.[66] Ciro havia encarregado o profeta de ensinar a religião verdadeira. Quando Daniel lhe pediu permissão para reconstruir o Templo de Jerusalém e voltar para a Palestina, o rei concordou com primeiro pedido, mas se recusou a deixá-lo ir, alegando que “se eu tivesse mil profetas como você, faria com que todos ficassem comigo”. Em outra tradição, no entanto, o profeta é considerado rei de Israel após o retorno do Cativeiro na Babilônia. Daniel também é creditado pela invenção da geomancia (“ilm al-raml”) e a autoria do livro “Usul al-Ta'bir” (Os Princípios de Interpretação dos Sonhos). Ibn Taymiyya, em seu livro Al Jawaab, escreve muito sobre Daniel anunciando a vinda de Muhammad (Maomé).
Uma tradição mulçumana considera que haviam dois homens chamado Daniel na Bíblia Hebraica. Daniel, o Velho, sendo o sábio mencionado no Livro de Ezequiel, que teria vivido entre a época de Noé e Abraão e foi o criador das ciências citadas acima; e Daniel, o Jovem, que viveu no tempo do Cativeiro Babilônico, cuja vida está registrada no Livro de Daniel, e segundo uma tradição era tio materno de Ciro, cuja mãe era judia. Daniel, o Jovem, é creditado pela autoria do livro Kitab al-Jafar (Livro da Adivinhação) e muitas profecias relativas aos reis da Pérsia. No entanto, alguns estudiosos como Ibn Kathir rejeitam a distinção e trataram ambos "Daniéis" como uma mesma pessoa.[68] De acordo com Muhammad ibn Jarir, Nabucodonosor foi quem ordenou que Daniel fosse lançado na cova dos leões. Uma cova foi cavada para ele; o profeta juntamente com cinco companheiros foram jogados na cova. Algum tempo depois, o rei se aproximou da cova e viu sete pessoas em vez de seis. A sétima pessoa era um anjo, que deu um golpe no rosto de Nabucodonosor e com isso o transformou em fera.
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