Evangelho segundo São Mateus 14,1-12.
Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar da fama de Jesus
e disse aos seus familiares: «Esse homem é João Batista, que ressuscitou dos mortos. Por isso é que nele se exercem tais poderes miraculosos».
De facto, Herodes tinha mandado prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe.
Porque João dizia constantemente a Herodes: «Não te é permitido tê-la por mulher».
E, embora quisesse dar-lhe a morte, tinha receio da multidão, que o considerava como profeta.
Ocorreu entretanto o aniversário de Herodes e a filha de Herodíades dançou diante dos convidados. Agradou de tal maneira a Herodes,
que este lhe prometeu com juramento dar-lhe o que ela pedisse.
Instigada pela mãe, ela respondeu: «Dá-me agora mesmo num prato a cabeça de João Batista».
O rei ficou consternado, mas, por causa do juramento e dos convidados, ordenou que lha dessem
e mandou decapitar João no cárcere.
A cabeça foi trazida num prato e entregue à jovem, que a levou a sua mãe.
Os discípulos de João vieram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura. Depois foram dar a notícia a Jesus.
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade cisterciense
3.º Sermão para a natividade de
João Batista,SC202
A grandeza de João Batista
O que dá grandeza a João, aquilo que faz dele grande entre os grandes, foi ter levado ao extremo as suas virtudes, acrescentando-lhes a maior de todas, a humildade. Sendo considerado superior a todos, ele colocou acima de si, de forma espontânea e com desvelo de amor, Aquele que é o mais humilde de todos; e de tal maneira O colocou acima de si que se declarou indigno de Lhe descalçar as sandálias (Mt 3,11).
Devem os homens maravilhar-se, pois, por João ter sido predito pelos profetas, por ter sido anunciado por um anjo, por ter nascido de pais tão santos e nobres, ainda que idosos e estéreis, por ter preparado o caminho ao Redentor no deserto, por ter feito voltar o coração dos pais a seus filhos e o dos filhos a seus pais (cf Lc 1,17), por ter sido digno de batizar o Filho, por ter ouvido o Pai, por ter visto o Espírito Santo em forma corpórea (cf Lc 3,22), por ter lutado até à morte pela verdade e por ter sido mártir de Cristo antes da Paixão, para ser o percursor de Cristo até à morada dos mortos. Quanto a nós, irmãos, é a sua humildade que nos é proposta como objeto de admiração, mas também de imitação. A humildade incitou-o a não querer passar por grande, quando podia tê-lo feito. De facto, este fiel «amigo do Esposo» (Jo 3,29), que amava o seu Senhor mais do que a si próprio, desejava «diminuir» para que Ele pudesse «crescer» (Jo 3,30), e quis tornar maior a glória de Cristo fazendo-se a si próprio mais pequeno. Deste modo, pôde exprimir com a sua conduta o que disse o apóstolo Paulo: «Não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor» (2Cor 4,5).
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