sábado, 15 de maio de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - Encarnação da Igreja

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Nos caminhos da encarnação
Estamos nos preparando para as alegrias natalinas. Vemos já os sinais do Natal. Isso nos leva a sentir que o Natal veio para ficar. Realmente: a encarnação do Filho de Deus é um fato definitivo. Não mais se separam a humanidade e a divindade da pessoa do lindo Menino nascido em Belém. Para nós também a Encarnação é definitiva. Estamos vivendo um tempo novo que se iniciou naquele sim de Maria. Este tempo novo tem conseqüências felizes para a humanidade: rompeu-se o véu da história e ela se tornou espaço para a manifestação de Deus. Inicia-se a definitiva instauração do Reino de Deus que lentamente vai tomando conta do mundo. O amor por fim reinará, pois nasceu como uma semente, foi morto e explodiu vitoriosamente na Ressurreição. Este tempo de Deus em nosso tempo chama-nos a atenção para as conseqüências da encarnação para nosso modo de viver e ser Igreja. A Igreja não é só uma sociedade religiosa que se rege por estatutos sociais e jurídicos. É algo mais profundo. Ela é uma expressão do Reino de Deus que deve ser anunciadora desta nova realidade. Para que ela compra sua missão, deve, também ela encarnar-se no mundo do mesmo modo como foi a encarnação do Filho de Deus. 
Encarnar-se como Jesus. 
Quando dizemos que Jesus se fez homem, não nos lembramos de que ele se fez um homem de um determinado tempo, em determinada povo e cultura. Anunciando seu evangelho, trouxe com ele as cores de sua cultura e povo. Do mesmo modo como Jesus se encarnou, assim também a Igreja deve se encarnar entre povos aonde vai anunciando o evangelho. Se assim não faz, perde sua primeira finalidade: Tornar acessível a cada pessoa a revelação de Deus em Jesus, como Ele o fez. Podemos ver pela história, como foi difícil realizar esta proposta primeira da Encarnação do Filho. E mesmo agora a Igreja sente dificuldades imensas nesta encarnação. Há sempre a busca de impor uma cultura e um modo de ser. Não devemos renunciar às verdades fundamentais do evangelho. A Igreja anuncia a mensagem de Jesus e não a si mesma, ou uma cultura dominante, ou uma filosofia e até mesmo teologia de um tempo e à estrutura que se eterniza. É conseqüência da Encarnação. Se não se adequar às culturas, pode perfeitamente trair o anúncio do Evangelho. Jesus anunciou dentro de uma cultura, mandando que fizéssemos a mesma coisa. É preciso falar a língua da gente. 
A Igreja que Jesus quer. 
Dentro desta reflexão, devemos pensar as estruturas da Igreja, como feitas a partir das diversas realidades em que vivemos, sem trair o evangelho para satisfazer a interesses. Por exemplo: na liturgia temos tantos elementos incompreensíveis que pertencem a outros tempos. Por que não repensar? A preocupação é cumprir normas. No campo da linguagem: temos uma linguagem que não é entendida pelo povo. É preciso dialogar com todas as culturas para delas recolher o que há de bom e santo e apresentar a alegre noticia da presença de Deus no mundo na encarnação de seu Filho. Assim o Natal sai do dia 25 de dezembro e invade todo ano. Feliz encarnação, Igreja!
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM DEZEMBRO DE 2003

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