domingo, 6 de junho de 2021

Homilia do 10ºDomingo do Tempo Comum (06.06.21)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
“No Senhor, toda Graça” 
 Fonte do mal 
Encerramos o Tempo Pascal e retomamos o Tempo Comum. Agora não celebramos um acontecimento da vida de Cristo. E sim, o Cristo em seu mistério e o ser humano no mistério de Cristo. O salmo mostra nossa realidade: “De fundos abismos clamo a Vós, Senhor... No Senhor ponho minha esperança” (Sl 129). Parece que hoje somos colocados diante do problema do Mal. Lemos no texto da queda como o mal penetra no coração das pessoas e leva à rejeição do bem que é Jesus. O que é mais sagrado é pervertido até chegar à impossibilidade do perdão. Somos convocados a refletir sobre o mal. Qual é sua origem? Ele não é um concorrente de Deus, como um deus que destrói o homem. Deus não é o criador do Mal. Como é que surgiu? Parece até que é anterior ao homem. Vem simbolizado na serpente. É claro que isso tudo é uma linguagem para explicar um sentido aos que viviam no tempo do autor sagrado. A narrativa tem o significado no seu conteúdo e não na história. Não se trata de um fato de um tempo, mas de uma realidade que nos persegue. O mal não é senhor do homem. Mas nos cerca. Estamos entre o bem e o mal. Satanás, a serpente atrai. Qual a tentação? Ser igual a Deus. Sendo o homem livre, esse mal está presente ao homem. Deus disse a Caim: “O pecado está à sua porta. Compete a você, dominá-lo” (Gn 4,7). O mal existe, atrai e envolve, levando-nos à cegueira, como os doutores da lei. Dizer que Deus provoca o mal é um pecado que não procura o perdão. 
Olhar o invisível 
Se por um lado há o mistério do mal, por outro, temos o mistério da graça que é Jesus Cristo. Paulo nos ensina que a fragilidade humana não é o fim: “Por isso não desanimemos. Mesmo se nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai se renovando, dia a dia” (2Cor 4,16). O mal não é senhor do homem e da mulher. Podemos escolher o mal. Mas podemos escolher o bem. “Estamos com nossos olhares voltados para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (2Cor,4,18-). A dimensão frágil do ser humano, com grande tendência para o mal, tem na graça sua maior força. Nela podemos recompor a vida e nos organizar para viver intensamente o projeto de Deus. O que ocorreu com os doutores da lei, fariseus e outros foi se colocarem iguais a Deus no julgamento das pessoas com a luz do mal. Todos esperavam um Messias, mas que fosse de acordo com seus modelos. Jesus se manifesta com o projeto de tirar todo o poder de satanás que dominava os corações a ponto das pessoas julgarem a Deus atribuindo os poderes de Jesus a poderes do mal. Esse é o pecado contra o Espírito Santo (Mc 3,22). Deus só faz o bem 
Tua mãe e teus irmãos 
No Evangelho de hoje aparece duas vezes a família de Jesus. Jesus apresenta sua família e a família ampliada como lugar de se viver bem no meio da imensidão de males. A família que Deus criou deixou-se invadir pelo mal. Jesus propõe novamente o projeto de Deus para vencer o vivendo a Palavra. Nele podemos criar a nova família que vive o bem. Não exclui seu ser humano. Propõe o novo modo de ser: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,35). A família é uma proposta de se viver intensamente a vida nova. Ela se forma a partir da escolha que fazemos de rejeitar o mal e procurar o bem que é Jesus, bondade de Deus. 
Leituras: Gênesis 3,9-15; Salmo 129; 
2ª Cor 4,13-18.5,1; Marcos 3,20-35.
1. O mal não é um fato de um tempo, mas uma realidade que nos persegue 
2. A fragilidade do ser humano, com a tendência para o mal, tem na graça sua maior força. 
3. Jesus propõe novamente o projeto de Deus: Viver a Palavra.
Minhoquinha do mal 
Vemos que o mal vai penetrando a realidade. Essa minhoquinha do mal não aduba a terra, mas a torna infrutífera. O mal penetra tudo e tem muita força, exigindo que se lute com muita garra para exterminá-lo. Temos essa esperança de acolher o bem e fazer tudo frutificar. No paraíso terrestre, Eva deixou-se enganar. Dentro dela já havia desejos ambiciosos de meter o nariz aonde não tinha sido convidada. Pior é que, além de fazer o mal, complica a vida dos outros. Aí começa o jogo do empurra. O castigo não é algo de mal que Deus joga em nós, mas escolhas que fazemos e não dão certo. Das coisas ruins podemos tirar coisas boas. Dos males que sofremos, podemos dar um sentido novo à vida e a tudo que nos cerca.

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