PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA MISSIONÁRIO REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
Felizes os convidados para a ceia do Senhor! Na Escritura sempre encontramos o acontecimento de um banquete ligado à disposição de Deus de estar conosco e nos encontrar em um convívio. A intimidade de um convívio com Deus vai mais longe e passa à união mística que chamamos impropriamente de experiência de Deus. Não podemos expressar o que seja a experiência, porque é um fato individual e indecifrável. Pelo fato de ser difícil a explicação, acabamos por dizer que é algo que não se refere a mim. Apesar desta opinião, a experiência de Deus na liturgia é aberta a todos e perfeitamente acessível. Precisamos compreender como se faz esta experiência. Ela tem diversas fontes e conduz sempre a provar como é bom o Senhor!
Fontes da experiência de Deus na liturgia.
Falar de experiência de Deus não é imaginar algo completamente fora do alcance humano. A partir da Encarnação do Filho de Deus, tudo ficou muito à mão. Na liturgia, continuada encarnação, temos diversos aspectos: primeiro a experiência de Deus que é proporcionada pelos ritos sacramentais com suas palavras e sua sacramentalidade que realiza aquilo que simboliza. Temos a seguir a experiência que nasce dos sinais materiais da celebração. O toque dos sentidos na matéria do sacramento tem sua reação espiritual, pois são o que era a carne física de Jesus que nos colocava em contato direto com a divindade. Temos o aspecto do irmão que, ao meu lado, forma a assembléia, pois “onde dois ou três estão reunidos em meu nome eu estou no meio deles”. Celebrar ao lado do outro, mesmo desconhecido é uma fonte de encontro com Deus. Temos a experiência da presença do Espírito em cada um de nós. Ele reza em nós, mesmo quando não sabemos o que dizer. É necessário estar aberto e feliz com a presença deste Dom do Pai pedido pelo Filho. Ele nos instrui quanto à Palavra e nos fornece a graça do Sacramento. Podemos dizer que temos uma fonte no local físico onde estamos celebrando. Jacó já dizia: “Este lugar é terrível, é casa de Deus e porta do Céu” (Gn 28,17). Como as pedras celebram conosco, são elementos de experiência. Não são também vazios os gestos, os cantos e os movimentos. A pessoa inteira é que celebra. Nenhum sentido está ausente. Assim, com corpo e mente participamos da celebração. Ninguém passa pela liturgia sem ser “tocado” por Deus
Experiência que Deus faz de nós.
A experiência não depende somente de uma vontade de experimentar, mas também da vontade de Deus que quer nos experimentar e saborear para poder dizer quanto Lhe somos agradáveis. É um mistério, isto é, realidades que aprofundamos sempre mais. Não nos esqueçamos de que Deus sente grande alegria em estar conosco, como nos relata o livro dos Provérbios: “Minhas delícias são estar com os filhos dos homens” (Prov 8,31). Por isso Santo Afonso afirma no seu livro Falando familiarmente com Deus: “O coração do homem é o paraíso de Deus” . Podemos assim compreender que a celebração litúrgica, que tem tanta riqueza de experiência, tem como ponto de encontro também o Deus que nos experimenta, nos prova e nos anima a provar quanto Ele é bom.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2004
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